2. Defesa. A palavra grega é apologia. O sentido é
este: embora tenhamos muito cuidado, podemos cair no pecado devido à força da
tentação. Ora, nesse caso, o crente arrependido não deixa o pecado supurar em
sua alma; antes, julga a si mesmo por causa de seu pecado. Derrama lágrimas
perante o Senhor. Clama por misericórdia em nome de Cristo e não O deixa,
enquanto não obtém o seu perdão. Assim, em sua consciência, ele é defendido da
culpa e se torna capaz de criar uma apologia para si mesmo contra Satanás.
4. Temor. Um coração sensível é sempre um coração que teme. O
penitente sentiu a amargura do pecado. Este vespa o ferrou, e agora, tendo
esperança de que Deus está reconciliado, ele teme se aproximar novamente do
pecado. A alma penitente está cheia de temor. Tem medo de perder o favor de
Deus, que é melhor do que a vida, e receia que, por falta de diligência, fique
aquém da salvação. A alma penitente teme que, depois de amolecido o seu
coração, as águas do arrependimento sejam congeladas, e ela seja endurecida no
pecado novamente. “Feliz o homem constante no temor de Deus” (Pv 28.14)... Uma
pessoa que se arrependeu teme e não peca; uma pessoa que não tem a graça de
Deus peca e não teme.
5. Desejo intenso. Assim como o bom tempero estimula o
apetite, assim também as ervas amargas do arrependimento estimulam o desejo. O
que o penitente deseja? Ele deseja mais poder contra o pecado, bem como ser
livre deste. É verdade que ele está livre de Satanás; mas anda como um
prisioneiro que escapou da prisão com algemas nas pernas. Ele não pode andar
com liberdade e destreza nos caminhos de Deus. Deseja, portanto, que as algemas
do pecado sejam removidas. Ele quer ser livre da corrupção. Clama nas mesmas
palavras de Paulo: “Quem me livrará do corpo desta morte?” (Rm 7.24). Em
resumo, ele deseja estar com Cristo, assim como tudo deseja estar em seu devido
lugar.
6. Zelo. Desejo e zelo são colocados lado a lado a fim de mostrar
que o verdadeiro desejo se manifesta em esforço zeloso. Oh! como o crente
arrependido se estimula nas coisas pertinentes à salvação! Como se empenha para
tomar por esforço o reino de Deus (Mt 11.12)! O zelo incita a busca pela
glória. Ao se deparar com dificuldades, o zelo é encorajado pela oposição e
sobrepuja o perigo. O zelo faz o crente arrependido persistir na tristeza santa
mesmo diante de todos os desencorajamentos e oposições. O zelo desprende o
crente de si mesmo e leva-o a buscar a glória de Deus. Paulo, antes de
sua conversão, era enfurecido contra os santos (At 26.11). Depois da
conversão, ele foi considerado louco por amor a Cristo: “As muitas letras te
fazem delirar!” (At 26.24). Paulo tinha zelo e não delírio. O zelo causa fervor
na vida espiritual, que é como fogo para o sacrifício (Rm 12.11). O zelo é um
estímulo para o dever, assim como o temor é um freio para o pecado.
7. Vindita. Um crente verdadeiramente arrependido persegue os seus
pecados com uma malignidade santa. Busca a morte dos pecados como Sansão queria
vingar-se dos filisteus pelos seus dois olhos. O crente arrependido age com
seus pecados da mesma maneira como os judeus agiram com Cristo. Ele lhes dá fel
e vinagre para beberem. Crucifica as suas concupiscências (Gl 5.24). Um
verdadeiro filho de Deus busca a ruína daqueles pecados que mais desonram
a Deus... Com o pecado, Davi contaminou o seu leito; depois, pelo
arrependimento, ele inundou seu leito com lágrimas. Os israelitas pecaram pela
idolatria e, posteriormente, viram como desgraça os seus ídolos: “E terás por
contaminados a prata que recobre as imagens esculpidas e o ouro que reveste as
tuas imagens de fundição” (Is 30.22)... As mulheres israelitas que haviam se vestido
à moda da época e, por orgulho, tinham abusado do uso de seus espelhos
ofereceram-nos depois, tanto por zelo como por vingança, para o serviço do
tabernáculo de Deus (Êx 38.8). Com o mesmo sentimento, os mágicos... quando se
arrependeram, trouxeram seus livros e, por vindita, queimaram-nos (At 19.19)
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