introdução
“Porque nada me propus
saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado.” (1Co 2:2)
Paulo era um homem de muita
determinação: tudo o que ele empreendia levava-o a cabo com todo o seu coração.
Se o ouvias dizer “Eu me tenho proposto…”, podias estar seguro de um vigoroso
curso de ação. “Mas uma coisa faço” era sempre o seu lema. A unidade da sua
alma e uma poderosa determinação eram as principais características do seu
caráter. Anteriormente ele havia sido um grande opositor de Cristo e da Sua
cruz, e havia mostrado a sua oposição mediante ferozes perseguições. Não era de
surpreender que quando ele se tornou um discípulo deste mesmo Jesus, a Quem ele
havia perseguido, o fizesse de maneira ardente e pusesse todas as suas
faculdades ao serviço da pregação de Cristo crucificado.
A
sua conversão foi tão notável, tão completa e tão radical, que era natural
vê-lo tão cheio de energia pela Verdade de Deus, como antes tinha sido seu
violento inimigo. Um homem tão íntegro, como era o Apóstolo Paulo, tão
completamente capaz de concentrar todas as forças — tão inteiramente entregue à
fé de Jesus— tinha de incorporar-se à causa Dele com todo o seu coração, com
toda a sua alma e com toda a sua força, e disposto a não saber de nada mais,
exceto do seu Senhor crucificado. Todavia, não penseis que o Apóstolo era um
homem que apenas absorvia facilmente um só pensamento. Paulo era, acima da
maioria dos homens, alguém que raciocinava, era calmo, judicioso, franco e
prudente.
Via
as implicações e as relações das coisas, e não dava importância aos assuntos
triviais. Talvez, até além do que era perfeitamente justificável, ele chegou a
ser tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns, e,
portanto, qualquer resolução que tomasse, tomava-a, só depois de consultar-se
com sabedoria. Paulo não era um fanático do tipo que pode ser comparado a um
touro que fecha os seus olhos e investe de frente, sem ver nada do que está à
sua direita ou à sua esquerda — ele via com calma, com quietude, tudo o que
estava ao seu redor, e, ainda que no fim se lançasse em linha reta para o seu
único objetivo, fazia-o com os seus olhos bem abertos, sabendo perfeitamente
que o que fazia, era o melhor e o mais sábio em favor da causa que ele desejava
promover.
Se,
por exemplo, em Corinto se tivesse requerido que o seu ministério começasse com
a proclamação da unidade da Deidade ou com a reflexão filosófica acerca das
possibilidades de que Deus Se encarnasse — se estes tivessem sido os planos
mais sábios para dar a conhecer o reino do Redentor— Paulo tê-los-ia adotado.
Mas, tendo-os ele considerado atentamente, e uma vez que os examinou com
supremo cuidado, concluiu que nada se podia conseguir com uma pregação indireta,
apresentando a Verdade pela metade. Portanto, decidiu prosseguir de frente,
promovendo o Evangelho, mediante a proclamação do Evangelho! Que os homens
escutassem, ou que se abstiveram de escutar, ele resolveu ir ao grão de uma
vez, e pregar a Cruz, na sua nua simplicidade.
Em
vez de saber muitas coisas que o podiam conduzir ao tema principal, não quis
saber de nada em Corinto, senão a Jesus Cristo, e Este crucificado. Paulo
poderia ter dito: “Vou preparar o terreno e educar as pessoas até um certo
ponto, antes de apresentar o meu tema principal. Descobrir a minha verdadeira
intenção desde o começo pode resultar como o desdobramento da rede à vista dos
pássaros, o que não faz senão afugentá-los. Serei cauteloso e reticente e
levá-los-ei com astúcia, atraindo-os à busca da Verdade de Deus.” Mas Paulo não
fez assim! Avaliando completamente a situação como um homem prudente deve
fazê-lo, chega a esta decisão: que ele não saberá nada entre eles, exceto a
Jesus Cristo, e Este crucificado.
Seria
muito bom que a “cultura” que escutamos nestes dias, e o tão celebrado
“pensamento moderno” chegassem à mesma conclusão! Este teólogo tão renomeado e
erudito, depois de ler, tomar notas, aprender e assimilar no coração tudo como
poucos homens poderiam fazê-lo, chegou a isto, como a essência de tudo — “Estou
determinado a não saber nada entre vós, senão a Jesus Cristo, e Este
crucificado.” Permita Deus que a habilidade crítica dos nossos contemporâneos e
as suas laboriosas considerações os levem a essa mesma conclusão, pela bênção
do Espírito Santo.
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