por Charles Haddon Spurgeon.
II. Desta maneira
julguei o caráter, e foi culpado; agora tenho de DECLARAR A SENTENÇA.
Os ministros de Deus
não gostam nada de um trabalho como este. Eu preferiria deter-me neste púlpito
e pregar vinte sermões sobre o amor de Jesus, que pregar um como este. Muito
raramente toco este tema, pois não creio que seja necessário fazê-lo
frequentemente; mas, sinto que se estas coisas se guardassem completamente no
fundo, e a Lei não fosse pregada, o Senhor não abençoaria esse Evangelho; pois
Ele quer que ambos os temas sejam pregados, na sua medida, e cada um deve ter a
sua própria proeminência. Agora, portanto, ouvi-me enquanto vos digo, cheio de
tristeza, qual é a sentença contra todos vós que estais sem Cristo, no dia de
hoje.
Pecador, tu és maldito
neste dia. Tu és maldito, não por algum feiticeiro cujo bruxedo imaginário
aterra unicamente no ignorante. Tens sido amaldiçoado, não por algum monarca
terrestre que poderia enviar as suas tropas contra ti, e apoderar-se
rapidamente da tua casa e do teu patrimônio. Maldito! Oh, que terrível coisa é
uma maldição de qualquer tipo! Que coisa tão assustadora é a maldição de um
pai. Temos ouvido de alguns pais que, conduzidos à loucura pela conduta
desobediente e ofensiva de seus filhos, têm alçado as suas mãos ao Céu, e têm
implorado uma maldição, uma maldição fulminante sobre os seus filhos. Não
podemos desculpar o ato insensato e irrefletido desses pais. Não poderíamos
eximi-lo de pecado; mas, oh, a maldição de um pai deve ser horrenda. Não posso
imaginar o que seria ser amaldiçoado pela pessoa que me engendrou. Certamente
apagaria a luz do sol da minha história para sempre, se fosse merecida.
Mas, ser amaldiçoado por Deus: não tenho palavras para vos
dizer o que deve ser isso. “Oh, não,” dirás, “isso pertence ao futuro; não nos
importa a maldição de Deus; não está caindo sobre nós agora.” Não, alma, sim
está caindo. A ira de Deus está sobre ti, até mesmo agora. Ainda não chegaste
ao ponto de conhecer a plenitude dessa maldição, mas maldito és nesta mesma
hora. Ainda não estás no Inferno; ainda Deus não Se agradou de fechar as
entranhas da Sua compaixão, e te arrojou para sempre da Sua presença; porém,
apesar de tudo isso, és maldito. Busca a passagem no livro de Deuteronômio, e
comprova como a maldição é algo que está presente no pecador. No capítulo 28 de
Deuteronômio, no versículo 15 e seguintes, lemos tudo isto como a sentença do
pecador: “Maldito serás tu na cidade,” onde realizas os teus negócios, Deus te
amaldiçoará. “E maldito no campo,” onde fazes o teu entretenimento; onde vais,
para aí alcançares a maldição. “Maldito o teu cesto e a tua amassadeira.
Maldito o fruto do teu ventre, e o fruto da tua terra, e a criação das tuas
vacas, e os rebanhos das tuas ovelhas. Maldito serás ao entrares e maldito
serás ao saíres.”
Há alguns homens sobre quem esta maldição é muito visível.
Eles alcançam riquezas, mas ali está a maldição de Deus nas suas riquezas. Eu
não quereria ter o ouro de alguns homens nem por todas as estrelas, ainda que
fossem de ouro: e, se pudesse ter toda a riqueza do mundo, mas tivesse de ter a
avareza do miserável, preferiria antes ser pobre do que ter essa riqueza. Há
alguns homens que são visivelmente malditos. Não vês o bêbado? Ele é maldito,
não importa onde vá. Quando chega a sua casa, os seus filhos pequenos sobem,
correndo para as suas camas, pois têm medo de ver o seu próprio pai; e, quando
crescem um pouco mais, começam a beber como ele, e segui-lo-ão e imitá-lo-ão; e
eles também começarão a blasfemar, de tal maneira, que o bêbado é maldito no
fruto do seu corpo. Ele pensou que não era tão mau que fosse um bêbado e que
blasfemasse; oh, mas que dor atravessa a consciência do pai, se é que tem
consciência, quando vê o seu filho seguindo os seus passos. A bebedeira atrai
tal maldição sobre um homem, que não pode desfrutar o que come. Maldito o teu
cesto e a tua amassadeira. E, na verdade, ainda que um vício dê a impressão que
atrai a maldição mais do que outros, todo o pecado conduz à maldição, embora
nem sempre a vejamos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário