quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

“Uma chamada aos não convertidos (4)

Spurgeon
“Mas,” dirá outro, “Há muitas coisas que eu não tenho feito, mas apesar de tudo, tenho sido muito virtuoso.” Essa, também, é uma pobre desculpa. Supõe que tens sido virtuoso; supõe que tens evitado muitos vícios: lê o meu versículo. Não é minha a palavra, mas a palavra de Deus, lê-o: “Todas as coisas.” Não diz: “Algumas coisas.” “Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas escritas no livro da Lei, para as fazer.” Agora, tens posto em prática todas as virtudes? Tens-te apartado de todos os vícios? Podes pôr-te de pé e declarar: “Nunca fui um bêbado”? Entretanto, serás condenado, se tiveres sido um fornicador. Respondes acaso: “Nunca fui imundo”? Entretanto, quebrantaste o dia de repouso. Declaras-te culpado desse cargo? Acaso declaras que nunca quebrantaste o dia de repouso? Tu tomaste o nome de Deus em vão, não é verdade? Em alguma parte ou em outra, a Lei de Deus pode ferir-te. É certo (deixa agora que fale à tua consciência e afirme o que eu assevero), é certo que não permaneceste “Em todas as coisas escritas no livro da Lei.” E mais, estou convencido de que não permaneceste plenamente em nenhum mandamento de Deus, pois o mandamento é extremamente amplo. Não é o ato patente, simplesmente, o que condenará um homem; é o pensamento, a imaginação, a concepção do pecado, os que bastam para arruinar a alma. Recordai, meus queridos ouvintes, que estou pregando agora a própria palavra de Deus, não uma rigorosa doutrina da minha propriedade. Se nunca tivésseis cometido um só ato de pecado, o mero pensamento de pecado, a simples imaginação do pecado bastariam para arrastar a alma para o Inferno para sempre.
         Se tivesses nascido numa cela, e não tivesses podido sair nunca para o mundo, para cometer atos de lascívia, de assassinato ou de roubo, bastaria o pensamento do mal nessa cela solitária, para apartar a tua alma para sempre do rosto de Deus. Oh!, não há ninguém aqui que possa ter a esperança de escapar. Cada um de nós deve inclinar a sua cabeça diante de Deus, e clamar: «Culpado, Senhor, culpado, cada um de nós é culpado: ‘Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas escritas no livro da Lei, para as fazer.’» Quando olho o teu rosto, oh Lei, o meu espírito treme de horror. Quando escuto os teus trovões, o meu coração derrete-se como a cera no meio das minhas entranhas. Como poderia suportar-te? Se estiver para ser julgado no fim, pela minha vida, de certeza não necessitarei de um juiz, pois eu serei o meu próprio acusador voluntário, e a minha consciência será uma testemunha para me condenar.

         Penso que não preciso de me alargar mais neste ponto. Oh, tu, que estás sem Cristo e sem Deus, não permaneces condenado diante Dele? Tira de ti todas as máscaras, e despreza todas as desculpas; que cada um de nós arremesse ao vento todas as suas vãs pretensões. A menos que contemos com o sangue e a justiça de Cristo, para que nos cubram, cada um de nós deve reconhecer que esta sentença fecha as portas do Céu na nossa cara, e unicamente nos prepara para as chamas da perdição.

Nenhum comentário: