terça-feira, 21 de janeiro de 2014

A VELHA, VELHA HISTÓRIA” (4)


SPURGEON
Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios.” (Romanos 5:6 )


Pedro, posto de pé na proa do bote, e tendo dito ao vento e às ondas: “Paz, não vos moveis”, mas estes elementos deveriam ter rugido sem deter-se com inquebrantável fúria. O Papa de Roma, que pretende ser o sucessor de Pedro, pode alçar-se com as suas cerimónias e dizer à consciência atormentada: “Paz, tem tranquilidade”, mas não cessará a sua terrível agitação. O espírito imundo que traz para a consciência tanta agitação grita ao Papa: “A Jesus conheço, conheço a Sua cruz, mas quem és tu?” Sim, e não poderá ser lançado fora. Não há absolutamente nenhuma oportunidade de encontrar-se um travesseiro para a cabeça dorida pela ação do Espírito Santo, salvo a expiação e a obra terminada de Cristo.


Quando o senhor Robert Hall foi pregar pela primeira vez a Cambridge, quase todos seus habitantes eram Unitários[4]. Assim que ele pregou a respeito da doutrina da obra terminada de Cristo, alguns dos seus ouvintes aproximaram-se dele e disseram-lhe: “Senhor Hall, isto não deveria ter sido dito.” “Por que não?”, perguntou ele, “Pois porque o seu sermão é adequado somente para anciãs.” “E porque é adequado somente para anciãs?”, inquiriu o senhor Hall. “Porque elas estão cambaleantes nas fronteiras da sepultura e procuram consolo, e, portanto, é muito adequado para elas, mas não para nós.” “Muito bem”, disse o senhor Hall, “inconscientemente vós tendes-me pago todo o cumprimento que eu posso pedir; se isto é bom para anciãs à beira da sepultura, deve ser bom para vós que estais na plenitude da vossa consciência, pois todos nos encontramos à beira da sepultura.” Aqui encontramos, certamente, uma das principais características da expiação, que nos consola perante o pensamento da morte. Quando a consciência é despertada pelo sentido da culpa, a morte projectará certamente a sua pálida sombra sobre todas as nossas perspectivas e porá um círculo ao redor de todos os nossos passos com escuros presságios da sepultura. Os alarmes da consciência geralmente são acompanhadas dos pensamentos do juízo que se aproxima, mas a paz dada pelo sangue é à prova de consciência, à prova de enfermidade, à prova de morte, à prova do diabo, à prova de juízo e será à prova de eternidade. Poder-nos-emos alarmar com todas as revoltas de ocupação e de toda a lembrança da corrupção passada, mas permite apenas que os nossos olhos descansem na Tua amada cruz, ó Jesus, e que a nossa consciência tenha paz com Deus e possamos descansar e estar tranquilos. Agora, perguntamo-nos se algum destes sistemas modernos de teologia pode aquietar uma consciência atormentada? Nós gostaríamos de compartilhar com eles, alguns casos com os quais nos encontramos algumas vezes —alguns casos desesperados— e dizer-lhes: “Agora, aqui, lança fora a este demónio, se podes fazê-lo”, e penso que eles se darão conta de que este tipo de demónios não pode ser lançado para fora, senão só por meio das lágrimas, dos gemidos e da morte de Jesus Cristo, do sacrifício de expiação. Um Evangelho sem expiação pode funcionar muito bem para mocinhas e cavalheiros que não estão conscientes de que alguma vez fizeram algo mau. Será adequada simplesmente para a gente apática que não tem um coração visível para os demais; pessoas que sempre têm sido muito morais, direitas e respeitáveis; que se sentiriam insultadas se lhes dissesses que merecem ser enviadas para o Inferno; que nem por um momento admitiriam poder ser criaturas depravadas ou caídas. O evangelho destes modernos, atrevo-me a repeti-lo, será muito adequado para este tipo de pessoas; mas nada mais deixa que um homem seja realmente culpado e o saiba; deixa que verdadeiramente esteja consciente da sua condição perdida, e eu vos asseguro de que nada senão Jesus— nada senão Jesus, nada senão o Seu precioso sangue, poderá dar-lhe paz e descanso. Estas duas coisas, então, são excelentes recomendações da doutrina da expiação, já que se adequa ao entendimento dos menos dotados e aquieta a consciência do mais aflito.

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