Dos cinco pontos das
doutrinas da Graça, este é o primeiro e o mais importante, porque uma má
compreensão dessa doutrina acarretará em sério prejuízo no entendimento prático
dos quatro pontos seguintes.
A Palavra de Deus ocupa quase toda sua
extensão mostrando por meio de ensinos práticos e doutrinários o que significa
o homem caído em Adão. Por exemplo, todo período da lei, equivalente a noventa
por cento do Velho Testamento, não passa de ser uma exposição do que foi a
queda no pecado. Vejamos como as Escrituras abrem a porta para revelar a triste
e deprimente situação do homem no pecado. Satanás labuta para impedir que essas
verdades cheguem à compreensão humana, porque assim ele sabe que assim a
mensagem do evangelho fracassará.
O rei Davi depois que adulterou com
Bate-Seba pode perceber sua horrenda situação como pecador, por isso confessou:
“Eu nasci na iniquidade e em pecado me concebeu minha mãe” (Salmo 51:5). Versos
como este enchem as páginas das Escrituras, trazendo a lume o estado de miséria
na qual se encontra o pobre pecador, como inimigo de Deus (Romanos 5:10),
alienado da vida de Deus, odiador de Deus (Romanos 1:30), escravo do pecado
(João 8:34), filho do diabo (João 8:44), sem Deus no mundo (Efésios 2:12),
filho da desobediência (Efésios 2:2), condenado à Ira divina (Efésios 2:3), sem
a vida que há somente no Filho de Deus (Efésios 2:1), etc.
É fato que uma profunda compreensão do
estado natural do homem conforme as Escrituras descrevem ocasionará temor,
humilhação, conversão genuína, adoração verdadeira e piedade em toda maneira de
viver. Mas, como é salutar essa compreensão! Nosso Senhor Jesus foi preciso em
suas abordagens a respeito da tão deprimente condição do pecador. Ao tratar
desse assunto nosso Senhor abordou sempre os religiosos e fanáticos judeus.
Observemos bem o cap. 3 do evangelho de João. Nosso Senhor foi direto ao
coração do religioso Nicodemos, mostrando quão inútil era toda sua religião!
Quão fracassado era ele com toda sua pompa religiosa e toda sua badalada
posição de príncipe dos fariseus. Por quê? A resposta do Senhor foi clara e
inequívoca: “... Necessário vos é nascer de novo” (João 3:7). Nosso Senhor
lança fora toda religiosidade e todo esforço humano, mostrando que o homem, por
mais religioso que seja, por mais bondoso que pareça, precisa nascer de novo.
Nada tem de valor perante Deus. Notemos o quanto o assunto é tão claro em João
1:13. Viemos da carne, da vontade humana, da glória humana, sendo assim não
serve para Deus.
Eis aí apenas uma introdução a respeito
da condição do homem no pecado. Se tivéssemos que tratar apenas da necessidade
de novo nascimento, para que o homem possa entrar no reino de Deus, já seria
suficiente para entender em que triste estado se encontra o pecador. Davi se
deu conta de sua situação quando abriu a sua boca e denunciou a si mesmo: “Eu
nasci na iniquidade, e em pecado me concebeu minha mãe”.
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