Spurgeon
“O
infiel de coração dos seus próprios caminhos se farta, como do seu próprio
proceder, o homem de bem” (Provérbios 14:14).
Temos aqui um princípio simples, com
valor igual para duas pessoas que, sob outros aspectos, se contrastam. As pessoas
são afetadas pelo curso que adotam; para o bem ou para o mal, sua conduta recai
sobre elas mesmas. O infiel e o homem de bem são bem diferentes, mas a ambos se
aplica a mesma regra – os dois se fartam do resultado das suas vidas. O desviado
fica cheio daquilo que se vê em sua vida, e a pessoa boa também fica cheia
daquilo que a graça implanta em sua alma. O fermento mau no ímpio leveda todo o
seu ser e azeda a sua existência, enquanto a fonte cheia de graça do crente
santificado satura sua humanidade e batiza toda a sua vida. Em cada caso a
plenitude vem daquilo que está dentro da pessoa e tem a mesma natureza do
caráter da pessoa: A plenitude da miséria do infiel será resultado do seu
estilo de vida, e a plenitude do contentamento da pessoa boa brotará do amor de
deus que foi derramado em seu coração.
O efeito dessa passagem ficará mais
claro se começarmos com uma ilustração. Temos aqui duas esponjas, e queremos
impregná-las. Se submergirmos a primeira em uma poça de água podre, ela ficará
cheia daquilo que a cerca; se submergirmos a segunda em um riacho de água
límpida, ela também ficará cheio do elemento que a cobre. O infiel está atolado
no mar morto dos seus próprios caminhos, e fica cheio de água salgada; o homem
bom é imerso como um jarro no “riacho de Siloé que passa junto ao oráculo de
Deus”, e o rio de água da vida o preenche até a borda. Um coração errante fica
cheio de tristeza, um coração que confia no Senhor será satisfeito com alegria
e paz. Ou imagine dois fazendeiros: um deles planta joio em seus campos e, em
pouco tempo, seus galpões estão cheios dele; outro planta trigo e seus silos
ficam estocados com o precioso grão. Você também pode acompanhar a parábola do
Senhor: Um construtor coloca sua habitação frágil sobre a areia e, quando a
tempestade cai sobre ela, naturalmente ela é carregada embora. Outro lança
fundações profundas para sua casa até firmá-la na rocha e, também naturalmente,
ele sorri para a tormenta, bem protegido por sua construção. O que alguém é em
consequência do seu pecado ou da graça será para ele causa de tristeza ou
satisfação.
I. Vou
tomar essas duas pessoas sem mais delongas e falar primeiro do infiel. Este
assunto é muito sério, mas é necessário que eu o traga à audiência desta manhã,
pois todos temos uma parte nele. Confio que não haja muitos presentes que são
desviados no pior sentido do termo, porém muito, muito poucos dentre nós estão
livres da acusação de terem recaído em alguma medida em um momento ou outro
depois da sua conversão. Mesmo os que amam sinceramente ao seu Mestre às vezes
erram e todos temos de tomar cuidado para que não haja em nós um coração mau de
incredulidade que nos afasta do Deus vivo.
Há diversos tipos de pessoas abrangidos
de modo mais ou menos apropriado pelo termo “infiéis”, e estes serão cheios das
consequências dos seus caminhos, cada um à sua medida.
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