sexta-feira, 28 de novembro de 2014

COMO A CONDUTA DE UMA PESSOA RECAI SOBRE ELA MESMA (1)




Spurgeon
         O infiel de coração dos seus próprios caminhos se farta, como do seu próprio proceder, o homem de bem” (Provérbios 14:14).
         Temos aqui um princípio simples, com valor igual para duas pessoas que, sob outros aspectos, se contrastam. As pessoas são afetadas pelo curso que adotam; para o bem ou para o mal, sua conduta recai sobre elas mesmas. O infiel e o homem de bem são bem diferentes, mas a ambos se aplica a mesma regra – os dois se fartam do resultado das suas vidas. O desviado fica cheio daquilo que se vê em sua vida, e a pessoa boa também fica cheia daquilo que a graça implanta em sua alma. O fermento mau no ímpio leveda todo o seu ser e azeda a sua existência, enquanto a fonte cheia de graça do crente santificado satura sua humanidade e batiza toda a sua vida. Em cada caso a plenitude vem daquilo que está dentro da pessoa e tem a mesma natureza do caráter da pessoa: A plenitude da miséria do infiel será resultado do seu estilo de vida, e a plenitude do contentamento da pessoa boa brotará do amor de deus que foi derramado em seu coração.
         O efeito dessa passagem ficará mais claro se começarmos com uma ilustração. Temos aqui duas esponjas, e queremos impregná-las. Se submergirmos a primeira em uma poça de água podre, ela ficará cheia daquilo que a cerca; se submergirmos a segunda em um riacho de água límpida, ela também ficará cheio do elemento que a cobre. O infiel está atolado no mar morto dos seus próprios caminhos, e fica cheio de água salgada; o homem bom é imerso como um jarro no “riacho de Siloé que passa junto ao oráculo de Deus”, e o rio de água da vida o preenche até a borda. Um coração errante fica cheio de tristeza, um coração que confia no Senhor será satisfeito com alegria e paz. Ou imagine dois fazendeiros: um deles planta joio em seus campos e, em pouco tempo, seus galpões estão cheios dele; outro planta trigo e seus silos ficam estocados com o precioso grão. Você também pode acompanhar a parábola do Senhor: Um construtor coloca sua habitação frágil sobre a areia e, quando a tempestade cai sobre ela, naturalmente ela é carregada embora. Outro lança fundações profundas para sua casa até firmá-la na rocha e, também naturalmente, ele sorri para a tormenta, bem protegido por sua construção. O que alguém é em consequência do seu pecado ou da graça será para ele causa de tristeza ou satisfação.
         I.       Vou tomar essas duas pessoas sem mais delongas e falar primeiro do infiel. Este assunto é muito sério, mas é necessário que eu o traga à audiência desta manhã, pois todos temos uma parte nele. Confio que não haja muitos presentes que são desviados no pior sentido do termo, porém muito, muito poucos dentre nós estão livres da acusação de terem recaído em alguma medida em um momento ou outro depois da sua conversão. Mesmo os que amam sinceramente ao seu Mestre às vezes erram e todos temos de tomar cuidado para que não haja em nós um coração mau de incredulidade que nos afasta do Deus vivo.
         Há diversos tipos de pessoas abrangidos de modo mais ou menos apropriado pelo termo “infiéis”, e estes serão cheios das consequências dos seus caminhos, cada um à sua medida.

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