quarta-feira, 26 de novembro de 2014

A RELIGIÃO ESPIRITUAL (7)




Spurgeon
         “O espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita” (João 6:63)
         Quantos dos nossos sacrifícios não passam de pobres coisas mortas. Quando os trazemos, eles morreram durante a noite, e nós os oferecemos a Deus! Quantas vezes satisfazemos a nós mesmos tendo a “carne”, a forma exterior do sacrifício, esquecendo o espírito! Lembremo-nos que Deus só olha para a vida. Ele não procura o corpo; por isso, em tudo o que fazemos para Ele, devemos cuidar primeiro do espírito. Depois podemos descansar, certos de que a carne e sangue da devoção tomarão conta de si mesmos.
         II.      Creio que este é o sentido da passagem. Entretanto, a maneira comum de entendê-lo, se a pessoa não presta atenção ao contexto, é: “Bem, é o Espírito que vivifica, isto é, o Espírito Santo; a carne para nada aproveita”. Nossos amigos que me desculpem se digo que o sentido não pode ser esse. Vocês percebem que o “e” no texto é minúsculo. Se a referência fosse ao Espírito Santo, isto seria destacado, para fazer separação do espírito do qual acabei de falar – o espírito interior, a vida da coisa. A palavra “espírito” aqui não é o Espírito Santo, porém mesmo assim a maioria dos leitores comuns cometeria o erro e diria: “É o Espírito que vivifica; a carne para nada aproveita”. Este erro não lhe faz nenhum mal porque não é assim que está escrito, nem em outro lugar. Mesmo que fosse diferente neste texto, não o é em toda a Bíblia, nem na experiência do cristão, de modo que as pessoas podem cometer erros bem piores do que este. Façamos, então, este erro, para depois voltarmos à verdade: “O espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita”.
         Quantas vezes pensei: “Vejo uma jovem ou um rapaz na galeria; como olham com interesse durante a pregação!” Fui visitá-los, gostei do caráter deles. Eles se vestem e portam de modo agradável, há muitos neles que qualquer pessoa faria bem em imitar e seguir. Pensei comigo: “Que bom! Em breve irei acrescentá-los à igreja; há tanta coisa boa neles que transição será fácil para eles. Eles são tão excelentes e de boa conduta que não terão dificuldade para dar o passo para dentro do reino do céu”. Não digo que tenha usado essas palavras, mas é assim que pensava em meu coração. Bem houve um rapaz que veio ao culto certa noite, uma pessoa de aparência realmente esquisita. Ele entrou correndo numa quinta-feira à noite perto do fim do culto, sem banho tomado nem nada; ele só entrou pensando encontrar algo que o fizesse rir. Eu não esperava vê-lo convertido. A próxima ocasião em que eu estava atendendo pessoas com problemas, ele veio, mais ou menos limpo e bem vestido. Apesar disso eu o reconheci e lhe disse:
         - Não foi você que entrou na quinta-feira à noite, depois de dar uma voltas por aí? Você tinha uma aparência realmente estranha.
         - Sim – ele respondeu, - e o Senhor se encontrou comigo.
         Bem, eu esperei muitas noites, e não vi o rapaz ou a moça vir ao culto. Por quê? O Senhor estava ensinando ao Seu servo que “a carne para nada aproveita”. “Não”, disse o Senhor, “aquele homem parecia estar longe de Deus, e aquele rapaz e a moça pareciam estar perto de mim; só quero lhe mostrar que toda a moralidade e bondade deles não os aproximou do reino do céu ou ajudou-me em alguma coisa; eu poderia salvar um como o outro e, se quisesse demonstrar minha soberania, poderia até fazer publicanos e meretrizes entrar no reino do céu antes destes que, orgulhosos da sua moralidade, não se curvam diante de mim. “Vocês já não encontraram pessoas com um caráter tão peculiar que disseram: “É uma pena que ninguém pode falar com este homem?”










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