quinta-feira, 27 de novembro de 2014

A RELIGIÃO ESPIRITUAL (final)



A RELIGIÃO ESPIRITUAL  (8)
Spurgeon
         “O espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita” (João 6:63)
         Eu costumo receber muitas cartas. Um pai me escreveu: “Eu gostaria que o Senhor tomasse conta do meu filho. Ele é um jovem muito interessante; se o Senhor colocasse a verdade diante dele de uma maneira que ele entenda, ele com certeza a abraçaria, porque, se o senhor soubesse como sua mente foi formada, o senhor logo diria que ela está muito bem preparada para receber o evangelho”. Bem, já me disseram isso uma dúzia de vezes, mas nem uma vez compensou ser verdadeira – nunca. “A carne para nada aproveita”. Não existe nenhuma mente mais preparada para as influências do evangelho que outra. Pecadores mortos são todos mortos e todos igualmente mortos. Alguns podem ser brancos e outros pretos; alguns podem ser lavados e vestidos, outros podem ter toda a lama e sujeira da sensualidade neles; todos estão igualmente mortos e, quando a graça que converte começa a lidar com eles, encontra o mesmo tanto de trabalho a fazer num como no outro. Ela recebe a mesma ajuda de um coração como do outro – ou seja, nenhuma. Ela traz tudo consigo: acende seu próprio fogo com sua própria tocha, ela faz o fogo pegar com seu próprio sopro e não pede nada do pecador, seja ele quem for.
         Outra vez, temos alguém que diz: “Se aquele se convertesse, meu amigo, que cristão brilhante isso daria!  Ele tem um talento brilhante, grande capacidade intelectual, extensa fortuna. Se ele se convertesse, que festa haveria na igreja de Deus! O quanto ele poderia fazer!” Bem, você sabe, eu descobri que essas pessoas especiais, que seriam alguma coisa quando se convertessem, depois que se convertem e nós conseguimos por a mão nele, acabam não sendo grande coisa! Conheci um pastor que batizou um homem com muita alegria e felicidade. Foi no dia do ano novo, e lembro com que satisfação ele disse: “O Senhor enviou-me o melhor presente de Ano Novo que já tive! Ele foi uma grande aquisição para a igreja; um homem de espírito tão ativo, de disposição mental tão excelente – ele é tudo o que eu poderia desejar”. Bem, aconteceu que eu vivi o suficiente para ver este homem dividir a igreja e desalojar o pastor do seu púlpito, e ele ainda vive, um espinho na carne daquela igreja, um arbusto bem grande e bem cheio de espinhos que eles gostariam muito de arrancar, mas não têm força para fazê-lo. Não; o Senhor quer nos mostrar que “a carne para nada aproveita”. “Você pode ficar com ele”, diz o Senhor, “se ele é um sujeito tão bom; leve-o, fique com ele; você descobrirá que ele não vale tanto, afinal de contas. Eu que lhes ensinar que não há nada de bom na carne; só o espírito traz vida”.
         Por outro lado, temos visto pessoas cuja carne não ajuda em nada: os pobres, os marginalizados, os analfabetos, os desprezados; e temos visto a graça de Deus acender um grande fervor em seus corações, e temos visto como eles ficam de pé, confiantes e fortes, apesar da nulidade da carne. Então dissemos: “verdadeiramente, ó Deus, é impressionante como, quando a carne é fraca, tua graça é forte”. E ouvimos uma resposta da “Glória excelente”: “Sim, o espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita”.
         Portanto, não creio que haja em alguma forma da nossa carne, ou em algum ato ou qualquer coisa que nossa carne possa fazer, ou tentar fazer, ou pensar em, ou  sugerir, que de alguma forma possa auxiliar na grandiosa obra espiritual da nossa salvação. Só o espírito vivifica; você descobrirá até o dia da sua morte que “a carne para nada aproveita” a não ser para o diabo, a quem com frequência traz proveito; mas nos caminhos de Deus e no santo evangelho de Deus você sempre verá a carne competindo com o espírito e o espírito lutando com a carne.
         Agora meu irmão, para concluir, que lhe fazer esta pergunta: Você já experimentou a influência do Espírito Santo? E estas influências o levaram a adorar a Deus, que é espírito, “em espírito e em verdade”? Porque se não, mesmo que haja quem ponha você no berço das cerimônias e o embale até adormecer, eu não serei um deles. Mesmo que pessoas lhe digam que você está suficientemente em ordem porque externamente é tão religioso, porque não trabalha no domingo, não diz palavrões, não se embriaga, eu o advirto que, se não nascer de novo de cima, você não verá o reino de Deus; e quando os bêbados, as prostitutas e todo tipo de pessoas iníquas forem expulsas da presença de Deus, você compartilhará o destino delas, porque você está morto em pecados e precisa se avivado pelo espírito. Não direi mais nada, além de suplicar solenemente ao Espírito do Deus bendito que toque os seus corações com seu pensamento solene e os leve a renunciar as obras da carne e a por sua confiança naquele é o “Salvador de todos os homens, especialmente dos que creem”.




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