Spurgeon
“O espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita” (João 6:63)
Ouça o que o Salvador diz na frase
seguinte: “Não será a admiração da minha carne de alguma utilidade para vocês,
porque minha carne não serve para nada; é o espírito que vivifica, e, se vocês
quiserem saber qual é o espírito da minha encarnação, eu lhes digo que as
palavras que lhes digo são espírito e são vida. Não será a veneração da minha
carne e sangue, mas das minhas doutrinas, a alma e coração da religião que eu
que vocês sintam”.
Nosso Salvador, entretanto, foi levado
a fazer essas observações pelo fato de, quando falou sobre comer sua carne e
beber seu sangue, os pobres judeus pensaram que Ele queria que eles se
tornassem canibais e o devorassem. Podemos sorrir com uma ideia assim ridícula,
mas sabemos que a ideia ainda está em voga na igreja de Roma. O sacerdote
romanista assegura solenemente que quem come o pão e bebe o vinho, ou aquilo
que ele serve como pão e vinho, na prática age como canibal, comendo o corpo de
Cristo e bebendo o Seu sangue. Você pode perguntar-lhe a sério:
- Caro
senhor, isto é em termos figurados, não é mesmo, espiritualmente?
- Não - diz ele, - não é. Estou dizendo que, quando
pronuncio certas palavras sobre o pão, ele se torna corpo de Cristo, e depois
que eu disse um abracadabra sobre o vinho, ele se torna sangue de verdade.
- Bem - nós
lhe respondemos, - isto é mesmo interessante, e nós achamos que o senhor não
espera que creiamos nisso, uma vez que Deus permitiu que nossas cabeças fossem
ocupadas por cérebros; porém, mesmo que creiamos, caro senhor, mencionamos esta
passagem que diz: “O espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita”,
enquanto o senhor diz ao povo que eles realmente estão ingerindo carne e
sangue. Imagine que seja verdade; o mero corpo e sangue de Cristo não tem
serventia terrena para eles – mesmo que em Sua carne eles o metam entre os
dentes e façam descer pela garganta, não lhes seria de serventia maior do que
comer carne e sangue de qualquer outra pessoa. Isso não faria nada por eles; o
próprio Cristo denuncia o erro da transubstanciação, declarando que Sua carne e
sangue não aproveitam para nada. Somente o espírito, o receber espiritualmente
carne e sangue, que nos pode se de algum proveito.
Enquanto estou aqui permita-me dizer
mais uma palavra, por o papismo ainda tem força hoje em dia, e essa doutrina de
que pão e vinho se transformam em carne e sangue de Cristo é um dos pilares do
papismo. O Dr. Carson de Coleraine contradisse o Dr. Cahill de modo marcante.
Ele desafiou o Dr. Cahill para provar que pode transformar o pão e vinho usados
no sacramento no corpo e sangue de Cristo. Ele ofereceu cem libras ao Dr.
Cahill se o deixasse preparar uma hóstia, para que o Dr. Cahill a colocasse na
boca e engolisse em sua presença.
- Se o Dr. Não estiver morto em uma
hora, eu lhe darei cem libras.
- Não – disse alguém, - isto não é
justo.
- Bem, mas se ele sabe transformá-la no
corpo e sangue de Cristo, ela não pode prejudicá-lo, não importa do que eu
faça.
- Quer dizer que o senhor a fará de
veneno?
- Sim, do mais mortal que eu encontrar.
- Você realmente lhe daria veneno?
- Eu não lhe daria veneno; ele é que o
engoliria, por sua livre e espontânea vonta.
- O Dr. Cahill retrocede, ele não tem
como transformá-lo no corpo e sangue de Cristo. Se pudesse, o Dr. Carson afirma
que não lhe faria mal, pois o corpo e o sangue de Cristo não podem envenenar.
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