segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

A VELHA, VELHA HISTÓRIA” (3)


SPURGEON
Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios.” (Romanos 5:6 )

I. Em primeiro lugar, A MODO DE LOUVOR.

Há algumas coisas que podemos dizer a favor do Evangelho que proclama a expiação como o seu princípio fundamental. E a primeira coisa que vamos dizer sobre o Evangelho é, quão simples ele é, quando o comparamos com todos os esquemas modernos! Irmãos, essa é a razão pela qual os nossos grandes homens não gostam dele: é demasiado simples. Se fordes e comprardes certos livros que ensinam como preparar sermões, encontrareis que a essência do ensino é esta: selecionai todas as palavras difíceis que possais encontrar em todos os livros que leiais durante a semana, e logo as vertei sobre a congregação no domingo; e haverá um grupo de pessoas que sempre aplaudirá ao homem que não pode entender. São semelhantes à anciã a quem se perguntou quando regressava da igreja: “Entendeu o sermão?” “Não”, respondeu, “Não teria essa presunção.” Ela acreditava que era uma presunção tentar compreender o ministro. Mas a Palavra de Deus entende-se com o coração e não faz estranhas demandas ao intelecto.

Agora, o nosso primeiro louvor à doutrina da expiação é que ela própria se faz recomendável ao entendimento. O viajante pode compreender esta verdade da substituição sem nenhuma dificuldade, embora o seu intelecto seja apenas um grau superior ao de um idiota. Oh, estes teólogos modernos farão algo para tirar a importância à Cruz! Penduram sobre essa cruz os adornos estridentes da sua eloquência, ou a apresentam envolta nos escuros encantamentos misteriosos da sua lógica, e quando o pobre coração aflito olha para cima para ver a cruz, nada vê ali, excepto humana sabedoria.

Repito de novo que não há ninguém aqui presente que não possa entender esta verdade, que Cristo morreu em lugar do Seu povo. Se tu pereces, não será devido a que não possas compreender o Evangelho. Se fores para o Inferno, não será porque não foste capaz de entender como Deus pode ser justo, e, apesar disso, ser também o que justifica o ímpio. É surpreendente, que na nossa época se conheça tão pouco acerca dos simples truísmos revelados pela Bíblia; parece advertir-nos continuamente como quão simples devemos ser ao expormos essas verdades. Inteirei-me da história do Sr. Kilpin. Numa ocasião, ele estava pregando um sermão muito bom, de maneira fervente[3], quando usou a palavra “Deidade”, e um marinheiro que o escutava inclinou-se para diante e disse-lhe: “Desculpe, senhor, rogo-lhe que me diga quem é o senhor Deidade. Refere-se ao Deus Todo-Poderoso?” “Sim”, respondeu-lhe o Sr. Kilpin, “refiro-me a Deus, e não devia ter usado uma palavra que o senhor não pudesse compreender.” “Agradeço-lhe muito, senhor”, respondeu o marinheiro, o qual pareceu devorar todo o resto do sermão, demonstrando um profundo interesse até ao fim.


Agora, esse pequeno incidente é simplesmente um índice do que prevalece em qualquer lugar. A pregação deve ser simples. Uma doutrina da expiação que não seja adequada para as criaturas de Deus. Poderá ser fascinante para um entre mil, mas não é adequada para os pobres deste mundo que são ricos na fé; não é adequada para as crianças a quem Deus revelou as coisas do reino, enquanto que as escondeu aos sábios e entendidos. Oh, vós podeis sempre julgar uma doutrina desta forma. Se não é uma doutrina simples, não vem de Deus; se vos deixar perplexos, se é uma doutrina que não podeis ver deve ser simples, uma doutrina que nos chega da Alemanha, que requeira que um homem seja um grande erudito antes de que possa compreendê-la, e que seja ainda um adepto maior antes de que possa compartilhá-la com outros, tal doutrina, obviamente, não é de Deus, já que não é louvada somente pela sua simplicidade, mas além de adequar-se ao entendimento, também é adequada para a consciência. Não há língua que possa descrever como satisfaz a consciência! Quando um homem desperta e a sua consciência o atormenta, quando o Espírito de Deus lhe tem mostrado o seu pecado e a sua culpa, não há nada que lhe possa trazer a paz, senão só o sangue de Cristo.
(extraído de NO CAMINHO DE JESUS)

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