John Wesley
“Quando jejuardes, não vos mostreis
contristados como os hipócritas; porque desfiguram o rosto com o fim de parecer
aos homens que jejuam. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa.
Tu , porém, quando jejuares, unge a cabeça e lava o rosto, com o fim de não
parecer aos homens que jejuas, e sim ao teu Pai, em secreto; e teu Pai, que vê
em secreto, te recompensará” (Mateus 6:16-18)
CONCLUSÃO
2. Se
desejamos, porém, tal recompensa, guardemo-nos, em segundo lugar, de supor que
merecemos alguma coisa de Deus por nosso jejum. Não podemos estar
demasiadamente vigilantes a este respeito, uma vez que o desejo de estabelecer
nossa própria justiça, procurando a salvação como pagamento e não de graça, tão
profundamente enraizado está em nossos corações. O jejum é apenas um caminho
que Deus ordenou, no qual esperamos em sua imerecida misericórdia, e no qual,
sem nenhum merecimento de nossa parte, Ele prometeu livremente dar-nos Sua
bênção.
3. Não
imaginemos que a realização do simples ato externo atrairá qualquer benção de
Deus. “É o jejum que escolhi, diz o Senhor, um dia para o homem afligir sua
alma? Consiste ele em o homem encurvar a cabeça como um junco, vestir-se de
saco e semear cinzas sobre si?” Esses atos exteriores, ainda quando
estritamente observados, são tudo quanto se contém na expressão “afligir a
própria alma?” – “Queres tu chamar a isto um jejum, e um dia aceitável ao
Senhor?” Não, por certo: Se for um mero serviço exterior, será tudo, inclusive
um trabalho perdido; tal prática possivelmente pode afligir o corpo, mas,
quanto à alma, nada lhe aproveita.
4. Sim,
pode o corpo ser algumas vezes bastante quebrantado, a ponto de se tornar
inapto para as obras de nossa profissão. Contra isto devemos também guardar-nos
diligentemente; porque devemos preservar a saúde, que é uma boa dádiva de Deus.
Deve-se ter todo cuidado, toda vez que se jejue, em guardar proporção entre a
abstinência e a resistência física. Não podemos oferecer a Deus suicídio como
sacrifício, nem podemos destruir o corpo para auxílio da alma.
Mas, em ocasiões solenes, ainda que
estejamos em grande fraqueza, não devemos recair no outro extremo, porque Deus
condenou os que, na antiguidade, contenderam com o Senhor acerca da não
aceitação de seus jejuns. “Não é assim que jejuamos, disseram eles, e tu não
viste? Eis que no dia de vosso jeju m, procurais o prazer, diz o Senhor”. Se
não pudermos abster-nos totalmente de alimento, podemos, pelo menos, abster-nos
de manjares delicados; e então não buscaremos em vão a Sua face.
5. Tenhamos
cuidado em afligir nossa alma do mesmo modo que nosso corpo. Toda ocasião de
jejum público ou privado seja um tempo destinado ao exercício daquelas santas afeições que implicam num coração
contrito e humilhado. Seja uma época de lágrimas devotas, de piedosa tristeza
acerca do pecado, triste como a dos Coríntios, a respeito da qual o apóstolo
disse: “Agora me regozijo, não de que fostes entristecidos, mas em que vos
entristecestes para o arrependimento; porque fostes entristecidos segundo Deus,
para que de nossa parte em nada fosseis prejudicados. Porque a tristeza
piedosa” – (A tristeza que é segundo Deus, que é um precioso dom de Seu
Espírito, levando a alma a Deus, de quem ela procede), “produz arrependimento para
a salvação, o qual não traz pesar; mas a tristeza do mundo produz morte”.
(continua)
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