quinta-feira, 18 de setembro de 2014

ACERCA DO JEJUM (11)

  John Wesley 
Quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque desfiguram o rosto com o fim de parecer aos homens que jejuam. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa. Tu , porém, quando jejuares, unge a cabeça e lava o rosto, com o fim de não parecer aos homens que jejuas, e sim ao teu Pai, em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará” (Mateus 6:16-18)
CONCLUSÃO                                 
         2.      Se desejamos, porém, tal recompensa, guardemo-nos, em segundo lugar, de supor que merecemos alguma coisa de Deus por nosso jejum. Não podemos estar demasiadamente vigilantes a este respeito, uma vez que o desejo de estabelecer nossa própria justiça, procurando a salvação como pagamento e não de graça, tão profundamente enraizado está em nossos corações. O jejum é apenas um caminho que Deus ordenou, no qual esperamos em sua imerecida misericórdia, e no qual, sem nenhum merecimento de nossa parte, Ele prometeu livremente dar-nos Sua bênção.
         3.      Não imaginemos que a realização do simples ato externo atrairá qualquer benção de Deus. “É o jejum que escolhi, diz o Senhor, um dia para o homem afligir sua alma? Consiste ele em o homem encurvar a cabeça como um junco, vestir-se de saco e semear cinzas sobre si?” Esses atos exteriores, ainda quando estritamente observados, são tudo quanto se contém na expressão “afligir a própria alma?” – “Queres tu chamar a isto um jejum, e um dia aceitável ao Senhor?” Não, por certo: Se for um mero serviço exterior, será tudo, inclusive um trabalho perdido; tal prática possivelmente pode afligir o corpo, mas, quanto à alma, nada lhe aproveita.
         4.      Sim, pode o corpo ser algumas vezes bastante quebrantado, a ponto de se tornar inapto para as obras de nossa profissão. Contra isto devemos também guardar-nos diligentemente; porque devemos preservar a saúde, que é uma boa dádiva de Deus. Deve-se ter todo cuidado, toda vez que se jejue, em guardar proporção entre a abstinência e a resistência física. Não podemos oferecer a Deus suicídio como sacrifício, nem podemos destruir o corpo para auxílio da alma.
         Mas, em ocasiões solenes, ainda que estejamos em grande fraqueza, não devemos recair no outro extremo, porque Deus condenou os que, na antiguidade, contenderam com o Senhor acerca da não aceitação de seus jejuns. “Não é assim que jejuamos, disseram eles, e tu não viste? Eis que no dia de vosso jeju m, procurais o prazer, diz o Senhor”. Se não pudermos abster-nos totalmente de alimento, podemos, pelo menos, abster-nos de manjares delicados; e então não buscaremos em vão a Sua face.
         5.      Tenhamos cuidado em afligir nossa alma do mesmo modo que nosso corpo. Toda ocasião de jejum público ou privado seja um tempo destinado ao exercício daquelas  santas afeições que implicam num coração contrito e humilhado. Seja uma época de lágrimas devotas, de piedosa tristeza acerca do pecado, triste como a dos Coríntios, a respeito da qual o apóstolo disse: “Agora me regozijo, não de que fostes entristecidos, mas em que vos entristecestes para o arrependimento; porque fostes entristecidos segundo Deus, para que de nossa parte em nada fosseis prejudicados. Porque a tristeza piedosa” – (A tristeza que é segundo Deus, que é um precioso dom de Seu Espírito, levando a alma a Deus, de quem ela procede), “produz arrependimento para a salvação, o qual não traz pesar; mas a tristeza do mundo produz morte”.
(continua)

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