“Fiel
é a Palavra e digna de inteira aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo para
salvar pecadores, dos quais eu sou o principal” (1 Timóteo 1:15).
Caro
leitor, o que Paulo está dizendo ao declarar que entre os pecadores ele é o
principal? É bom que investiguemos essa frase, porque somente alguém que
compreendeu a verdadeira salvação pela graça pode confessar isso. Permita que
eu seja mais enfático ao dizer que o evangelho moderno não produz tal
confissão, porque qualquer evangelho misturado com a opinião dos homens há de
produzir mais orgulho do que verdadeira humildade. Noutras palavras, estou
afirmando que se não for a mensagem pura e cristalina do evangelho que veio do
céu, não teremos homens e mulheres assim, cheios de temor e sincera confissão
de corações arrependidos.
Quando
voltamos para examinar de perto essa confissão de Paulo: “...eu
sou o principal”, vemos que o hipócrita jamais poderia falar isso, como
confissão de um coração arrependido. Ora, examinando a religiosa vida pregressa
de Paulo vemos que aquele que antes era um implacável perseguidor dos
seguidores de Cristo poderia ser uma perfeita adaptação da religião mundana.
Saulo de Tarso foi um fanático seguidor da seita dos fariseus e com sinceridade
seguia todas as tradições e costumes da sua religião tão legalista.
Saulo
de Tarso era um homem que trilhava o caminho religioso porque achava que era o
real caminho que o levaria a obter a ressurreição. Ele achava que a conquista
da vida eterna deveria ser por atos de justiça decorrentes da observação dos
preceitos da lei. Ele fala a respeito dessa religião que ele seguia em
Filipenses 3. Ele acumulava justiça e mais justiça; era fervoroso, zeloso e
irrepreensível em todas as exigências fanáticas dessa seita tão tradicional.
Qualquer outra religião naquele tempo não era páreo para a religião considerada
a mais tradicional e verdadeira. O cristianismo despertado pelo Espírito Santo
no dia do Pentecostes surgiu para confrontar essa mentira que tanto contagiou o
povo. Nunca houve alguém que pudesse confrontar esses religiosos, muitos dos
quais eram orgulhosos, vaidosos e perversos. O Senhor Jesus foi o grande
confrontador que surgiu para mostrar os erros daqueles homens e como eles com
seus erros encaminhavam as almas para o inferno.
Após
o Pentecostes o cristianismo que publicava a ressurreição do Senhor veio como
assolação contra aqueles líderes tão malignos, por isso eles mesmos empunhavam
suas armas perseguidoras contra os crentes. Saulo de Tarso foi o mais terrível
algoz entre os perseguidores. Era um homem inflexível na perseguição e estava
disposto a avançar no alvo de exterminar com aquilo que eles denominavam de
“seita”, até que teve aquele encontro tão marcante com o próprio Senhor Jesus
no caminho de Damasco (Atos 9). Foi ali que Saulo de Tarso tombou por terra;
foi ali que morreu o velho Saulo, para nascer um novo homem – Paulo; foi ali
que ele trocou de armas, lançando fora suas lanças e espadas, para empunhar
doravante a espada do Espírito e passar a pregar ao mundo a mensagem mais
preciosa.
Caro
leitor, quando falamos dos principais pecadores, não é verdade que no íntimo
estamos pensando nos assassinos, ladrões e vis? Mas eis aí um homem religioso,
sincero, praticante de boas tradições judaicas, alguém que nunca roubou, com
virtudes incríveis; vemos esse homem confessando que dentre os pecadores ele
era “...o principal”. Ora, posso afirmar seguramente que o evangelho
moderno aceitaria Saulo de Tarso tranquilamente; diria que ele era um salvo;
seria bem aceito como membro de uma igreja. Ora, como pode perder um “peixão”
desse? Para o evangelho moderno um Saulo de Tarso não precisava nascer de novo,
pois era um homem muito religioso.
Mas a
verdade é que um novo homem veio à luz! Deus fez com que tombasse por terra o
velho Saulo, arrogante, atrevido e blasfemo (1 Timóteo 1), para fazer nascer um
novo homem, com um coração diferente, cheio de temor e carregado de amor por
Cristo. Todas as justiças acumuladas foram atiradas fora como esterco e ele
compareceu perante o Senhor completamente despido e cheio de vergonha, vendo
suas maldades praticadas por todo seu caminho.
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