sexta-feira, 25 de abril de 2014

SALMO 23 (1)




Spurgeon
Não há um titulo inspirado para este Salmo, e não se necessita de nenhum, porque não registra qualquer sucesso especial, e não se necessita doutra chave que aquela que todo Cristão pode achar no seu próprio peito. É a “Pastoral celestial” de David; uma ode magnífica, que nenhuma das irmãs da música pode superar. O clarim de guerra aqui cede lugar à flauta da paz, e quem esteve gemendo ultimamente os males do Pastor, de modo afinado pratica e canta os gozos do rebanho.
Esta é a pérola dos Salmos, cujo fulgor puro e suave deleita os olhos; uma pérola da qual o Hélicon [(mythol.) topónimo mitológico, Hélicon monte da Beócia consagrado às Musas e a Apolo] não tem de que se envergonhar, ainda que o Jordão a reclama. Pode afirmar-se deste canto (versos destinados a serem cantados) deleitoso que se a sua piedade e a sua poesia são iguais, a sua doçura e a sua espiritualidade são insuperáveis.
A posição deste Salmo é digna de que se note. Segue o Salmo 22, que é de modo peculiar o Salmo da cruz. Não há verdes prados nem águas tranquilas antes do Salmo 22. É só depois de termos lido “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” que chegamos a “O Senhor é o meu pastor”. Temos de conhecer por experiência o valor do sangue derramado, e ver a espada desembainhada contra o Pastor, antes que possamos conhecer verdadeiramente a doçura dos cuidados do Pastor.
Tem-se dito que o que o rouxinol é entre os pássaros é esta ode entre os Salmos, porque tem soado docemente ao ouvido de muitos afligidos na noite do seu pranto e tem-lhes trazido a esperança duma manhã de gozo. Atrever-me-ei a compará-lo também a uma cotovia, que canta ao elevar-se, e se eleva cantando, até que se perde de vista, e depois ainda ouvimos os seus gorjeios. C. H. S.
Agostinho disse que viu num sonho o Salmo 119 que se elevava diante dele como uma árvore de vida no meio do paraíso de Deus. Este Salmo 23 pode ser comparado às flores mais formosas que crescem ao seu redor. O primeiro foi comparado ao Sol entre as estrelas; sem dúvida, esse é como a mais rica das constelações, incluindo as próprias Plêiades! John Stoughton, in “The Songs of Christ's Flock,” 1860.
Algumas almas piedosas sentem-se turbadas porque não podem usar em todos os tempos, ou inclusive com certa frequência, a linguagem deste Salmo, no seu sentido gozoso. Estas devem recordar que David, ainda que tenha vidos muitos anos mais, nunca escreveu mais do que um Salmo 23. William S. Plumer
Vers. 1. O Senhor é o meu pastor. É bom saber, de modo tão certo como sabia David, que pertencemos ao Senhor. Há uma nobre nota de confiança nesta frase. Não há um “se” nem um “mas”, nem tampouco um “espero”; mas sim diz: “O Senhor é o meu pastor.” Temos de cultivar o espírito de dependência confiada no nosso Pai Celestial.
A palavra mais doce de todas elas é o monossílabo “meu”. Não diz: “O Senhor é o pastor do mundo em geral, e guia a multidão do Seu rebanho”, mas: “O SENHOR é o meu pastor”; ainda que não seja o pastor de ninguém mais, é, contudo, o meu pastor; que cuida de mim, me vigia e me guarda. As palavras estão no tempo presente. Seja qual for a posição do crente, agora está sob o cuidado pastoral do SENHOR. C. H. S.
Satanás trata-te, pelo jeito, brandamente, para poder atrair-te ao pecado, mas no fim se comportará de modo amargo. Cristo, verdadeiramente, parece áspero, para te manter afastado do pecado, pondo sebes de espinheiros à beira do teu caminho. Mas Ele será realmente doce se entras no Seu rebanho, até mesmo apesar dos teus pecados. É possível que agora Satanás te sorria de modo prazenteiro enquanto estás em pecado; mas, tu sabes que será duro contigo, no final. Ele que canta como uma sereia, agora vai
devorar como um leão, no final. Ele atormentar-te-á e afligir-te-á e será amargo para contigo.

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