“Fiel
é a Palavra e digna de inteira aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo para
salvar pecadores, dos quais eu sou o principal” (1 Timóteo 1:15).
Caro
leitor, quando Paulo afirma no texto que, entre todos os pecadores é ele o
principal, certamente temos a mais preciosa lição acerca do incrível trabalho
soberano da graça. Creio que tal verdade vem dá um golpe certeiro sobre esse
evangelho social tão apregoado em nossos dias. Tenho acompanhado de perto o que
está ocorrendo no cenário evangélico atual e posso afirmar categoricamente que
outro evangelho expulsou a verdadeira e pura mensagem dos púlpitos e novas
mensagens têm chegado, bem adaptadas à mentalidade secular dos últimos dias. A
mensagem moderna tem a intenção de ajudar os homens socialmente; a mensagem
moderna, paramentada de versos bíblicos visa recuperar os homens de suas
condições tão vis. Por isso temos tantas mensagens de autoajuda partindo dos
pregadores modernos e especialistas em psicologia e filosofia.
Não é
meu interesse discorrer sobre esse assunto. Prefiro ir direto à verdade, pois
sei que é conhecendo a verdade que homens e mulheres serão libertos (João
8:32). Já tenho mostrado aos meus leitores que os pecadores atingidos pela
mensagem santa são aqueles que são vistos por Deus como pecadores. O evangelho
moderno jamais encararia Paulo como um pecador, pois ele não carregava os
problemas que os “pecadores” modernos têm. Paulo foi um religioso exemplar, por
isso poderia ser bem adaptado ao sistema ecumênico de nossos dias e seria bem
aceito por toda gama de mentiras, suntuosamente vestidas de evangélicas hoje.
Mas o
testemunho do apóstolo aos gentios difere completamente daquilo que os homens
pensam e agem. Paulo diz que Ele é o principal de todos os pecadores. Aí está o
ensino da graça acerca da salvação! Aí está a prova de que os pecadores
chamados por Deus são aqueles que Deus vê; são aqueles que Ele mesmo declara
que são pecadores, porquanto é obra da livre misericórdia e não da nossa
escolha (Romanos 1:18). Deus não irá salvar aqueles que eu apontar para Ele. Os
servos do Senhor não vivem ordenando Deus a fazer Suas escolhas. Aquietamos
nisso; tememos até a pensar nisso; não ousamos a invadir o lugar secreto.
Podemos orar, interceder e até mesmo chorar, mas o fazemos perante o trono de
misericórdia; fica com Ele a resposta de Suas decisões oriundas de Seu conselho
na eternidade.
Mas,
eu parto para examinar de perto essa confissão do apóstolo: “...eu
sou o principal”. Do nosso ponto de vista o principal dos pecadores
deveria ser um ladrão, criminoso, drogado, adúltero, etc. Mas, Paulo tem seu
coração cheio de júbilo, pois bem sabia que fora alvejado pela livre graça; que
poderia ter sido atingido pela ira santa e ser de uma vez despachado para o
castigo eterno. Paulo tem seu coração cheio de ações de graças, pois um dia foi
humilhado e levado ao pó! Foi um pecador que ficou sozinho perante a Majestade
santa; sua boca ficou fechada e completamente cego, desamparado, a fim de saber
que não passava de um pobre verme! Todo acúmulo de justiça foi lançado fora, um
peso de iniquidade, assim uma leve pena ficou estirada perante o Senhor da
glória, e dali Deus ergueu o novo homem em Cristo.
O que
significa isso? Creio que todo verdadeiro salvo deseja empurrar Paulo desse
lugar de confissão. Todo verdadeiro crente quer antecipar o apóstolo e declarar
que ele é o principal dos pecadores. Os santos fazem parte de uma companhia de
homens e mulheres que foram humilhados pela visitação da graça; num só coro e
numa só voz eles proclamam dizendo: “Cristo morreu pelos nossos pecados!” O
povo de Deus em todo lugar é a reunião dos misericordiosos, porque conheceram
misericórdia. Então, a confissão dos santos é a mesma, da mesma fé. Até mesmo
um grande apóstolo sabe que, no tocante a graça salvadora ele não é diferente;
ele sabe que partilha da mesma justiça com os santos de Deus; sabe que não tem
onde se gloriar, a não ser na cruz (Gálatas 6:14)
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