domingo, 1 de junho de 2014

MUDANÇAS



SPURGEON
“E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro.” (Gênesis 1:5)

       FOI assim também no princípio? A luz e as trevas dividiram o reino do tempo no primeiro dia? Então, não devo admirar-me se também eu experimento mudanças nas minhas circunstâncias, desde o meio-dia da prosperidade até à meia-noite da adversidade. Nem sempre terei na minha alma a brilhante luz do meio-dia; tenho de esperar que venham tempos em que tenha de chorar a ausência dos meus gozos anteriores, e em que procure o meu Amado na noite. E isto não é só para mim, pois todos os amados do Senhor tiveram de entoar o canto do juízo misturado com o canto da misericórdia, o canto da aflição misturado com o canto da salvação e o canto do lamento misturado com o canto do deleite.
       Esta é uma das disposições da Divina providência: que o dia e a noite não cessem, quer no reino espiritual, quer no natural, até que cheguemos “aonde não haverá noite.” O que o nosso Pai celeste ordena é sábio e bom.
O que, então, minha alma, é melhor para ti fazer? Aprende primeiro, a contentar-te com o que Deus dispõe, e dispõe-te a receber, como Jó, o bem e o mal das mãos do Senhor. Procura, depois, alegrar-te nas “saídas da manhã e da tarde.” Quando o Sol radioso nasce, louva o Senhor por isso, assim como pela penumbra da tarde quando o Sol se põe. Há beleza tanto no nascimento como no ocaso do Sol; canta, pois, e glorifica ao Senhor. Canta a todas as horas, como o rouxinol.
       Crê que a noite é tão útil como o dia. O orvalho da graça cai lentamente na noite da angústia. As estrelas da promessa iluminam esplendorosamente no meio das trevas da aflição. Cumpre com o teu encargo em qualquer circunstância. Se durante o dia trabalhas, de noite procura vigiar. Cada hora tem o seu dever; continua na tua chamada como servo do Senhor até que Ele apareça subitamente na Sua glória. Minha alma, a tarde da tua velhice e da tua morte aproximam-se; não a temas, porquanto é uma parte do dia! E o Senhor disse: “todo o dia o protegerei.”

Tradução de Carlos António da Rocha

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