terça-feira, 24 de junho de 2014

COMÉRCIO ESPIRITUAL INSALUBRE (8)




C. H. Spurgeon

         Agora, se não houvesse nenhum Deus, este homem seria muito sábio, mas como há um Deus que nos criou, que virá certamente sobre as nuvens do Céu para chamar a cada um de nós a prestar-Lhe contas pelas coisas que temos feito no corpo, qual, credes vós, será a sentença ditada para este servo infiel? Atrever-se-á a dizer ao seu Rei: “Eu sabia que Tu eras o meu Criador e o meu Senhor, mas considerei que se servisse aos meus conservos isso bastaria; sabia o que era justo para com eles, mas não considerei fazer nada que fosse reto para Contigo?”
         A resposta será: “Servo mau e infiel, sabias o que era bem e o que era mal e, sem embargo, para Comigo, tendo Eu o primeiro direito sobre ti, atuaste injustamente, e ainda que estivesses disposto a inclinar o teu pescoço ante os outros, não te quiseste submeter-te a Mim. Aparta-te de Mim, não te conheço. Tu não Me conheceste, Eu tampouco te conheço. Peso-te na balança e encontro-te completamente reprovado. És lançado fora para sempre.”
         Oh homem ímpio, que esta advertência, se estiveres aqui esta manhã, soe no teu coração assim como também nos seus ouvidos: não desafies mais o teu Criador ou vivas em negligência para com Ele, antes diz: “Levantar-me-ei e irei a meu pai; confessarei que O tenho esquecido e O tenho desprezado, e buscarei a paz por meio do sangue de Jesus Cristo.”
III. Além disso, vou dirigir me a outra espécie de pessoas. Em todas as épocas da igreja, e especialmente neste tempo, há numerosas pessoas que são RELIGIOSAS EXTERIORMENTE, mas cuja religião termina ali.
         Agora, parece-nos surpreendentemente estranho a alguns de nós que um homem esteja atuando corruptamente, que esteja vivendo perversamente, e sem embargo, que pense que os seus caminhos são limpos porque recebe um sacramento ou assiste num certo lugar de adoração.
         Tenho de confessar que para a minha mente isto parece um fenômeno muito estranho: que existam homens de inteligência neste mundo que sabem que a sua conduta é completamente censurável, e sem embargo, que se sentem perfeitamente tranquilos porque observaram diligentemente um ritual preferido; como se o inclinar, e fazer ruídos, ou cantar ou gemer pudessem ser substitutos da santidade de coração.
         Olhai para o fariseu, e dizei-me se não é um portento moral! Devora as casas das viúvas, e está pronto para caçar tudo o que lhe venha à mão; é um hipócrita detestável, porém, o homem está perfeitamente tranquilo porque estendeu as franjas dos seus mantos, jejua duas vezes por semana e côa o mosquito do vinho que bebe; está muito contente consigo mesmo e todos os seus caminhos lhe parecem retos, tão retos, na verdade, que outros homens que são melhores do que ele recebem o seu desprezo quando passa junto a eles, temeroso de que se interponham entre o vento e a sua nobreza.
         Dá graças a Deus porque não é como os outros homens, quando, até onde podemos julgar vós e eu, ele está dez mil braças mais afundado na tenebrosa condenação pelo seu caráter horrivelmente hipócrita.




Nenhum comentário: