C. H. Spurgeon
Agora,
se não houvesse nenhum Deus, este homem seria muito sábio, mas como há um Deus
que nos criou, que virá certamente sobre as nuvens do Céu para chamar a cada um
de nós a prestar-Lhe contas pelas coisas que temos feito no corpo, qual, credes
vós, será a sentença ditada para este servo infiel? Atrever-se-á a dizer ao seu
Rei: “Eu sabia que Tu eras o meu Criador e o meu Senhor, mas considerei que se
servisse aos meus conservos isso bastaria; sabia o que era justo para com eles,
mas não considerei fazer nada que fosse reto para Contigo?”
A
resposta será: “Servo mau e infiel, sabias o que era bem e o que era mal e, sem
embargo, para Comigo, tendo Eu o primeiro direito sobre ti, atuaste
injustamente, e ainda que estivesses disposto a inclinar o teu pescoço ante os
outros, não te quiseste submeter-te a Mim. Aparta-te de Mim, não te conheço. Tu
não Me conheceste, Eu tampouco te conheço. Peso-te na balança e encontro-te
completamente reprovado. És lançado fora para sempre.”
Oh
homem ímpio, que esta advertência, se estiveres aqui esta manhã, soe no teu
coração assim como também nos seus ouvidos: não desafies mais o teu Criador ou
vivas em negligência para com Ele, antes diz: “Levantar-me-ei e irei a meu pai;
confessarei que O tenho esquecido e O tenho desprezado, e buscarei a paz por
meio do sangue de Jesus Cristo.”
III. Além disso, vou dirigir me a outra espécie de
pessoas. Em todas as épocas da igreja, e especialmente neste tempo, há
numerosas pessoas que são RELIGIOSAS EXTERIORMENTE, mas cuja religião termina
ali.
Agora,
parece-nos surpreendentemente estranho a alguns de nós que um homem esteja
atuando corruptamente, que esteja vivendo perversamente, e sem embargo, que
pense que os seus caminhos são limpos porque recebe um sacramento ou assiste
num certo lugar de adoração.
Tenho
de confessar que para a minha mente isto parece um fenômeno muito estranho: que
existam homens de inteligência neste mundo que sabem que a sua conduta é
completamente censurável, e sem embargo, que se sentem perfeitamente tranquilos
porque observaram diligentemente um ritual preferido; como se o inclinar, e
fazer ruídos, ou cantar ou gemer pudessem ser substitutos da santidade de
coração.
Olhai
para o fariseu, e dizei-me se não é um portento moral! Devora as casas das
viúvas, e está pronto para caçar tudo o que lhe venha à mão; é um hipócrita
detestável, porém, o homem está perfeitamente tranquilo porque estendeu as
franjas dos seus mantos, jejua duas vezes por semana e côa o mosquito do vinho
que bebe; está muito contente consigo mesmo e todos os seus caminhos lhe
parecem retos, tão retos, na verdade, que outros homens que são melhores do que
ele recebem o seu desprezo quando passa junto a eles, temeroso de que se
interponham entre o vento e a sua nobreza.
Dá
graças a Deus porque não é como os outros homens, quando, até onde podemos
julgar vós e eu, ele está dez mil braças mais afundado na tenebrosa condenação
pelo seu caráter horrivelmente hipócrita.
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