quarta-feira, 18 de junho de 2014

COMÉRCIO ESPIRITUAL INSALUBRE (3)




C. H. Spurgeon
Viajei há algum tempo num navio de ferro a vapor para o Continente e o capitão disse-me que a bússola estava muito longe de ser digna de confiança quando estava rodeada de muito ferro, e que algumas vezes, até onde sabia, quando tinha manobrado o timão corretamente, se havia encontrado consideravelmente muito fora da sua rota. Ainda que a bússola estivesse colocada no alto dos mastros, para que estivesse o mais longe possível da região da atração metálica, o desvio e as aberrações no caso da sua própria bússola tinham sido extremamente notáveis em várias ocasiões.
         De igual maneira, a nossa consciência, como originalmente procedeu de Deus era, sem dúvida, uma norma extremamente correta acerca do bem e do mal, e se tivéssemos navegado de conformidade com ela, teríamos alcançado muito certamente o porto; mas, a consciência está agora vinculada com uma natureza depravada, que impede o seu correto funcionamento. Agora, se quando a bússola errar, as leis da natureza variassem para compensar os defeitos dela, as aberrações não importariam; mas, se o homem é desorientado por uma agulha desviada, poderá chocar inesperadamente contra uma rocha, e irá a pique, tão certamente como se o timoneiro se tivesse descuidado de revisar a bússola totalmente.
         Assim, se a lei de Deus pudesse ser moldada para que se adequasse aos erros do nosso juízo, poderia não importar; porém, as leis permanecem sendo as mesmas teimosa e inflexivelmente, e se nos desviarmos do caminho reto por causa deste nosso falso juízo, não seremos menos culpados e descobriremos que o nosso destino não será menos terrível.
         Por isso, na verdade, com uma maior veemência e sinceridade devida para convosco, e com um maior quebrantamento e humildade de espírito por minha conta, esta manhã trato deste assunto, desejando falar com as diversas espécies de pessoas que haja entre vós, exortando-vos a não vos deixardes adular pelas vossas próprias concepções da vossa posição para não sairdes do rumo no qual deveríeis manobrar e suplicando-vos para que recordeis que, sem importar quão bem possais adular-vos a vós mesmos com a ideia de que o vosso caminho é reto e claro, o inevitável dia do juízo deverá acabar com todos os erros, por prazenteiros que sejam.
         Comerciantes espirituais, falo para vós, neste dia, para vos recordar a grande auditoria que se aproxima e para vos advertir que não façais um formoso espetáculo por um tempo, terminando por fim numa colisão. Estou seguro de que há muito comércio espiritual por toda parte, e para vos salvar disso, peço ao Espírito Santo que me ajude a falar de maneira clara e esquadrinhadora nesta manhã.
         Pretendo, com a ajuda de Deus, aplicar o versículo a diferentes tipos de pessoas. Esforçar-nos-emos por sermos práticos durante a pregação do sermão, enfatizando para cada um de vós a verdade vital com grande denodo.

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