C. H. Spurgeon
II. Agora vou
dirigir-me a uma segunda espécie. OS CAMINHOS DO HOMEM ÍMPIO são limpos na sua
própria opinião, mas o SENHOR pesa os espíritos.
O
homem ímpio é amiúde extremamente reto e moral no seu comportamento exterior
para com os seus semelhantes. Não tem nenhuma religião, mas gloria-se por uma
multidão de virtudes de outro tipo. É tristemente certo que há muitos que
exibem afabilidade, mas que, sem embargo, são pouco amáveis e injustos com o
único Ser que deveria receber o máximo do seu amor, e que deveria ser
respeitado por eles nas suas condutas, antes de mais nada.
Quão
frequentemente me tenho encontrado com o homem ímpio que tem dito: “Falas-me
para que eu tema a Deus! Eu não O conheço, nem O respeito, porém, eu sou muito
melhor que aqueles que o fazem.” Algumas vezes dirá: “Eu considero a tua
religião como uma mera farsa; considero que os Cristãos são constituídos por
duas espécies: canalhas e néscios. Ou são enganados por outros, ou por outro
lado, estão enganando outros por interesses próprios. A tua conversa a respeito
de Deus, amigo, é pura conversa insincera; em relação a alguns deles admito que
não é precisamente isso, mas nesse caso têm muito escasso cérebro para ser
capazes de descobrir que estão enganados. Sem embargo, tomando o assunto como
um todo, e isto tudo é um assunto sem sentido, e se as pessoas se comportassem
com os seus vizinhos como deveria ser, e cumprissem com o seu dever na esfera
da sua vida, isso bastaria.”
Sim,
e há nesta cidade de Londres, milhares e centenas de milhares que pensam que
isto é uma boa lógica, e que abrem os seus olhos com assombro se por um só
instante supõem que estás contradizendo a sua declaração de que um estilo de
vida assim é o melhor e o mais recomendável; e, sem embargo, se pudessem
pensar, nada poderia ser mais insalubre do que a sua vida e a sua suposta
excelência.
Aqui temos um homem criado pelo seu Deus, e
que é colocado no meio dos seus semelhantes, as criaturas; certamente o
primeiro dever que tem é para com o seu Criador. A sua vida depende
inteiramente da vontade desse Criador; o seu primeiro dever tem de ser ter
respeito Àquele em cujas mãos está o seu fôlego.
Porém,
este homem não apenas recusa ser obediente à lei do seu Criador e a respeitá-Lo
nas suas ações diárias, mas acorre para os seus vizinhos, que são simples
criaturas como ele mesmo, e diz-lhes: “A vós, vou ter respeito, mas a Deus,
não. Vou obedecer a qualquer lei a que me obrigue a minha relação convosco, mas
não vou considerar nenhuma lei que contemple a minha relação com Deus, exceto
para a ridicularizar e para me escarnecer dela. Serei obediente a tudo, exceto
a Deus; farei com qualquer um o que é justo, exceto com o Altíssimo. Tenho um
senso do bem e do mal, mas restringirei a sua ação para os meus semelhantes, e
esse senso do bem e do mal irei apagá-lo completamente quando se tratar da
minha relação com Deus.”
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