domingo, 1 de junho de 2014

“A IMUTABILIDADE DE DEUS” (1)



C. H. Spurgeon

“Porque eu, o Senhor, não mudo; por isso vós, ó filhos de Jacob, não sois consumidos.” (Malaquias 3:6)

         Já alguém tem dito que “o estudo apropriado da humanidade é o homem.” Não me vou opor a essa ideia, mas creio que é igualmente certo que o estudo apropriado dos eleitos de Deus, é o próprio Deus. O estudo apropriado do Cristão é a Deidade. A ciência mais elevada, a especulação mais sutil, a filosofia mais poderosa que possa jamais atrair a atenção de um filho de Deus, é o nome, a natureza, a Pessoa, a obra, os fatos e a existência desse grandioso Deus, a quem o Cristão chama Pai.
         Na contemplação da Divindade há algo extraordinariamente benéfico para a mente. É um tema tão amplo que todos os nossos pensamentos se perdem na sua imensidão; tão profundo, que o nosso orgulho se afoga na sua infinidade. Nós podemos abranger e enfrentar outros temas; neles sentimos uma espécie de auto satisfação e prosseguimos no nosso caminho, pensando: “Eis aqui que eu sou sábio.” Porém, quando nos aproximamos desta ciência das ciências e encontramos que o nosso fio de prumo não pode medir a sua profundidade e que o nosso olho de águia não pode ver a sua altura, afastamo-nos pensando que o homem vão queria ser sábio, mas que é como um burrinho selvagem e então exclama solenemente: “sou de ontem e não sei nada.” Nenhum tema contemplativo tenderá a humilhar a mente na maior medida que os pensamentos acerca de Deus. Seremos obrigados a sentir:
“Grande Deus, quão infinito és Tu,
Que vermes sem valor somos nós!”
         Mas se o tema humilha a mente, também a expande. Aquele que pensa em Deus, com frequência, terá uma mente maior do que o homem que simplesmente caminha penosamente ao redor deste estreito globo. Quiçá se trate de um naturalista que faz alarde da sua habilidade para fazer a dissecação de um escaravelho, de estudar a anatomia de uma mosca ou de classificar os insetos e os animais em grupos que têm nomes quase impossíveis de pronunciar.
         Pode ser um geólogo, capaz de dissertar sobre o megatherium e o plesiossauro e todas as espécies de animais extintos. Ele pode pensar que independentemente de qual seja a sua ciência, a sua mente vê-se enobrecida e engrandecida. Atrevo-me a dizer que assim é, mas depois de tudo, o estudo mais excelente para expandir a alma é a ciência de Cristo, e Cristo crucificado, e o conhecimento da Deidade na gloriosa Trindade. Nada há que possa desenvolver tanto o intelecto, nada há que engrandeça tanto a alma do homem como a investigação devota, sincera e contínua do grandioso tema da Deidade. E, ao passo que humilha e alarga, este tema é eminentemente consolador.
         Oh, na contemplação de Cristo há um unguento para cada ferida! Na meditação sobre o Pai, há descanso para cada aflição e na influência do Espírito Santo há um bálsamo para cada chaga! Queres libertar-te das tuas penas? Queres afogar as tuas preocupações? Então, vai e lança-te no mais profundo do mar da Deidade; perde-te na Sua imensidão, e sairás dali como quando te levantas de um leito de descanso, renovado e cheio de vigor. Não conheço nada que possa tanto consolar a alma, que acalme as crescentes ondas da dor e da tristeza, que fale de tanta paz aos ventos das provações, como uma devota reflexão sobre o tema da Deidade. Esta manhã, convido a todos a considerar este tema. Vou apresentar-vos uma só perspectiva — que é a imutabilidade do glorioso Jeová. “Porque Eu”, diz o meu versículo, “Jeová” (assim deve ser traduzido) “Eu sou Jeová, Eu não mudo; por isso, filhos de Jacó, não fostes consumidos.”

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