C.
H. Spurgeon
“Porque eu, o Senhor, não mudo; por isso vós, ó
filhos de Jacob, não sois consumidos.” (Malaquias 3:6)
Já
alguém tem dito que “o estudo apropriado da humanidade é o homem.” Não me vou
opor a essa ideia, mas creio que é igualmente certo que o estudo apropriado dos
eleitos de Deus, é o próprio Deus. O estudo apropriado do Cristão é a Deidade.
A ciência mais elevada, a especulação mais sutil, a filosofia mais poderosa que
possa jamais atrair a atenção de um filho de Deus, é o nome, a natureza, a
Pessoa, a obra, os fatos e a existência desse grandioso Deus, a quem o Cristão
chama Pai.
Na contemplação da Divindade há algo
extraordinariamente benéfico para a mente. É um tema tão amplo que todos os
nossos pensamentos se perdem na sua imensidão; tão profundo, que o nosso
orgulho se afoga na sua infinidade. Nós podemos abranger e enfrentar outros
temas; neles sentimos uma espécie de auto satisfação e prosseguimos no nosso
caminho, pensando: “Eis aqui que eu sou sábio.” Porém, quando nos aproximamos
desta ciência das ciências e encontramos que o nosso fio de prumo não pode
medir a sua profundidade e que o nosso olho de águia não pode ver a sua altura,
afastamo-nos pensando que o homem vão queria ser sábio, mas que é como um
burrinho selvagem e então exclama solenemente: “sou de ontem e não sei nada.”
Nenhum tema contemplativo tenderá a humilhar a mente na maior medida que os
pensamentos acerca de Deus. Seremos obrigados a sentir:
“Grande
Deus, quão infinito és Tu,
Que
vermes sem valor somos nós!”
Mas se o tema humilha a mente, também a
expande. Aquele que pensa em Deus, com frequência, terá uma mente maior do que
o homem que simplesmente caminha penosamente ao redor deste estreito globo.
Quiçá se trate de um naturalista que faz alarde da sua habilidade para fazer a
dissecação de um escaravelho, de estudar a anatomia de uma mosca ou de
classificar os insetos e os animais em grupos que têm nomes quase impossíveis
de pronunciar.
Pode ser um geólogo, capaz de dissertar
sobre o megatherium e o plesiossauro e todas as espécies de animais extintos.
Ele pode pensar que independentemente de qual seja a sua ciência, a sua mente
vê-se enobrecida e engrandecida. Atrevo-me a dizer que assim é, mas depois de
tudo, o estudo mais excelente para expandir a alma é a ciência de Cristo, e
Cristo crucificado, e o conhecimento da Deidade na gloriosa Trindade. Nada há
que possa desenvolver tanto o intelecto, nada há que engrandeça tanto a alma do
homem como a investigação devota, sincera e contínua do grandioso tema da
Deidade. E, ao passo que humilha e alarga, este tema é eminentemente
consolador.
Oh, na contemplação de Cristo há um
unguento para cada ferida! Na meditação sobre o Pai, há descanso para cada
aflição e na influência do Espírito Santo há um bálsamo para cada chaga! Queres
libertar-te das tuas penas? Queres afogar as tuas preocupações? Então, vai e
lança-te no mais profundo do mar da Deidade; perde-te na Sua imensidão, e
sairás dali como quando te levantas de um leito de descanso, renovado e cheio
de vigor. Não conheço nada que possa tanto consolar a alma, que acalme as
crescentes ondas da dor e da tristeza, que fale de tanta paz aos ventos das
provações, como uma devota reflexão sobre o tema da Deidade. Esta manhã,
convido a todos a considerar este tema. Vou apresentar-vos uma só perspectiva —
que é a imutabilidade do glorioso Jeová. “Porque Eu”, diz o meu versículo,
“Jeová” (assim deve ser traduzido) “Eu sou Jeová, Eu não mudo; por isso, filhos
de Jacó, não fostes consumidos.”
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