terça-feira, 3 de junho de 2014

A ENFERMIDADE (12 de 12)



 Um sermão de J. C. Ryle

         Creio que a falta de "integridade" acerca do cristianismo de muitas pessoas é um segredo do seu pouco contentamento, tanto na saúde como na enfermidade. Creio que a religião do tipo "metade e metade," e "boas relações com todo o Mundo," que satisfaz a muitos no dia presente, é ofensiva a Deus e semeia espinhos nos travesseiros dos moribundos, que centenas não descobrem isso até que é muito tarde. Creio que a debilidade e languidez de uma religião assim, nunca é tão visível como num leito de enfermo.
         Se tu e eu necessitamos um "forte consolo" no nosso tempo de necessidade, não devemos contentar-nos com uma união vazia com Cristo. (Hebreus 6:18.) Devemos buscar algo da comunhão com Ele que seja experimental, de coração. Nunca, nunca devemos esquecer, que "união" é uma coisa, e "comunhão" é outra. Milhares, temo-me, que sabem o que é a "união" com Cristo, desconhecem totalmente o que é a "comunhão."
         Pode chegar o dia quando, depois de uma larga luta com a enfermidade, sintamos que a medicina não pode fazer nada mais, que não resta nada, a não ser morrer. Os amigos estarão ao nosso redor, incapazes de nos ajudar. O ouvido, a vista, inclusive o poder de orar, falharão com rapidez. O Mundo e as suas sombras estarão derretendo-se sob os nossos pés. A eternidade, com as suas realidades, elevar-se-á a muita altura diante das nossas mentes. O que será que nos apoiará nessa hora de prova? O que nos permitirá sentir, "não temerei mal algum"? (Salmo 23: 4). Nada, nada pode fazê-lo, a não ser uma comunhão próxima com Cristo. Cristo habitando nos nossos corações pela fé, Cristo pondo a Sua mão direita sob as nossas cabeças, o sentimento de que Cristo está sentado junto a nós, unicamente Cristo pode dar-nos a completa vitória na última luta.
         Apeguemo-nos fortemente a Cristo, amemo-Lo de todo coração, vivamos mais inteiramente para Ele, copiemo-Lo com maior exatidão, confessemo-Lo com denodo, sigamo-lo mais plenamente. Uma religião como esta trará sempre a sua própria recompensa. Os irmãos débeis considerá-la-ão extrema. Mas será muito útil. Na enfermidade, nos trará paz. No Mundo vindouro, dar-nos-á uma coroa de glória que jamais perderá o seu brilho.
         O tempo está curto. A moda deste Mundo passa, dissipa-se. Umas quantas enfermidades mais e tudo terá acabado. Uns quantos funerais mais e terá lugar o nosso próprio funeral. Umas quantas tormentas mais, umas sacudidas mais, e estaremos em porto seguro. Viajamos para um Mundo onde não há mais enfermidade, onde a separação, a dor, o pranto, e o luto terão desaparecido para sempre. O Céu está-se enchendo mais a cada ano, e a Terra está esvaziando-se. No Céu os amigos que nos antecederam são cada vez mais numerosos que os amigos que ficam para trás. "Porque ainda um poucochinho de tempo, e o que há de vir virá, e não tardará." (Hebreus 10: 37) Na Sua presença haverá plenitude de gozo. Cristo enxugará toda a lágrima dos olhos do Seu povo. O último inimigo que será destruído é a morte. Mas será destruído. A morte, ela mesma, um dia morrerá. (Apocalipse 20: 14)
         Enquanto isso, vivamos a vida da fé, no Filho de Deus. Apoiemos todo o nosso peso em Cristo, e regozijemo-nos com o pensamento de que Ele vive para sempre.
Sim: bendito seja Deus! Cristo vive, ainda que nós morramos. Cristo vive, ainda que amigos e familiares sejam levados para a tumba. O que aboliu a morte, vive, e trouxe vida e imortalidade à luz pelo Evangelho. Vive o que disse: "Onde estão, ó morte, as tuas pragas? Onde está, ó inferno, a tua perdição? “(Oséias 13:14) Vive O que um dia mudará o nosso corpo vil, e fá-lo-á semelhante ao Seu corpo glorioso. Na enfermidade e na saúde, na vida e na morte, apoiemo-nos confidencialmente Nele. Certamente devemos repetir diariamente com alguém de antanho, "Bendito seja Deus por Jesus Cristo!"
(extraído de NO CAMINHO DE JESUS)
Tradutor: Carlos António da Rocha

Nenhum comentário: