“O espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita” (João 6:63)
Esta ilustração leva-me a uma verdade.
Nós estamos reunidos aqui como espíritos, como almas. Estamos aqui em nossos
corpos, mas nós não somos esses corpos; eles são a casa em que vivemos. Eu
duvido que exista alguém que pode se definir; o máximo que alguém pode dizer é:
“Eu sou, eu sei que existo, mas que tipo de coisa meu espírito é, não sei. Não
sei dizer; não tenho a informação do que seja. Eu o sinto; eu sei que ele move
meu corpo; percebo suas manifestações exteriores. Tenho certeza da minha
existência, mas o que sou eu não sei; só Deus pode dizer”. “Eu sou o que sou” é
compreensível para Deus, mas o ser humano é incompreensível para si mesmo. Mesmo
que Deus lhe permita dizer: “Pela graça de Deus sou o que sou”, ele não sabe
dizer o que é; ele não compreende sua própria existência. Entenda, então, que,
assim como em nosso ser há um mistério em nossa carne, assim a religião, a
religião verdadeira do Deus bendito, apara ser adequada a nós, precisa ser uma
religião do espírito; mas como temos um corpo, ela também precisa vestir-se de
um corpo. Permita-me tornar isto claro, se eu puder; se você não o compreender
agora, com certeza você terá compreendido quando eu terminar. Nós somos
espíritos dentro de corpos. Para adequar-se a nós, portanto, a grande obra de
Deus em nós precisa ser algo espiritual; mas, para que eu possa falar sobre
isso e você possa ouvi-lo, o que é espiritual precisa ser inserido em um corpo.
Se fosse puramente espiritual, eu não poderia falar dele. Que lhes mostrar isto
porque há algumas pessoas que se ocupam tanto do corpo da religião que esquecem
totalmente que a religião tem um espírito.
O que Jesus quis dizer nesta passagem
é: “Simplesmente incorporar uma religião não adianta nada; é o espírito que
vivifica”. Assim como, usando novamente a minha ilustração, para realizar um
ato, só carne e sangue, braços e pernas não servem para nada, é preciso que o
espírito avive os ossos e mova os tendões e ative os nervos. A religião tem sua
forma exterior, suas cerimônias, seu desenvolvimento visível, seu corpo, mas o
mero corpo da religião não tem serventia nenhuma se o espírito não o vivificar.
I. Para
começar, quero mostrar o que Jesus quis dizer quando pronunciou a frase acima,
no seu contexto. Nos dias do nosso Salvador havia algumas pessoas que admiravam
a Cristo. Admiravam-no como homem, pensavam que havia uma eficácia milagrosa em
Sua carne e sangue. Foi então que Jesus lhes disse as palavras do nosso texto: “Só
minha carne para nada lhes aproveitará; é o espírito que vivifica”. Nós podemos
afirmar esta verdade com muito cuidado, mas com muita clareza. Quando nosso
Salvador esteve na terra houve algumas pessoas que, poderíamos dizer, admiravam
Sua pessoa. Você lembra daqueles que disseram: “Bem-aventurada aquela que te
concebeu, e os seios que te amamentaram!” (Lucas 11:27), e de como o Senhor os
repreendeu. Ele não deixava que as pessoas admirassem sua carne e pensassem
muito de Sua humanidade. “Não”, ele respondeu, “bem-aventurados são os que
ouvem a palavra de Deus e a guardam!”. Havia outros que queriam fazer o Senhor
Jesus ser rei. A estes Ele disse: “Minha carne, se você a colocarem sobre um
trono, não lhes aproveitará para nada. Eu não vim aqui para que vocês se
curvassem diante de mim e venerassem minha carne, para que pensassem que me
admirar é religião. É o espírito, o evangelho que eu vim pregar, que beneficia.
Não são essas ações externas; são os pensamentos e as palavras que eles
interpretam que importam”.
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