C. H. Spurgeon
“Porque
eu, o Senhor, não mudo; por isso vós, ó filhos de Jacob, não sois consumidos.”
(Malaquias 3:6)
Temos três pontos sobre os quais
vamos refletir esta manhã. Antes de mais nada, um Deus que não muda. Em segundo
lugar, as pessoas que são beneficiadas deste glorioso atributo, “os filhos de
Jacó.” E em terceiro lugar, o benefício que obtêm, “não sois consumidos.” Vamos
tratar, agora, estes pontos.
I. Antes de mais nada, temos ante
nós a doutrina da IMUTABILIDADE DE DEUS. “Eu sou o SENHOR, Eu não mudo.” Aqui,
vou tratar de explicar, ou antes, alargar o pensamento e logo apresentar uns
poucos de argumentos para provar a sua verdade.
1. Oferecerei uma exposição do
meu versículo, dizendo primeiro, que Deus é Jeová e Ele não muda na Sua
essência. Não podemos dizer-vos o que é a Deidade. Não sabemos que substância é
essa à qual chamamos Deus. É uma existência, é um Ser. Mas não sabemos o que é
isso. De qualquer modo, seja o que for, nós chamamo-la a Sua essência e essa
essência nunca muda. A substância das coisas mortais está sempre mudando. As
montanhas cobertas de coroas de neve branca desfazem-se dos seus velhos
diademas durante o verão, em rios que deslizam pelas suas encostas, enquanto a
nuvem da tormenta lhes dá uma nova coroa. O oceano, com as suas poderosas
correntes, perde água quando os raios do Sol beijam as ondas que se dissolvem
numa espuma que se eleva para o Céu. Até o próprio Sol requer combustível
fresco da mão do Infinito Todo-Poderoso para alimentar o seu forno ardente.
Todas as criaturas mudam. O homem,
especialmente no que se relaciona com o seu corpo, está sempre experimentando
uma revolução. Muito provavelmente não há uma só partícula no meu corpo que
tenha estado nele durante uns poucos de anos. Esta estrutura foi desgastada
pela atividade, os seus átomos têm sido removidos pela fricção, partículas
novas de matéria têm-se acumulado constantemente no meu corpo e, assim, tem
sido renovado; mas a sua substância é alterada. O material do qual este mundo é
feito está em decadência; como um fluxo de água, as gotas estão caindo e outras
vindo atrás, ainda que mantendo o rio cheio, porém sempre mudando os seus
elementos. Contudo, Deus é
perpetuamente o Mesmo. Ele não é composto de qualquer substância ou matéria,
mas é espírito puro, espírito essencial e etéreo e, portanto, Ele é imutável.
Ele permanece eternamente o mesmo. Não há rugas na Sua testa eterna. A idade
não O debilitou, nem os anos O marcaram com as lembranças da Sua passagem. Ele
vê que as eras passam, mas no que a Ele concerne, é sempre agora. Ele é o
grande EU SOU — o Grande Imutável.
Observai que a Sua essência não sofreu
nenhuma mudança quando Se uniu com a natureza humana. Quando Cristo nos anos
passados preparou para Si um corpo mortal, a essência da Sua divindade não foi
mudada. A carne não se tornou Deus, nem Deus Se tornou carne por meio de uma
mudança real da natureza; as duas naturezas foram unidas numa união
hipostática, mas a Deidade ainda permaneceu sendo a mesma. Era a mesma quando
Ele era um bebê na manjedoura, como era a mesma quando Ele estendeu as cortinas
do Céu; era o mesmo Deus que foi pregado na Cruz e cujo sangue Se derramou numa
corrente púrpura. O mesmo Deus que sustenta o mundo sobre os Seus eternos
ombros, e sustenta nas Suas mãos as chaves da morte e do Inferno. Ele nunca
sofreu mudanças na Sua essência, nem mesmo pela Sua encarnação; Ele permanece
incessantemente, eternamente, como o único Deus imutável, o Pai das luzes, em
quem não há mudança, nem sombra de variação. (Tiago 1:17)
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