segunda-feira, 2 de junho de 2014

“A IMUTABILIDADE DE DEUS” (2)





C. H. Spurgeon

“Porque eu, o Senhor, não mudo; por isso vós, ó filhos de Jacob, não sois consumidos.” (Malaquias 3:6)



Temos três pontos sobre os quais vamos refletir esta manhã. Antes de mais nada, um Deus que não muda. Em segundo lugar, as pessoas que são beneficiadas deste glorioso atributo, “os filhos de Jacó.” E em terceiro lugar, o benefício que obtêm, “não sois consumidos.” Vamos tratar, agora, estes pontos.

I. Antes de mais nada, temos ante nós a doutrina da IMUTABILIDADE DE DEUS. “Eu sou o SENHOR, Eu não mudo.” Aqui, vou tratar de explicar, ou antes, alargar o pensamento e logo apresentar uns poucos de argumentos para provar a sua verdade.
1. Oferecerei uma exposição do meu versículo, dizendo primeiro, que Deus é Jeová e Ele não muda na Sua essência. Não podemos dizer-vos o que é a Deidade. Não sabemos que substância é essa à qual chamamos Deus. É uma existência, é um Ser. Mas não sabemos o que é isso. De qualquer modo, seja o que for, nós chamamo-la a Sua essência e essa essência nunca muda. A substância das coisas mortais está sempre mudando. As montanhas cobertas de coroas de neve branca desfazem-se dos seus velhos diademas durante o verão, em rios que deslizam pelas suas encostas, enquanto a nuvem da tormenta lhes dá uma nova coroa. O oceano, com as suas poderosas correntes, perde água quando os raios do Sol beijam as ondas que se dissolvem numa espuma que se eleva para o Céu. Até o próprio Sol requer combustível fresco da mão do Infinito Todo-Poderoso para alimentar o seu forno ardente.
         Todas as criaturas mudam. O homem, especialmente no que se relaciona com o seu corpo, está sempre experimentando uma revolução. Muito provavelmente não há uma só partícula no meu corpo que tenha estado nele durante uns poucos de anos. Esta estrutura foi desgastada pela atividade, os seus átomos têm sido removidos pela fricção, partículas novas de matéria têm-se acumulado constantemente no meu corpo e, assim, tem sido renovado; mas a sua substância é alterada. O material do qual este mundo é feito está em decadência; como um fluxo de água, as gotas estão caindo e outras vindo atrás, ainda que mantendo o rio cheio, porém sempre mudando os seus elementos.         Contudo, Deus é perpetuamente o Mesmo. Ele não é composto de qualquer substância ou matéria, mas é espírito puro, espírito essencial e etéreo e, portanto, Ele é imutável. Ele permanece eternamente o mesmo. Não há rugas na Sua testa eterna. A idade não O debilitou, nem os anos O marcaram com as lembranças da Sua passagem. Ele vê que as eras passam, mas no que a Ele concerne, é sempre agora. Ele é o grande EU SOU — o Grande Imutável.
         Observai que a Sua essência não sofreu nenhuma mudança quando Se uniu com a natureza humana. Quando Cristo nos anos passados preparou para Si um corpo mortal, a essência da Sua divindade não foi mudada. A carne não se tornou Deus, nem Deus Se tornou carne por meio de uma mudança real da natureza; as duas naturezas foram unidas numa união hipostática, mas a Deidade ainda permaneceu sendo a mesma. Era a mesma quando Ele era um bebê na manjedoura, como era a mesma quando Ele estendeu as cortinas do Céu; era o mesmo Deus que foi pregado na Cruz e cujo sangue Se derramou numa corrente púrpura. O mesmo Deus que sustenta o mundo sobre os Seus eternos ombros, e sustenta nas Suas mãos as chaves da morte e do Inferno. Ele nunca sofreu mudanças na Sua essência, nem mesmo pela Sua encarnação; Ele permanece incessantemente, eternamente, como o único Deus imutável, o Pai das luzes, em quem não há mudança, nem sombra de variação. (Tiago 1:17)

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