terça-feira, 10 de junho de 2014

“A IMUTABILIDADE DE DEUS” (10)



C. H. Spurgeon

“Porque eu, o Senhor, não mudo; por isso vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos.” (Malaquias 3:6)

         Os filhos de Deus não podem viver sem oração. Eles são os “Jacós” lutadores. São homens em quem o Espírito Santo obra de tal maneira que já não podem viver sem oração, como eu não posso viver sem respirar. Eles têm de orar. Senhores, prestai muita atenção, se vós estais vivendo sem oração, estais vivendo sem Cristo. E se morrerdes assim, a vossa porção será no lago que arde com fogo. Que Deus vos redima, que Deus vos resgate de uma tal sorte! Porém, vós sois os “filhos de Jacob”, animai-vos, pois Deus é imutável.
III. Em terceiro lugar, resta tempo só para dizer uma palavra a respeito do outro ponto: O BENEFÍCIO QUE RECEBEM ESTES “FILHOS DE JACOB” DE UM DEUS QUE NÃO MUDA. “Por isso, filhos de Jacob, não sois consumidos.” “Consumidos?” Como? Como pode ser consumido, um homem? Pois, há duas maneiras. Poderíamos ter sido consumidos no Inferno. Se Deus tivesse sido um Deus mutável, os “filhos de Jacob” que estais aqui esta manhã, poderíeis ter sido consumidos no Inferno. Se não fosse pelo amor imutável de Deus eu deveria ter sido um feixe de lenha no fogo. Contudo, há um modo de ser consumido neste mundo. Há a possibilidade de ser condenado mesmo antes de morrer: “já estás condenado.” É possível estar-se vivo e ao mesmo tempo estar completamente morto. Podemos ter sido abandonados aos nossos próprios meios. E então, em onde estaríamos agora? Divertindo-nos com o bêbado, blasfemando contra o Deus Todo-Poderoso. Oh!, se Ele te tivesse deixado, amado Irmão, se Ele tivesse sido um Deus que muda, tu estarias entre os mais imundos dos imundos, e entre os mais vis dos vis.
         Acaso não podes recordar na tua vida temporadas similares às que eu hei sentido? Fui a direito até chegar aos limites do pecado; alguma tentação muito forte me amarrou os meus dois braços, de tal forma que não pude lutar com ela. Fui empurrado, arrastado por um terrível poder satânico até à própria beira de um horrendo precipício. Olhei para baixo, para abaixo, para abaixo, e vi a minha porção. Tremi na beira da ruína. Horrorizei-me com os meus cabelos em pé, ao pensar no pecado que estive a ponto de cometer, a horrível cova na qual estive prestes a cair. Um braço poderoso salvou-me. Eu dei meia volta exclamando: Oh Deus! Como me pude aproximar tanto do pecado e, todavia, pude evitá-lo? Como pude ter caminhado diretamente para forno e não ter caído, como os homens fortes de Nabucodonosor, que foram devorados pela própria chama do fogo? Oh! É possível que eu esteja aqui esta manhã, quando penso em quantos pecados cometi, e nos crimes que cruzaram a minha perversa imaginação? Sim, eu estou aqui, sem ser consumido, porque o Senhor não muda.
         Oh!, se Ele tivesse mudado, já teríamos sido consumidos numa dúzia de formas. Se o Senhor tivesse mudado, tu e eu deveríamos ter sido consumidos por nós mesmos; pois, afinal de contas, o “senhor eu” é o pior inimigo que um Cristão pode ter. Já teríamos sido assassinos das nossas próprias almas. Já teríamos preparado a taça do veneno para os nossos próprios espíritos, se o Senhor não tivesse sido um Deus que não muda, que arrojou a taça para longe das nossas mãos quando estávamos preparados para tomar o veneno. Também já teríamos sido consumidos pelo próprio Deus se Ele não fosse um Deus imutável. Chamamos Deus, ao Pai. Mas não há nenhum pai neste mundo que não tivesse matado a todos os seus filhos há muito tempo, farto da provocação com que o perseguiam, se tivesse recebido a metade dos problemas que Deus recebeu da Sua família. Deus tem a família mais problemática de todo o mundo: incrédulos, ingratos, desobedientes, esquecidos, rebeldes, desencaminhados, murmuradores e de

Nenhum comentário: