quarta-feira, 24 de abril de 2013

O TRIBUNAL DE CRISTO (2)





MACKINTOSH
         Bom é que discirnamos isto. O Apóstolo trabalhava a fim de que pudesse ser aceito. Ele «tinha sujeito» o seu corpo, não fosse que resulta-se desaprovado . Todo o crente deveria fazer o mesmo. Em Cristo já temos sido feitos aceitáveis e, como tais, trabalhamos para sermos aceites Nele (2Co 5:9 ). Deveremos procurar dar a cada verdade o seu próprio lugar, e o modo de fazê-lo é estando muito na presença de Deus e ver a cada verdade em imediata relação com Cristo. Existe sempre o perigo de fazermos uso de uma verdade, de tal maneira, que altere outra verdade. Deveremos guardarmo-nos com muito cuidado de cair nesta situação. Nós cremos que no “Tribunal de Cristo” haverá uma plena manifestação de todos e de tudo. Aí cada coisa sairá à luz. Coisas que pareciam muito brilhantes e dignas de louvor, e que fizeram grande pompa entre os homens, aqui em baixo, serão queimadas como tanta “madeira, feno ou palha” (1Coríntios 3:12-15 ). Coisas que foram demoradamente aclamadas entre os homens e que se utilizaram para colocar os seus nomes num círculo de aplausos humanos, serão submetidas à ação esquadrinhadora do “fogo” e, possivelmente, muitas delas quedarão reduzidas a cinzas.
         No “Tribunal de Cristo” permanecerão a descoberto as opiniões de todos os corações. Todos os motivos, todos os propósitos e todos os desígnios serão pesados nas balanças do santuário. O fogo provará todas as obras de todos os homens, e nada será afirmado como «genuíno» salvo o que haja sido fruto da graça divina nos nossos corações. Todos os motivos misturados –não puros– serão julgados, condenados e consumidos pelas chamas. Todos os preconceitos, os juízos errôneos, as más suposições que tenhamos feito dos demais, todas estas coisas, e muitas outras mais, similares a estas, ficarão expostas à ação do fogo. Então veremos tudo tal como Cristo o vê, julgaremos todas as cosas tal como Ele as julga. Ninguém se comprazerá mais do que eu mesmo, ao ver toda a minha palha queimando-se.
         Ainda agora, à medida que crescemos na luz, no conhecimento e em espiritualidade; à medida que nos acercamos e nos assemelhamos mais a Cristo, condenamos de coração muitas coisas que em outro tempo estimávamos por boas ou pelo menos, não más. Quanto mais, pois, o faremos, quando nos acharmos em pleno resplendor da luz do “Tribunal de Cristo”?
         Pois bem; qual há de ser o efeito prático de tudo isto, no crente? Fazê-lo duvidar da sua salvação? Deixá-lo num estado de incerteza a respeito de se é aceite ou não? Fazer com que ponha em pano de fundo a sua relação com Deus, em Cristo? Seguramente que não. Então, qual é? Levá-lo a que ande com santo cuidado no seu dia a dia, consciente de que caminha ante os olhos do Seu Amo e Senhor; que produza nele um espírito de vigilância, de sobriedade e de “juízo próprio”; que infunda nele fidelidade, diligência e integridade, em todos os seus serviços e em todos os seus caminhos.
         Vejamos uma simples ilustração. Um pai afasta-se da sua casa por algum tempo, e, quando se despede dos seus filhos, estabelece algumas tarefas para que eles as façam e uma determinada linha de conduta para que a adotem durante a sua ausência. Pois bem, quando o pai regressar, louvará a alguns dos seus filhos pela sua fidelidade e diligência, enquanto que a outros reprovará pela sua negligência. Pergunto: Acaso considera a estes últimos, como seus filhos? Acaso rompe o vínculo? De nenhuma maneira; eles são tanto seus filhos, como os outros, ainda que assinale fielmente as suas faltas e os censure por elas. Se têm estado mordendo-se e devorando-se uns aos outros, em vez de fazer a vontade do seu pai; se têm estado a julgar a obra uns dos outros, em vez de ocupar com a sua; se houve invejas e ciúmes em vez dum sincero e fervente desejo de levar a cabo as intenções do pai, então, todas estas coisas deverão afrontar uma merecida censura. Como poderia ser de outro modo?

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