Mas,
então alguns, como a amiga do nosso correspondente, «escapam com horror ante o
pensamento de que os segredos do coração serão manifestados a todos no Tribunal
de Cristo». Bom, o Espírito Santo declara que o Senhor “trará à luz as coisas
ocultas das trevas, e manifestará os desígnios dos corações; e então cada um
receberá de Deus o louvor. ” Ele não especifica ante quem haverá de manifestar-se;
tão pouco isto afeta em absoluto a questão, posto que toda a pessoa sincera
estará muitíssimo mais preocupada com o juízo do Senhor do que com o juízo de
um conservo, com o que agrade a Cristo, não tem de preocupar-se demasiadamente
com o juízo dos homens.
Por
outro lado, se alguém está muito preocupado pela ideia de ter todos os seus propósitos
expostos aos olhos dos homens antes que aos olhos de Cristo, está claro que
algo não anda bem. Isto demonstra que se está ocupando consigo mesmo. Se eu me
resisto a expor «os meus motivos secretos», então, é claro que eles não são retos
e, quanto antes que eu os julgue, melhor.
E,
depois de tudo, em que é que muda o assunto, se os nossos pecados e faltas
fossem manifestados a todos? É um ápice menos feliz, Pedro e Davi, porque
incontáveis milhões de almas tenham lido o relato das suas vergonhosas caídas?
Seguramente que não. Eles sabem que o registro escrito dos seus pecados só
magnifica a graça de Deus e ilustra o valor do sangue de Cristo, e por isso se
deleitam n’Ele. Assim ocorre em todos os casos. Se nos despojarmos mais de nós
mesmos e nos ocuparmos mais com Cristo, teríamos pensamentos mais simples e
corretos, acerca do “Tribunal de Cristo”, assim como de qualquer outro tema de
que se trate.
Que
o Senhor guarde os nossos corações leais a Si mesmo, durante este tempo da Sua
ausência, de modo que quando Ele apareça, não nos envergonhemos diante Dele!
Que todos os nossos trabalhos, comecem, prossigam e terminem Nele, para que o
pensamento e os termos devidamente sopesados e estimados na presença da Sua
glória, não perturbe os nossos corações! Que sejamos constrangidos pelo “amor
de Cristo”, e não pelo temor ao juízo, para viver para Aquele que morreu e
ressuscitou por nós! (2 Coríntios 5:14 e 15 ).
Podemos
deixar-Lhe tudo, com segurança e felicidade, em Suas mãos, já que Ele mesmo
levou os nossos pecados no Seu corpo sobre o madeiro (1Pedro 2:24 ). Não temos
nenhuma razão para temer, pois sabemos que, quando Ele se manifestar, seremos
semelhantes a Ele, porque O veremos tal como Ele é (1João 3:2 ). Assim que
Cristo apareça, seremos transformados à Sua imagem, introduzidos na presença da
Sua glória e, uma vez aí, revisaremos o passado. Veremos retrospectivamente,
desde essa suprema e santa elevação, todos os nossos caminhos aqui em baixo.
Então,
veremos as coisas debaixo duma luz totalmente diferente. Pode ser que fiquemos
atônitos ao ver que muitas coisas que tanto ocuparam os nossos pensamentos aqui
em baixo, serão achadas vãs lá em cima; Entretanto que, por outra parte, muitas
coisas pequenas que foram feitas à margem de todo o interesse pessoal e por
puro amor a Jesus, ficarão diligentemente registradas e serão recompensadas com
acrescimento.
Também
poderemos ver, na clara luz da presença do Senhor, muitos erros e fracassos que
nunca antes tinham sido abarcados pela elevação da nossa visão. E qual será o
fruto de tudo isto? Só o de produzir em nossos corações, fortes e extasiados
hosanas, para louvor Daquele que nos conduziu até ali, através de todas as
armadilhas e perigos, suportando todos os nossos erros e faltas, e que nos
atribuiu um lugar no Seu reino eterno, para sermos expostos aos potentes e
esplendorosos raios da Sua glória e brilhar à Sua imagem para sempre.
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