terça-feira, 30 de abril de 2013

TENDE FÉ EM DEUS



C. H. Mackintosh


Quão propensos somos, nos momentos de apuros e dificuldades, a voltar os nossos olhos para os recursos dos homens! Os nossos corações estão cheios de confiança na débil criatura, nas esperanças humanas e nas expectativas terrenas. Sabemos relativamente pouco do bendito que é olhar simplesmente para Deus. Somos rápidos a olhar para qualquer parte antes de olharmos para Ele. Corremos até qualquer cisterna rota e procuramos apoiarmo-nos em algum báculo de frágil cana, quando temos uma Fonte inesgotável e a Rocha dos séculos sempre próximo de nós.
         No entanto, temos provado um sem número de vezes que o homem é tal qual como uma terra árida, esgotada, sem água. Com total segurança, quando recorremos a Ele, não deixará decepcionar-nos. “Deixai-vos do homem cujo fôlego está nas suas narinas; pois em que se deve ele estimar?” (Is 2:22) E de novo: “Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do SENHOR! Porque será como a tamargueira [s. f. (bot.) nome vulgar de um arbusto pertencente à fam. das tamaricáceas, espontâneo no centro e no Sul de Portugal, e também conhecido por tamarga e tamariz; para alguns autores, qualquer arbusto do género Tamarix da família  referida, espontâneo ou cultivado em Portugal; (Ang.) o m. q. tarrafe. (De tamarga + -eira)  ] no deserto, e não verá quando vem o bem; antes morará nos lugares secos do deserto, na terra salgada e inabitável.” (Jeremias 17:5 e 6)
         Tal é o triste resultado do crente ao apoiar-se na criatura: aridez, desolação, inquietação; como a retama (O mesmo que giesta) no deserto. Nenhuma chuva refrescante, nenhum orvalho do céu, nenhum bem, nada exceto sequidão e esterilidade. Como poderia ser de outro modo, quando o coração está afastado do Senhor, única fonte de bênção? Não está ao alcance da criatura satisfazer o coração. Só Deus pode fazê-lo. Ele pode satisfazer cada uma das nossas necessidades e cada um dos nossos desejos. Deus nunca falha ao coração que confia Nele.
         Mas deve-se confiar Nele deveras. Meus irmãos, o que se aproveitará se alguém diz que confia em Deus, se realmente não o faz? Uma fé fingida não conduzirá a nada. De nada vale confiar de palavra ou de língua. É preciso que o seja de fato e em verdade. Que proveito tem uma fé que põe um olho no Criador e o outro na criatura? Podem Deus e a criatura ocupar a mesma plataforma? Impossível! Deve ser Deus ou a criatura, com a maldição, que sempre se segue, quando tem lugar esta última opção.
         Notai o contraste: “Bendito o homem que confia no SENHOR, e cuja confiança é o SENHOR. Porque será como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro, e não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde; e no ano de sequidão não se afadiga, nem deixa de dar fruto.” (Jeremias 17:7 e 8)
         Que bendito! Que brilhante! Que precioso! Quem não porá a sua confiança num Deus assim? Quão aprazível é que nos lancemos completa e absolutamente nos Seus braços! Estar confinado a Ele. Tê-Lo ocupando toda a amplitude da visão da alma. Encontrar todas as nossas fontes Nele. Sermos capazes de dizer: “Ó minha alma, espera somente em Deus, porque dele vem a minha esperança. Só ele é a minha rocha e a minha salvação; é a minha defesa; não serei abalado.” (Salmo 62:5 e 6)
         Note-se essa palavra: “somente”. É muito perscrutadora. De nada se aproveitará que digamos que confiamos em Deus, quando estamos todo o tempo olhando de soslaio para a criatura. Estar falando frequentemente de olhar para o Senhor quando, na realidade, estamos esperando que os nossos semelhantes nos ajudem, é de temer-se muitíssimo. “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá? Eu, o SENHOR, esquadrinho o coração e provo os rins; e isto para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto das suas ações.” (Jeremias 17:9 e 10)
         Quanta necessidade temos de julgar na presença de Deus as mais profundas motivações que animam o nosso coração! Somos muito propensos a enganarmo-nos a nós mesmos pelo uso de frases que, no que a nós diz respeito, não têm absolutamente nenhuma força, nenhum valor, nenhuma verdade. A linguagem da fé poderá estar nos nossos lábios, mas, na realidade, o nosso coração está cheio de confiança no homem. Falamos aos demais acerca da nossa fé em Deus, só com o propósito de que nos ajudem a sair das nossas dificuldades.
         Sejamos honestos. Caminhemos na clara luz da presença de Deus, na qual cada coisa é vista tal como realmente é. Não privemos a Deus da Sua glória, nem as nossas almas de abundantes bênçãos, por causa duma oca confissão de dependência Nele quando, em realidade, o nosso coração está indo secretamente atrás de alguma fonte humana. Não percamos tão grande gozo, paz e bênção, tão grande força, estabilidade e vitória que a fé sempre acha no Deus vivente, no vivente Cristo de Deus e na vivente Palavra de Deus. Oh, tenhamos fé em Deus! “E Jesus, respondendo, disse-lhes: Tende fé em Deus” (Marcos 11:22). 

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