C. H. Mackintosh
Quão
propensos somos, nos momentos de apuros e dificuldades, a voltar os nossos
olhos para os recursos dos homens! Os nossos corações estão cheios de confiança
na débil criatura, nas esperanças humanas e nas expectativas terrenas. Sabemos
relativamente pouco do bendito que é olhar simplesmente para Deus. Somos
rápidos a olhar para qualquer parte antes de olharmos para Ele. Corremos até
qualquer cisterna rota e procuramos apoiarmo-nos em algum báculo de frágil
cana, quando temos uma Fonte inesgotável e a Rocha dos séculos sempre próximo
de nós.
No
entanto, temos provado um sem número de vezes que o homem é tal qual como uma
terra árida, esgotada, sem água. Com total segurança, quando recorremos a Ele,
não deixará decepcionar-nos. “Deixai-vos do homem cujo fôlego está nas suas
narinas; pois em que se deve ele estimar?” (Is 2:22) E de novo: “Maldito o
homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração
do SENHOR! Porque será como a tamargueira [s. f. (bot.) nome vulgar de um
arbusto pertencente à fam. das tamaricáceas, espontâneo no centro e no Sul de
Portugal, e também conhecido por tamarga e tamariz; para alguns autores,
qualquer arbusto do género Tamarix da família referida, espontâneo ou
cultivado em Portugal; (Ang.) o m. q. tarrafe. (De tamarga + -eira) ] no
deserto, e não verá quando vem o bem; antes morará nos lugares secos do
deserto, na terra salgada e inabitável.” (Jeremias 17:5 e 6)
Tal
é o triste resultado do crente ao apoiar-se na criatura: aridez, desolação,
inquietação; como a retama (O mesmo que giesta) no deserto. Nenhuma chuva
refrescante, nenhum orvalho do céu, nenhum bem, nada exceto sequidão e
esterilidade. Como poderia ser de outro modo, quando o coração está afastado do
Senhor, única fonte de bênção? Não está ao alcance da criatura satisfazer o
coração. Só Deus pode fazê-lo. Ele pode satisfazer cada uma das nossas
necessidades e cada um dos nossos desejos. Deus nunca falha ao coração que confia
Nele.
Mas
deve-se confiar Nele deveras. Meus irmãos, o que se aproveitará se alguém diz
que confia em Deus, se realmente não o faz? Uma fé fingida não conduzirá a
nada. De nada vale confiar de palavra ou de língua. É preciso que o seja de fato
e em verdade. Que proveito tem uma fé que põe um olho no Criador e o outro na
criatura? Podem Deus e a criatura ocupar a mesma plataforma? Impossível! Deve
ser Deus ou a criatura, com a maldição, que sempre se segue, quando tem lugar
esta última opção.
Notai
o contraste: “Bendito o homem que confia no SENHOR, e cuja confiança é o
SENHOR. Porque será como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas
raízes para o ribeiro, e não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica
verde; e no ano de sequidão não se afadiga, nem deixa de dar fruto.” (Jeremias
17:7 e 8)
Que
bendito! Que brilhante! Que precioso! Quem não porá a sua confiança num Deus
assim? Quão aprazível é que nos lancemos completa e absolutamente nos Seus
braços! Estar confinado a Ele. Tê-Lo ocupando toda a amplitude da visão da
alma. Encontrar todas as nossas fontes Nele. Sermos capazes de dizer: “Ó minha
alma, espera somente em Deus, porque dele vem a minha esperança. Só ele é a
minha rocha e a minha salvação; é a minha defesa; não serei abalado.” (Salmo
62:5 e 6)
Note-se
essa palavra: “somente”. É muito perscrutadora. De nada se aproveitará que
digamos que confiamos em Deus, quando estamos todo o tempo olhando de soslaio
para a criatura. Estar falando frequentemente de olhar para o Senhor quando, na
realidade, estamos esperando que os nossos semelhantes nos ajudem, é de
temer-se muitíssimo. “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e
perverso; quem o conhecerá? Eu, o SENHOR, esquadrinho o coração e provo os
rins; e isto para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto das
suas ações.” (Jeremias 17:9 e 10)
Quanta
necessidade temos de julgar na presença de Deus as mais profundas motivações
que animam o nosso coração! Somos muito propensos a enganarmo-nos a nós mesmos
pelo uso de frases que, no que a nós diz respeito, não têm absolutamente
nenhuma força, nenhum valor, nenhuma verdade. A linguagem da fé poderá estar
nos nossos lábios, mas, na realidade, o nosso coração está cheio de confiança
no homem. Falamos aos demais acerca da nossa fé em Deus, só com o propósito de
que nos ajudem a sair das nossas dificuldades.
Sejamos
honestos. Caminhemos na clara luz da presença de Deus, na qual cada coisa é
vista tal como realmente é. Não privemos a Deus da Sua glória, nem as nossas
almas de abundantes bênçãos, por causa duma oca confissão de dependência Nele
quando, em realidade, o nosso coração está indo secretamente atrás de alguma
fonte humana. Não percamos tão grande gozo, paz e bênção, tão grande força,
estabilidade e vitória que a fé sempre acha no Deus vivente, no vivente Cristo
de Deus e na vivente Palavra de Deus. Oh, tenhamos fé em Deus! “E Jesus,
respondendo, disse-lhes: Tende fé em Deus” (Marcos 11:22).
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