domingo, 21 de abril de 2013

DEUS ESTÁ EM TODAS AS CIRCUNSTÂNCIAS




C. H. Mackintosh 
         Não há nada que ajude tanto o cristão a suportar as provas que encontra no seu caminho do que o hábito de ver Deus em todas as circunstâncias. Não há circunstância, por mais trivial ou comum que seja, que não possa ser considerada como um mensageiro de Deus, se apenas o ouvido tiver sido circuncidado para ouvir, e a mente for espiritual para entender a mensagem. Se perdermos de vista essa valiosa verdade, a vida, em inúmeras ocasiões, não será mais do que uma maçadora monotonia, não nos apresentando nada além de circunstâncias ordinárias, comuns. Por outro lado, se pudermos lembrar, à medida que começamos cada novo dia, que a mão de nosso Pai pode ser identificada em cada cena — se pudermos ver, tanto na menor como na mais pesada circunstância, um pouco da presença Divina, quão significativa não se tornará a história de cada um dos nossos dias!
         O livro de Jonas ilustra essa verdade de forma marcante. Ali aprendemos aquilo que tanto precisamos lembrar: não há nada comum nem normal para o cristão; tudo é extraordinário. As coisas mais comuns, a mais simples circunstância ocorrida — revelam, na história de Jonas, as evidências da intervenção especial. Para ver esses instrutivos pontos, não é necessário entrar nalguma exposição detalhada do Livro de Jonas; precisamos apenas de uma expressão, que de novo sempre aparece, ou seja: o Senhor preparou.
         No capítulo um, o Senhor enviou um forte vento ao mar, e esse vento continha a solene voz para o ouvido do profeta, se apenas ele estivesse atento para ouvir. Jonas é que precisava de ensino; foi para ele que o mensageiro foi enviado. Os pobres marinheiros pagãos, sem dúvida, já se haviam muitas vezes deparado com uma tempestade; para eles isso não era nada novo, nada especial, nada mais que a sorte comum dos homens do mar; contudo, era especial e extraordinário para um indivíduo a bordo, embora esse alguém estivesse adormecido no porão do navio. Em vão tentaram os marinheiros reagir à tormenta; nada ajudaria enquanto a mensagem do Senhor não tivesse alcançado o ouvido daquele para quem ela havia sido enviada.
         Seguindo Jonas um pouquinho mais, percebemos outra ocasião em que podemos identificar Deus em todas as circunstâncias. Ele é levado a novas circunstâncias, contudo não está além do alcance dos mensageiros de Deus. O cristão não pode jamais deparar-se numa posição em que a voz do seu Pai não lhe possa alcançar o ouvido, ou em que a mão do seu Pai não possa alcançar a sua situação, porque tanto a Sua voz pode ser ouvida assim como a Sua mão pode ser vista em qualquer lugar. Dessa forma, quando Jonas foi lançado para dentro do mar, "Deparou o Senhor um grande peixe, para que tragasse a Jonas". Aqui, também, vemos que não há nada comum para o filho de Deus. Um grande peixe não era nada incomum; há muitos deles no mar; contudo o Senhor preparou um para Jonas, de forma que ele fosse o mensageiro de Deus para a sua alma.
         Novamente, no capítulo quatro, encontramos o profeta assentado no lado oriental da cidade de Nínive, num impaciente mau humor, aborrecido porque a cidade não havia sido subvertida, implorando que o Senhor lhe tire a vida. Parece que ele havia esquecido a lição aprendida durante os três dias de viagem nas profundezas do mar, e por isso precisava de uma nova mensagem de Deus: "E o Senhor lhe preparou uma aboboreira". Isso é muito instrutivo.      De fato nada havia de incomum na circunstância da aboboreira; outros homens decerto viam milhares delas, e, além do mais, possivelmente se assentavam junto à sua sombra, e nada viam de extraordinário nelas. Mas a aboboreira de Jonas dava mostras da mão de Deus, e formava um elo — um importante elo — na corrente das circunstâncias através das quais, pelo desígnio de Deus, o profeta estava passando. A aboboreira agora, como o grande peixe anteriormente, embora muito diferentes quanto à espécie, era o mensageiro de Deus para a sua alma. "E Jonas ficou grandemente agradecido pela aboboreira." Anteriormente ele havia desejado morrer, mas esse desejo era mais o resultado da sua impaciência e desgosto, do que de um santo desejo de partir e descansar para sempre. Era mais aflição pelos acontecimentos presentes, do que a alegria pelo futuro que fazia com que desejasse partir daqui.
        

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