segunda-feira, 22 de abril de 2013

DEUS ESTÁ EM TODAS AS CIRCUNSTÂNCIAS (2)




C. H. Mackintosh 

         Muitas vezes é isso que acontece. Frequentemente estamos ansiosos de nos ver livres das pressões desta vida; mas se essas pressões fossem removidas, o desejo cessaria. Se desejássemos a volta de Jesus, e a glória da Sua bendita presença, as circunstâncias não fariam diferença; deveríamos, então, possuir esse desejo tão ardente pela volta Dele como temos o desejo de nos ver livres de nossas atuais pressões e tristezas. Jonas, enquanto estava assentado junto à sombra da aboboreira, não pensava em partir, e o próprio fato de estar grandemente agradecido pela aboboreira provou o quanto ele precisava dessa mensagem especial do Senhor; ela serviu para tornar manifesta a verdadeira condição da sua alma, quando pronunciou estas palavras: "Toma, eu te peço, a minha vida; porque me é melhor morrer do que viver".
         O Senhor pode fazer até mesmo de uma aboboreira um instrumento para revelar os segredos do coração humano. Com toda a verdade o cristão pode dizer: Deus está em todas as circunstâncias. A tempestade ruge, e a voz de Deus ouve-Se; uma aboboreira brota em silêncio, e nisso se vê a mão de Deus. Contudo, a aboboreira era um mero elo da corrente, porque o Senhor preparou um verme, e esse verme, insignificante como era, quando visto como um instrumento, era, contudo, agente divino tanto quanto o "forte vento" ou o "grande peixe". Um verme, quando usado por Deus, pode fazer maravilhas; ele murchou a aboboreira de Jonas, e ensinou-lhe, da mesma forma que ensina a nós, uma solene lição.
         De fato, ele era apenas um agente insignificante, cuja eficácia dependia da sua cooperação com outros; mas isso meramente ilustra mais ainda a grandeza da mente de nosso Pai. Ele pode preparar um verme, e Ele pode preparar um ardente vento oriental, e fazer com que ambos, embora tão diferentes um do outro, se tornem favoráveis aos Seus grandes desígnios.
         Em suma, a mente espiritual vê Deus em todas as circunstâncias. O verme, a baleia e a tempestade, todos são instrumentos na Sua mão. Tanto os mais insignificantes como os mais esplêndidos agentes, todos promovem a Sua vontade. O vento oriental não teria sido eficiente, mesmo sendo tão ardente, se antes o verme não tivesse executado o trabalho para o qual foi designado. Quão impressionante é isso tudo! Quem é que pensaria que um verme e um vento oriental poderiam ser ambos co-agentes na execução de um trabalho de Deus? Contudo foi isso o que aconteceu. Grande e pequeno são termos usados pelos homens; eles não podem ser usados com referência a Ele "que se inclina para ver o que se passa no céu" bem como o que se passa "sobre a terra" (Salmo 113.6). Todas essas coisas são iguais para Ele "que está assentado sobre a redondeza da terra" (Is 40.22). Jeová pode contar o número das estrelas, e enquanto Ele o faz, sabe exatamente o que acontece com uma pequenina ave que está sendo abatida. Ele pode fazer do redemoinho a Sua carruagem, e de um coração quebrantado a Sua morada. Para Deus, nada é grande ou pequeno.
         Por isso o crente não deve considerar nada comum ou ordinário, porque Deus está em todas as circunstâncias. De fato, o cristão deveria passar pelas mesmas circunstâncias — enfrentar as mesmas provas — deparar-se com os mesmos contratempos que os outros homens; mas ele não precisa enfrentá-los do mesmo modo que eles, nem deve interpretá-los segundo o mesmo princípio; nem devem essas circunstâncias trazer ao seu ouvido o mesmo tipo de relatório ou impressão. Ele deve ouvir a voz de Deus, e deve prestar atenção à Sua mensagem, tanto na mais simples como na mais extraordinária ocorrência do dia. A desobediência de uma criança, ou a perda de um patrimônio, o desvio moral de um empregado ou a morte de um amigo, tudo deveria ser olhado como mensageiros divinos à sua alma.
         Assim também, quando olhamos à nossa volta no mundo, Deus está em tudo. Tronos caindo, impérios desmoronando-se, a fome, a pestilência, em cada evento que ocorre entre as nações, tudo exibe traços da mão de Deus, e articula uma voz para o ouvido humano. O Diabo tentará roubar do cristão a doçura deste pensamento; ele vai procurar levar o cristão a pensar, no mínimo, que a mesmice das circunstâncias do dia-a-dia nada tem de extraordinário, mas é o que acontece com todos os outros homens. Mas não devemos submeter-nos a ele nesse assunto. Devemos iniciar as nossas manhãs com essa verdade vivamente impressa na nossa mente — Deus está em todas as circunstâncias. O Sol que corre os céus em brilhante esplendor, e o verme que se arrasta pelo caminho, foram ambos preparados por Deus, e, mais ainda, podem ambos juntamente cooperar no desenrolar dos Seus insondáveis desígnios.
         Gostaria de mencionar, por fim, que o único que andou constantemente à luz desta preciosa e importante verdade foi o nosso bendito Mestre. Ele viu a mão e ouviu a voz do Pai em todas as circunstâncias. Isso transparece de forma especial nos Seus momentos de mais profundo sofrimento. Ele expressou-Se no jardim do Getsêmane com estas notáveis palavras: "não beberei, porventura, o cálice que o Pai me deu?" (João 18.11), dessa forma reconhecendo plenamente que Deus está em todas as circunstâncias.

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