7.ª Parte
Consideremos agora brevemente a primeira parte do discurso do Zofar, o naamatita: “Mas, na verdade, oxalá que Deus falasse e abrisse os seus lábios contra ti, E te fizesse saber os segredos da sabedoria, que é multíplice em eficácia; pelo que, sabe que Deus exige de ti menos do que merece a tua iniquidade” (Jb 11:5-6 ACF). “Ainda que ele me mate, nele esperarei; contudo, os meus caminhos defenderei diante dele” (JÓ 13:15 ACF).
Estas palavras sabem fortemente a legalismo . Mostram claramente que Zofar não tinha um sentido claro do caráter de Deus. Não conhecia a Deus. Nenhum que possua um verdadeiro conhecimento de Deus poderia falar Dele como de alguém que abre a sua boca contra um pobre pecador aflito ou que exige algo de uma criatura desvalida e necessitada. Deus — bendito seja o Seu Nome por sempre— não é contra nós, mas sim por nós (Ro 8:31 ). Ele não é um exactor ou demandante legal, mas um generoso doador. Prestemos atenção aos últimos versículos que lemos; Zofar diz: “Se tu preparares o teu coração.”(Jó 11:13) Agora bem, o que aconteceria se Jó não tivesse preparado o seu coração? É certo que uma pessoa deveria ter sempre preparado o seu coração; mas isso só será possível quando o seu estado moral for bom. Jó, lamentavelmente, não se achava num bom estado, por isso, quando tenta dispor o seu coração, não encontra nele outra coisa senão iniquidade. Então, o que deveria ele fazer? Zofar não lho podia dizer — como tampouco lho podia dizer nenhum da sua escola—. Eles somente conheciam Deus como um severo opressor, como alguém que só abre a Sua boca para falar contra o pecador.
Estas palavras sabem fortemente a legalismo . Mostram claramente que Zofar não tinha um sentido claro do caráter de Deus. Não conhecia a Deus. Nenhum que possua um verdadeiro conhecimento de Deus poderia falar Dele como de alguém que abre a sua boca contra um pobre pecador aflito ou que exige algo de uma criatura desvalida e necessitada. Deus — bendito seja o Seu Nome por sempre— não é contra nós, mas sim por nós (Ro 8:31 ). Ele não é um exactor ou demandante legal, mas um generoso doador. Prestemos atenção aos últimos versículos que lemos; Zofar diz: “Se tu preparares o teu coração.”(Jó 11:13) Agora bem, o que aconteceria se Jó não tivesse preparado o seu coração? É certo que uma pessoa deveria ter sempre preparado o seu coração; mas isso só será possível quando o seu estado moral for bom. Jó, lamentavelmente, não se achava num bom estado, por isso, quando tenta dispor o seu coração, não encontra nele outra coisa senão iniquidade. Então, o que deveria ele fazer? Zofar não lho podia dizer — como tampouco lho podia dizer nenhum da sua escola—. Eles somente conheciam Deus como um severo opressor, como alguém que só abre a Sua boca para falar contra o pecador.
Haveremos, pois, de nos assombrar de que Zofar estivesse tão longe de redarguir a Job como seus dois companheiros? Todos eles estavam completamente equivocados. A tradição, a experiência e o legalismo são todos igualmente defeituosos, limitados e falsos. Nenhuma destas três coisas — nem as três juntas— podiam ser de ajuda para Jó. Elas só “escurecem o conselho, com palavras sem conhecimento” (Jó 38:2). Nenhum dos três amigos compreendeu Jó; ainda mais, eles não conheciam nem o caráter de Deus, nem o Seu propósito em relação à prova do Seu querido servo. Estavam completamente errados. Não sabiam como expor a Deus ante Jó, e, por conseguinte, tampouco souberam levar a consciência do seu amigo à própria presença de Deus. Em lugar de conduzi-lo ao juízo de si mesmo, só contribuíram para a sua própria justificação. Não introduziram Deus nas suas conversas. Falaram algumas coisas verdadeiras, mais não possuíam a verdade. Trouxeram à luz as suas experiências, a sua tradição e o seu legalismo, mas não expuseram a verdade.
Por esta razão, os três amigos não puderam persuadir a Jó. O seu ministério era de uma natureza parcial e, em vez de fechar a boca a Jó, só conseguiram levá-lo a um campo de discussão que parecia interminável. Jó, então, não deixa de lhes responder palavra por palavra, e de agregar muitas mais: “Na verdade, que só vós sois o povo, e convosco morrerá a sabedoria. Também eu tenho um coração como vós, e não vos sou inferior; e quem não sabe tais coisas como estas?” (Jó 12:2-3). “Vós, porém, sois inventores de mentiras, e, vós todos, médicos que não valem nada. Oxalá vos calásseis de todo, que isso seria a vossa sabedoria!” (Jb 13:4-5 ACF). “Tenho ouvido muitas coisas como estas, todos vós sois consoladores molestos. Porventura não terão fim estas palavras de vento? Ou que te irrita, para assim responderes? Falaria eu, também, como vós falais, se a vossa alma estivesse em lugar da minha alma? Ou amontoaria palavras contra vós e menearia contra vós a minha cabeça?” (Jb 16:2-4 ACF). “Até quando entristecereis a minha alma, e me quebrantareis com palavras? Já dez vezes me envergonhastes; não tendes vergonha de contra mim vos endurecerdes? (...) Compadecei-vos de mim, amigos meus, compadecei-vos de mim, porque a mão de Deus me tocou.” (Jó 19:2-3, 21).
Todas estas expressões demonstram que Jó estava longe de ter esse espírito quebrantado e essa atitude humilde que surgem como resultado de estar na presença de Deus. Sem dúvida, os seus amigos estavam errados, completamente errados nas suas noções a respeito de Deus tanto quanto na sua maneira de tratar com ele. Mas os seus erros não justificavam a Jó. Se a sua consciência tivesse estado na presença de Deus, ele não teria replicado aos seus amigos, ainda quando o seu engano tivesse sido mil vezes maior e a sua maneira de tratá-lo mil vezes mais severa. Teria inclinado humildemente a sua cabeça e permitido que a maré das recriminações e as acusações o enrolasse. Ter-se-ia beneficiado com a mesma severidade dos seus amigos ao considerá-la como uma disciplina saudável para o seu coração. Mas não; Jó ainda não tinha conseguido aniquilar-se a si mesmo. Justificava-se a si próprio, proferia invectivas contra os seus semelhantes e estava cheio de pensamentos errôneos acerca de Deus. Necessitava de outro ministério que o guiasse para uma atitude correta de alma diante de Deus.
Quanto mais detidamente estudamos as extensas discussões que se sucederam entre Jó e os seus amigos, mais claramente advertimos a impossibilidade de que eles alguma vez chegassem a entender-se. Jó estava empenhado em justificar-se a si mesmo; enquanto que os seus amigos tratavam por todos os meios de inculpá-lo. Ele permanecia inquebrável, insubmisso; e o tratamento equivocado de seus amigos só conseguiu endurecer ainda mais a sua postura. Se tanto ele como eles tivessem adotado outra atitude, as coisas teriam sido completamente diferentes. Se Jó se tivesse condenado a si mesmo, se tivesse assumido uma posição humilde, se tivesse considerado que não era nada nem ninguém, não teria dado ocasião a que seus amigos lhe dissessem nada.
E se, por outro lado, eles se tivessem dirigido a ele com suavidade, com ternura e com doçura, teriam tido maior probabilidade de abrandar o seu coração. Como se tinham desenrolado as coisas, não se vislumbrava nenhuma saída. Job não podia ver nada de mau em si mesmo; os seus amigos não podiam ver nada de bom nele. Ele estava firmemente decidido a manter a sua integridade; eles, em troca, a investigar até encontrar defeitos e manchas. Não havia nenhuma aproximação entre eles, nenhuma base comum sobre a qual entender-se. Jó não mostrava indícios de arrependimento; eles não tinham nenhuma compaixão dele. Viajavam em direção oposta e, por conseguinte, jamais podiam encontrar-se. Concretamente, fazia falta um ministério de uma natureza completamente diferente; e este ministério é introduzido na pessoa do Eliú.
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