Robert
Murray McCheyne
“Oh!
Esperança de Israel, Redentor seu no tempo da angústia! Por que serias como um
estrangeiro na terra e como o viandante que se retira a passar a noite? Por que
serias como homem cansado, como valoroso que não pode livrar? Mas tu estás no
meio de nós, ó SENHOR, e nós somos chamados pelo teu nome; não nos desampares.”
(Jer 14:8-9)
Em
muitos lugares de Escócia há boas razões para crer que Deus não é um peregrino
no país, já que o Senhor Jesus Cristo tem sido proclamado e conhecido e o
Espírito Santo tem realizado, conforme ao Seu beneplácito a Sua obra
vivificadora em muitíssimos. Sem embargo, é de temer que em muitos outros
lugares do nosso país Deus é como um peregrino e como um estrangeiro na terra e
como o viandante que se retira a passar a noite.
1.
Quão poucas conversões há no meio de nós! Quando Deus está presente com a
Sua onipotência em algum país, então há muitos que despertam para um sentimento
de convicção de pecado e se juntam ao redil de Cristo. Um ministro piedoso,
falando de tal tempo, quando teve lugar um grande avivamento, dizia:
"Indícios e sinais da presença de Deus se manifestavam em quase todos os
lares. Era um tempo de gozo no círculo de toda família pela salvação que se
havia levado aos seus membros. Os pais regozijavam-se pelos seus filhinhos,
porque estes haviam nascido de novo; os maridos por causa da conversão real das
suas esposas e as esposas pela conversão real dos seus maridos.
A
cidade – continua ele dizendo - parecia estar cheia da presença de Deus. Nunca
antes se haviam visto dias de tanta plenitude de amor e de gozo, ainda que
houvesse numerosos conflitos e quebrantos, como em realidade os havia".
Nada resta de tudo isso, agora, entre nós. Ai, que contraste tão desgraçado e
triste nos oferece a maioria das nossas famílias agora! Quantas famílias nos
rodeiam nas quais não há nenhum membro convertido, nenhuma alma salva!
2.
Quanta morte há até entre os próprios verdadeiros cristãos! Em tempos de
avivamento, quando Deus está presente com todo o Seu poder em algum país, não
só são despertadas as pessoas não convertidas de forma que em tropel vão a
Cristo, mas também, aqueles que eles mesmos já são convertidos, recebem sem
medida o dom do Espírito Santo; quase se diria que experimentam um segundo novo
nascimento; são, diríamos, levados ao Palácio do Rei e dizem acerca de Cristo:
“Beije-me Ele com os beijos da Sua boca; porque melhor é o Seu amor do que o
vinho.” (Ct 1:2) Um querido crente dizia em tal época: "A minha
iniquidade, aquela que eu realmente vejo em mim mesmo, mostra-se enormemente
grande, indizivelmente terrível, como se fosse um dilúvio ou uma inundação
infinita, como se fosse uma imensa cordilheira de montanhas que ameaçam cair
sobre a minha cabeça. Não sei como expressar da melhor maneira e da maneira
mais gráfica como vejo os meus pecados, que não seja dizendo que são como
montões infinitos sobre montões infinitos e multiplicados imensamente pelo
infinito. Muitos a miúdo pululam pela minha mente estas expressões, como também
pela minha boca, infinito sobre o infinito, infinito pelo infinito." Que
pouco deste sentir há entre nós! Que pouco parecemos sentir que o pecado seja
uma maldade infinita! Oh, quão evidente é que Deus é um peregrino, um estranho
na Terra!
3. Que grande é o atrevimento e a
falta de vergonha dos pecadores no seu pecado!
Como
era nos dias de Isaías, assim é nos nossos, nos quais parece que muitos têm
"cerviz, um nervo de ferro, e a sua testa, de bronze.” (Is 48:4) Quando
Deus está presente num país com poder, os pecadores, ainda que continuem
permanecendo nos seus pecados, sem se converterem, andam de outra maneira, não
têm uma ousadia tão descarada como a que ostentam agora. Certo temor e
reverência pesa sobre as suas cabeças. Ai, que não é assim entre nós! As
comportas do pecado estão totalmente abertas de par em par. “Publicam
os seus pecados como Sodoma; não os dissimulam.” (Isa 3:9) Não é, pois,
tempo de clamarmos "Oh! Esperança de Israel, Redentor seu?" Não
deveríamos interrogarmo-nos solenemente sobre quais são as causas pelas quais
Deus é um peregrino na Terra?
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