sexta-feira, 28 de setembro de 2012

POR QUE DEUS É UM ESTRANHO NA TERRA?



Robert Murray McCheyne
Oh! Esperança de Israel, Redentor seu no tempo da angústia! Por que serias como um estrangeiro na terra e como o viandante que se retira a passar a noite? Por que serias como homem cansado, como valoroso que não pode livrar? Mas tu estás no meio de nós, ó SENHOR, e nós somos chamados pelo teu nome; não nos desampares.” (Jer 14:8-9)
         Em muitos lugares de Escócia há boas razões para crer que Deus não é um peregrino no país, já que o Senhor Jesus Cristo tem sido proclamado e conhecido e o Espírito Santo tem realizado, conforme ao Seu beneplácito a Sua obra vivificadora em muitíssimos. Sem embargo, é de temer que em muitos outros lugares do nosso país Deus é como um peregrino e como um estrangeiro na terra e como o viandante que se retira a passar a noite.
         1. Quão poucas conversões há no meio de nós! Quando Deus está presente com a Sua onipotência em algum país, então há muitos que despertam para um sentimento de convicção de pecado e se juntam ao redil de Cristo. Um ministro piedoso, falando de tal tempo, quando teve lugar um grande avivamento, dizia: "Indícios e sinais da presença de Deus se manifestavam em quase todos os lares. Era um tempo de gozo no círculo de toda família pela salvação que se havia levado aos seus membros. Os pais regozijavam-se pelos seus filhinhos, porque estes haviam nascido de novo; os maridos por causa da conversão real das suas esposas e as esposas pela conversão real dos seus maridos.
         A cidade – continua ele dizendo - parecia estar cheia da presença de Deus. Nunca antes se haviam visto dias de tanta plenitude de amor e de gozo, ainda que houvesse numerosos conflitos e quebrantos, como em realidade os havia". Nada resta de tudo isso, agora, entre nós. Ai, que contraste tão desgraçado e triste nos oferece a maioria das nossas famílias agora! Quantas famílias nos rodeiam nas quais não há nenhum membro convertido, nenhuma alma salva!
         2. Quanta morte há até entre os próprios verdadeiros cristãos! Em tempos de avivamento, quando Deus está presente com todo o Seu poder em algum país, não só são despertadas as pessoas não convertidas de forma que em tropel vão a Cristo, mas também, aqueles que eles mesmos já são convertidos, recebem sem medida o dom do Espírito Santo; quase se diria que experimentam um segundo novo nascimento; são, diríamos, levados ao Palácio do Rei e dizem acerca de Cristo: “Beije-me Ele com os beijos da Sua boca; porque melhor é o Seu amor do que o vinho.” (Ct 1:2) Um querido crente dizia em tal época: "A minha iniquidade, aquela que eu realmente vejo em mim mesmo, mostra-se enormemente grande, indizivelmente terrível, como se fosse um dilúvio ou uma inundação infinita, como se fosse uma imensa cordilheira de montanhas que ameaçam cair sobre a minha cabeça. Não sei como expressar da melhor maneira e da maneira mais gráfica como vejo os meus pecados, que não seja dizendo que são como montões infinitos sobre montões infinitos e multiplicados imensamente pelo infinito. Muitos a miúdo pululam pela minha mente estas expressões, como também pela minha boca, infinito sobre o infinito, infinito pelo infinito." Que pouco deste sentir há entre nós! Que pouco parecemos sentir que o pecado seja uma maldade infinita! Oh, quão evidente é que Deus é um peregrino, um estranho na Terra!
3. Que grande é o atrevimento e a falta de vergonha dos pecadores no seu pecado!
         Como era nos dias de Isaías, assim é nos nossos, nos quais parece que muitos têm "cerviz, um nervo de ferro, e a sua testa, de bronze.” (Is 48:4) Quando Deus está presente num país com poder, os pecadores, ainda que continuem permanecendo nos seus pecados, sem se converterem, andam de outra maneira, não têm uma ousadia tão descarada como a que ostentam agora. Certo temor e reverência pesa sobre as suas cabeças. Ai, que não é assim entre nós! As comportas do pecado estão totalmente abertas de par em par. “Publicam os seus pecados como Sodoma; não os dissimulam.” (Isa 3:9) Não é, pois, tempo de clamarmos "Oh! Esperança de Israel, Redentor seu?" Não deveríamos interrogarmo-nos solenemente sobre quais são as causas pelas quais Deus é um peregrino na Terra?

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