Horatius
Bonar
Desde
então, tenho relatado muitas vezes esta anedota, para ilustrar o evangelho; e
tem tido o seu efeito. O assombro do homem perante o fato de que as obras de
outro, em lugar das suas, eram suficientes, comunica a ideia dos efeitos
produzidos pelo evangelho de Cristo. “Cristo por nós”, é a mensagem que
anunciamos; Cristo “carregando os nossos pecados no Seu próprio corpo no
madeiro”. Cristo fazendo o que devíamos ter feito nós, carregando o que nós
devíamos ter carregado; Cristo cravado na nossa cruz, morrendo a nossa morte,
pagando a nossa dívida: tudo isto para acercar-nos de Deus e para nos dar a
vida eterna. Esta é a mensagem pura do evangelho: que todo aquele que crê é
salvo, e nunca virá a condenação.
São
poucos os que não sabem o que significa a palavra “substituto” em relação com
as coisas comuns; não obstante, convém-nos considerar como compreender
corretamente o significado desta palavra, pois é a chave para a compreensão
correta do evangelho. “Cristo por nós”, ou Cristo nosso Substituto, é o
evangelho, ou as boas novas de grande gozo, que os apóstolos pregaram, e que
nós podemos anunciar ainda nestes tempos últimos aos filhos dos homens como a
sua verdadeira esperança. As boas novas que anunciamos não constituem o que
Deus nos ordena fazer a fim de Ele Se reconciliar conosco, mas o que o Filho de
Deus tem feito em nosso lugar. Tomou o nosso lugar aqui na Terra, a fim de que
pudéssemos obter um lugar no Céu. Como o Único Perfeito, na vida e na morte,
como o Autor e o Sofredor, Deus apresenta-nos a fim de que obtenhamos o
benefício completo dessa perfeição assim que recebemos o Seu evangelho. Toda a
nossa imperfeição, por maior que seja, desaparece perante a Sua completa
perfeição, de modo que Deus vê-nos não como nós somos, mas como Ele é. Tudo o
que somos, fizemos e fomos, desaparece no que Ele é, fez, e foi. “Àquele que
não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que, Nele, fôssemos feitos
justiça de Deus.” (2 Coríntios 5:21).
Esta
totalidade com que carregou com os pecados o Filho de Deus, como o Substituto,
é a base da fé do pecador. É sobre isto que apoiamos os nossos entendimentos
com Deus. Necessitamos de alguém que carregue com os nossos pecados, e Deus
deu-nos Aquele que é totalmente perfeito e divino. “O castigo que nos traz a
paz estava sobre Ele, e, pelas Suas pisaduras, fomos sarados.” (Isaías
53:5). “Levando Ele mesmo em Seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro” (1
Pedro 2:24).
Em
certa ocasião favorável conversamos sobre isto com um jovem. Este, sentado com
a sua Bíblia nas suas mãos, refletia sobre o caminho da vida, interrogando-se:
“O que devo fazer para ser salvo?” Encontrava-se em trevas e não captava nada
de luz. Era um pecador... Como podia ser salvo? Era culpado... Como podia ser
perdoado?
–
“Não por obras da justiça que nós tivéssemos feito”, – Dissemos-lhe.
–
Certamente que não, mas então, como? – Perguntou.
–
Por meio de Cristo que fez tudo.
–
Mas, é possível isto? –Continuou perguntando–. Posso ser salvo por meio de
alguém que receba o castigo em meu lugar?
–
Não só é possível, mas também assim é. Esta é a maneira, a única maneira. É a
maneira como Deus salva o pecador.
–
E eu não tenho de fazer nada? – Inquiriu.
–
Nada para ser salvo – Respondemos.
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