George
Whitefield
“E curam
superficialmente a ferida da filha do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não
há paz.’ (Jeremias 6:14)
Mas
então, antes de poder falar de paz às vossas almas, há um pecado em particular
pelo qual deveis estar muito preocupados; mas temo-me que a poucos de vós vos
pode ocorrer de qual se trata; é o pecado reinante, maldito do mundo cristão;
não obstante, o mundo cristão quase nunca ou nunca pensa nele. E qual é? É
aquele do qual muitos de vós não vos sentis culpados —ou seja, o pecado da
incredulidade. Antes de poder falar de paz aos vossos corações, deveis estar
compungidos pela incredulidade que há neles. Mas, pode-se supor que haja
incrédulos aqui neste lugar, nascidos na Escócia, num país reformado, que vão à
igreja todos os domingos? Pode ser que algum de vós que recebe o sacramento uma
vez por ano — Oh que ele fosse administrado com mais freqüência!— pode-se supor
que vós que tinheis oferendas para o sacramento, que vós que sois constantes na
oração familiar, que algum de vós não creia no Senhor Jesus Cristo? Apelo aos
vossos corações, e não me crede cruel, e não penseis que duvido que alguns de
vós criam em Cristo; mesmo assim, temo-me que sob escrutínio, descobriríamos
que a maioria de vós não tem tanta fé no Senhor Jesus Cristo como a tem o diabo
mesmo. Estou convencido de que o diabo crê mais acerca da Bíblia do que a
maioria de nós. Crê na divindade de Jesus Cristo; isso é mais do que crêem
muitos que pretendem ser Cristãos; assim é, crê e treme, e isso é mais do que
fazemos muitos de nós.
Meus
amigos, confundimos uma fé histórica com uma fé autêntica, posto no coração
pelo Espírito de Deus. Vós pensais que credes , porque credes que existe um
livro que chamamos a Bíblia, porque ides à igreja; podeis fazer tudo isto e não
ter uma fé autêntica em Cristo. Meramente crer que existiu Cristo, crer
meramente que há um livro chamado a Bíblia, não vos servirá de nada, como não
vos serve para nada crer que existiu César ou Alexandre Magno. A Bíblia é um
depósito sagrado. Quanto devemos agradecer a Deus por estes oráculos viventes!
Não obstante, podemos tê-los e não crer no Senhor Jesus Cristo. Meus queridos
amigos, tem de existir um princípio posto no coração pelo Espírito do Deus
vivente. Se vos perguntasse há quanto tempo há que crêem em Jesus Cristo,
suponho que muitos me diriam que têm crido em Jesus Cristo desde que têm uso de
razão —nunca houve um momento quando não creram nEle. Então, não me poderiam
dar melhor prova de que nunca creram em Jesus Cristo a menos que tenham sido
santificados prematuramente, desde antes de nascer, porque os que realmente
crêem em Cristo sabem que houve uma época quando não criam nEle.
Vós
dizeis que amais a Deus com todo o vosso coração, com todo a vossa alma e com
todo as vossas forças. Se vos perguntasse há quanto há que amais a Deus,
dirieis: Sempre, nunca odiamos a Deus, nunca houve uma época em que vossos
corações estiveram em inimizade com Deus. Então, a menos que tivesseis sido
santificados muito prematuramente, nunca na vossa vida amastes a Deus.
Queridos
amigos, sou muito específico quanto a isto porque é uma falsa ilusão em que cai
muita gente que pensa que já crê. Por exemplo, conta-se que o Sr. Marshall, ao
relatar as suas experiências, que tinha trabalhado toda sua vida e tinha
organizado os seus pecados sob os dez mandamentos, e logo, aproximando-se de um
pastor, perguntou-lhe a razão pela qual não podia obter paz. O pastor olhou
para a sua lista e disse: ‘A meu ver, não encontro na sua lista nenhuma palavra
sobre o pecado da incredulidade.’ É a obra singular do Espírito de Deus
convencemos da nossa incredulidade —de que não temos fé. Diz Jesus Cristo: ‘O
Consolador, o qual eu enviarei da parte do Pai... Ele... redarguirá o mundo de
pecado’ do pecado da incredulidade; ‘de pecado’, diz Cristo, ‘por quanto não
crêem em Mim’.
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