sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

O MÉTODO DA GRAÇA (5)





George Whitefield
“E curam superficialmente a ferida da filha do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz.’ (Jeremias 6:14)
         Mas então, antes de poder falar de paz às vossas almas, há um pecado em particular pelo qual deveis estar muito preocupados; mas temo-me que a poucos de vós vos pode ocorrer de qual se trata; é o pecado reinante, maldito do mundo cristão; não obstante, o mundo cristão quase nunca ou nunca pensa nele. E qual é? É aquele do qual muitos de vós não vos sentis culpados —ou seja, o pecado da incredulidade. Antes de poder falar de paz aos vossos corações, deveis estar compungidos pela incredulidade que há neles. Mas, pode-se supor que haja incrédulos aqui neste lugar, nascidos na Escócia, num país reformado, que vão à igreja todos os domingos? Pode ser que algum de vós que recebe o sacramento uma vez por ano — Oh que ele fosse administrado com mais freqüência!— pode-se supor que vós que tinheis oferendas para o sacramento, que vós que sois constantes na oração familiar, que algum de vós não creia no Senhor Jesus Cristo? Apelo aos vossos corações, e não me crede cruel, e não penseis que duvido que alguns de vós criam em Cristo; mesmo assim, temo-me que sob escrutínio, descobriríamos que a maioria de vós não tem tanta fé no Senhor Jesus Cristo como a tem o diabo mesmo. Estou convencido de que o diabo crê mais acerca da Bíblia do que a maioria de nós. Crê na divindade de Jesus Cristo; isso é mais do que crêem muitos que pretendem ser Cristãos; assim é, crê e treme, e isso é mais do que fazemos muitos de nós.
         Meus amigos, confundimos uma fé histórica com uma fé autêntica, posto no coração pelo Espírito de Deus. Vós pensais que credes , porque credes que existe um livro que chamamos a Bíblia, porque ides à igreja; podeis fazer tudo isto e não ter uma fé autêntica em Cristo. Meramente crer que existiu Cristo, crer meramente que há um livro chamado a Bíblia, não vos servirá de nada, como não vos serve para nada crer que existiu César ou Alexandre Magno. A Bíblia é um depósito sagrado. Quanto devemos agradecer a Deus por estes oráculos viventes! Não obstante, podemos tê-los e não crer no Senhor Jesus Cristo. Meus queridos amigos, tem de existir um princípio posto no coração pelo Espírito do Deus vivente. Se vos perguntasse há quanto tempo há que crêem em Jesus Cristo, suponho que muitos me diriam que têm crido em Jesus Cristo desde que têm uso de razão —nunca houve um momento quando não creram nEle. Então, não me poderiam dar melhor prova de que nunca creram em Jesus Cristo a menos que tenham sido santificados prematuramente, desde antes de nascer, porque os que realmente crêem em Cristo sabem que houve uma época quando não criam nEle.
         Vós dizeis que amais a Deus com todo o vosso coração, com todo a vossa alma e com todo as vossas forças. Se vos perguntasse há quanto há que amais a Deus, dirieis: Sempre, nunca odiamos a Deus, nunca houve uma época em que vossos corações estiveram em inimizade com Deus. Então, a menos que tivesseis sido santificados muito prematuramente, nunca na vossa vida amastes a Deus.
         Queridos amigos, sou muito específico quanto a isto porque é uma falsa ilusão em que cai muita gente que pensa que já crê. Por exemplo, conta-se que o Sr. Marshall, ao relatar as suas experiências, que tinha trabalhado toda sua vida e tinha organizado os seus pecados sob os dez mandamentos, e logo, aproximando-se de um pastor, perguntou-lhe a razão pela qual não podia obter paz. O pastor olhou para a sua lista e disse: ‘A meu ver, não encontro na sua lista nenhuma palavra sobre o pecado da incredulidade.’ É a obra singular do Espírito de Deus convencemos da nossa incredulidade —de que não temos fé. Diz Jesus Cristo: ‘O Consolador, o qual eu enviarei da parte do Pai... Ele... redarguirá o mundo de pecado’ do pecado da incredulidade; ‘de pecado’, diz Cristo, ‘por quanto não crêem em Mim’.

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