segunda-feira, 22 de abril de 2013

O CRISTÃO E A LEI – É A LEI UMA «REGRA DE VIDA» PARA O CRISTÃO?


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 Mackintosh       
 Se o leitor ponderar com oração todas estas passagens das Escrituras, verá claramente que não somos justificados pelas obras da Lei, e não só isso, mas, também verá como somos justificados. Verá os profundos e sólidos fundamentos da vida, da justiça e da paz cristãs, conforme aos conselhos eternos que Deus tinha nos Seus planos, postos na consumada expiação de Cristo, desenvolvidos por Deus, o Espírito Santo, na Palavra escrita, e feitos efetivos na bem-aventurada experiência de todos os verdadeiros Crentes.
         Logo, quanto à regra de Vida do Crente, o Apóstolo não diz: «Para mim o viver é a Lei», mas sim: “Para mim o viver é Cristo” (Filipenses 1:21). Cristo é a nossa regra, o nosso modelo, a nossa pedra de toque, o nosso tudo. O que o Cristão deveria perguntar-se continuamente na sua vida, não é: «É isto conforme à Lei?», mas sim: «É isto conforme a Cristo?». A Lei nunca me poderia ensinar a amar, abençoar e a orar pelos meus inimigos; mas, isto é precisamente o que o Evangelho me ensina a fazer, e o que a nova natureza me leva a fazer. “O cumprimento da Lei é o amor” (Romanos 13:10), e se eu, não obstante, fosse procurar Justificação pela Lei, estaria perdido; e se fosse fazer da Lei a minha norma de ação, erraria totalmente o meu próprio alvo. Fomos predestinados para ser conformados, não à Lei, mas sim à imagem do Filho de Deus. Devemos ser como Ele. (Vejam-se as seguintes passagens: Mateus 5:21-48; Romanos 8: 29; 1Coríntios 13:4-8; Romanos 13:8-10; Gálatas 5:14-26; Efésios 1:3-5; Filipenses 3:20, 21; Filipenses 2:5; Filipenses 4:8; Colossenses 3:1-7).
         A alguns parece uma paradoxo que se diga que “a justiça da Lei se cumpre em nós” (Romanos 8:4) e de uma vez que não podemos ser justificados pela Lei, nem fazer da Lei a nossa Regra de Vida. Entretanto, assim é, se tivermos que formar as nossas convicções pela Palavra de Deus. Tampouco para a mente renovada existe a menor dificuldade no entendimento desta bendita doutrina. Nós estávamos, por natureza, “mortos em nossos delitos e pecados” (Efésios 2:1), e o que pode fazer um homem morto? Como pode um homem obter a vida guardando aquilo que requer vida, para poder ser guardado; uma vida que não tem? E como obtemos nós, a vida? Cristo é a nossa vida. Vivemos Naquele que morreu por nós; somos abençoados Naquele que foi feito maldição por nós, ao ser pendurado num madeiro; somos justos Naquele e que foi feito pecado por nós; somos trazidos para perto Naquele que foi arrojado  fora por nós (Romanos 5:6-15; Efésios 2:4-6; Gálatas 3:13).
         Tendo assim, pois, vida e justiça em Cristo, somos chamados a andar como Ele andou, e não, simplesmente a andar como judeus. Somos chamados a purificarmo-nos assim como Ele é puro; a andar nas Suas pisadas; a anunciar as Suas virtudes; a manifestar o Seu Espírito (João13:14, 15; João 17:14-19; 1Pedro 2:21; 1João 2:6, 29; 1João 3:3).
Concluiremos as nossas observações sobre este tema sugerindo ao Leitor duas perguntas, ou seja: Primeira: Poderiam os Dez Mandamentos sem o Novo Testamento ser uma Regra de Vida suficiente para o Crente? Segunda: Poderia o Novo Testamento sem os Dez Mandamentos ser uma Regra de Vida suficiente?
         Certamente que aquilo é insuficiente, não pode ser a nossa Regra de Vida. Recebemos os Dez Mandamentos como parte do Cânon da Inspiração; e, além disso, cremos que a Lei permanece plenamente vigente para reger e amaldiçoar o homem enquanto que este vive. Que um pecador tão somente tente obter a vida mediante a Lei, e verá onde esta o porá; e um Crente que tão somente dirija o seu caminho conforme ela, verá o que a Lei fará dele. Estamos plenamente convencidos de que se um homem andar conforme o espírito do Evangelho, não cometerá homicídio nem furtará; mas também estamos convencidos de que todo homem que se circunscreva às normas da Lei do Moisés, desviar-se-á totalmente do espírito do Evangelho.

         O tema da “Lei” demandaria uma exposição muito mais elaborada, mas os limites deste breve escrito que me tenho proposto, não a permitiriam, e vemo-nos, assim, obrigados a encomendar o leitor à consideração das diversas passagens da Escritura às quais temos feito referência e que as examine com cuidado. Deste modo —cremos com certeza— chegará a uma sã conclusão, e será independente de todo o ensino e influência humanas. Verá como um homem é justificado livremente pela Graça de Deus, através da fé num Cristo crucificado e ressuscitado; verá que é feito “participante da Natureza Divina”, e introduzido numa condição de justiça divina e eterna, sendo totalmente livre de toda a condenação; verá que nesta santa e elevada posição, Cristo é o seu objeto, o seu tema, o seu modelo, a sua regra, a sua esperança, o seu gozo, a sua força, o seu tudo; verá que a esperança posta diante Dele, é estar com Jesus onde Ele está, e ser semelhante a Ele, para sempre.
         E deste modo verá que se como pecador perdido achou perdão e paz aos pés da Cruz, ele não é, como um filho aceito e adotado, de novo enviado aos pés do Monte Sinai, para ali ser apavorado e rechaçado pelas terríveis maldições de uma Lei quebrantada. (Hebreus 12:18-24) O Pai não podia pensar em reger com uma Lei de ferro o filho pródigo a quem Ele tinha recebido em Seu seio com a mais pura, profunda e rica Graça. Oh, não! “Justificados, pois, pela fé, temos paz para com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo; por quem também temos entrada pela fé a esta Graça na qual estamos firmes, e nos glorificamos na esperança da Glória de Deus.” (Romanos 5:1-2) O Crente é justificado, não por obras, mas sim por meio da fé; ele acha-se, não na Lei, mas sim na Graça; e aguarda, não o julgamento, mas a Glória.

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