(2)
Mackintosh
Se
o leitor ponderar com oração todas estas passagens das Escrituras, verá
claramente que não somos justificados pelas obras da Lei, e não só isso, mas,
também verá como somos justificados. Verá os profundos e sólidos fundamentos da
vida, da justiça e da paz cristãs, conforme aos conselhos eternos que Deus
tinha nos Seus planos, postos na consumada expiação de Cristo, desenvolvidos
por Deus, o Espírito Santo, na Palavra escrita, e feitos efetivos na
bem-aventurada experiência de todos os verdadeiros Crentes.
Logo,
quanto à regra de Vida do Crente, o Apóstolo não diz: «Para mim o viver é a
Lei», mas sim: “Para mim o viver é Cristo” (Filipenses 1:21). Cristo é a nossa
regra, o nosso modelo, a nossa pedra de toque, o nosso tudo. O que o Cristão
deveria perguntar-se continuamente na sua vida, não é: «É isto conforme à
Lei?», mas sim: «É isto conforme a Cristo?». A Lei nunca me poderia ensinar a
amar, abençoar e a orar pelos meus inimigos; mas, isto é precisamente o que o
Evangelho me ensina a fazer, e o que a nova natureza me leva a fazer. “O
cumprimento da Lei é o amor” (Romanos 13:10), e se eu, não obstante, fosse
procurar Justificação pela Lei, estaria perdido; e se fosse fazer da Lei a
minha norma de ação, erraria totalmente o meu próprio alvo. Fomos predestinados
para ser conformados, não à Lei, mas sim à imagem do Filho de Deus. Devemos ser
como Ele. (Vejam-se as seguintes passagens: Mateus 5:21-48; Romanos 8: 29; 1Coríntios
13:4-8; Romanos 13:8-10; Gálatas 5:14-26; Efésios 1:3-5; Filipenses 3:20, 21; Filipenses
2:5; Filipenses 4:8; Colossenses 3:1-7).
A
alguns parece uma paradoxo que se diga que “a justiça da Lei se cumpre em nós”
(Romanos 8:4) e de uma vez que não podemos ser justificados pela Lei, nem fazer
da Lei a nossa Regra de Vida. Entretanto, assim é, se tivermos que formar as
nossas convicções pela Palavra de Deus. Tampouco para a mente renovada existe a
menor dificuldade no entendimento desta bendita doutrina. Nós estávamos, por
natureza, “mortos em nossos delitos e pecados” (Efésios 2:1), e o que pode
fazer um homem morto? Como pode um homem obter a vida guardando aquilo que
requer vida, para poder ser guardado; uma vida que não tem? E como obtemos nós,
a vida? Cristo é a nossa vida. Vivemos Naquele que morreu por nós; somos abençoados
Naquele que foi feito maldição por nós, ao ser pendurado num madeiro; somos
justos Naquele e que foi feito pecado por nós; somos trazidos para perto Naquele
que foi arrojado fora por nós (Romanos 5:6-15; Efésios 2:4-6; Gálatas
3:13).
Tendo
assim, pois, vida e justiça em Cristo, somos chamados a andar como Ele andou, e
não, simplesmente a andar como judeus. Somos chamados a purificarmo-nos assim
como Ele é puro; a andar nas Suas pisadas; a anunciar as Suas virtudes; a
manifestar o Seu Espírito (João13:14, 15; João 17:14-19; 1Pedro 2:21; 1João
2:6, 29; 1João 3:3).
Concluiremos as nossas
observações sobre este tema sugerindo ao Leitor duas perguntas, ou seja: Primeira:
Poderiam os Dez Mandamentos sem o Novo Testamento ser uma Regra de Vida
suficiente para o Crente? Segunda: Poderia o Novo Testamento sem os Dez
Mandamentos ser uma Regra de Vida suficiente?
Certamente
que aquilo é insuficiente, não pode ser a nossa Regra de Vida. Recebemos os Dez
Mandamentos como parte do Cânon da Inspiração; e, além disso, cremos que a Lei
permanece plenamente vigente para reger e amaldiçoar o homem enquanto que este
vive. Que um pecador tão somente tente obter a vida mediante a Lei, e verá onde
esta o porá; e um Crente que tão somente dirija o seu caminho conforme ela,
verá o que a Lei fará dele. Estamos plenamente convencidos de que se um homem
andar conforme o espírito do Evangelho, não cometerá homicídio nem furtará; mas
também estamos convencidos de que todo homem que se circunscreva às normas da
Lei do Moisés, desviar-se-á totalmente do espírito do Evangelho.
O tema da “Lei” demandaria uma exposição muito mais elaborada, mas os limites deste breve escrito que me tenho proposto, não a permitiriam, e vemo-nos, assim, obrigados a encomendar o leitor à consideração das diversas passagens da Escritura às quais temos feito referência e que as examine com cuidado. Deste modo —cremos com certeza— chegará a uma sã conclusão, e será independente de todo o ensino e influência humanas. Verá como um homem é justificado livremente pela Graça de Deus, através da fé num Cristo crucificado e ressuscitado; verá que é feito “participante da Natureza Divina”, e introduzido numa condição de justiça divina e eterna, sendo totalmente livre de toda a condenação; verá que nesta santa e elevada posição, Cristo é o seu objeto, o seu tema, o seu modelo, a sua regra, a sua esperança, o seu gozo, a sua força, o seu tudo; verá que a esperança posta diante Dele, é estar com Jesus onde Ele está, e ser semelhante a Ele, para sempre.
O tema da “Lei” demandaria uma exposição muito mais elaborada, mas os limites deste breve escrito que me tenho proposto, não a permitiriam, e vemo-nos, assim, obrigados a encomendar o leitor à consideração das diversas passagens da Escritura às quais temos feito referência e que as examine com cuidado. Deste modo —cremos com certeza— chegará a uma sã conclusão, e será independente de todo o ensino e influência humanas. Verá como um homem é justificado livremente pela Graça de Deus, através da fé num Cristo crucificado e ressuscitado; verá que é feito “participante da Natureza Divina”, e introduzido numa condição de justiça divina e eterna, sendo totalmente livre de toda a condenação; verá que nesta santa e elevada posição, Cristo é o seu objeto, o seu tema, o seu modelo, a sua regra, a sua esperança, o seu gozo, a sua força, o seu tudo; verá que a esperança posta diante Dele, é estar com Jesus onde Ele está, e ser semelhante a Ele, para sempre.
E
deste modo verá que se como pecador perdido achou perdão e paz aos pés da Cruz,
ele não é, como um filho aceito e adotado, de novo enviado aos pés do Monte
Sinai, para ali ser apavorado e rechaçado pelas terríveis maldições de uma Lei
quebrantada. (Hebreus 12:18-24) O Pai não podia pensar em reger com uma Lei de
ferro o filho pródigo a quem Ele tinha recebido em Seu seio com a mais pura,
profunda e rica Graça. Oh, não! “Justificados, pois, pela fé, temos paz para
com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo; por quem também temos entrada
pela fé a esta Graça na qual estamos firmes, e nos glorificamos na esperança da
Glória de Deus.” (Romanos 5:1-2) O Crente é justificado, não por obras, mas sim
por meio da fé; ele acha-se, não na Lei, mas sim na Graça; e aguarda, não o
julgamento, mas a Glória.
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