(continuação)
por Charles Haddon Spurgeon.
Oh!, tu que estás sem
Deus, e sem Cristo, és um estranho para Jesus, tu és maldito onde te sentes, e
maldito onde pares; maldita é a cama sobre a qual te deitas; maldito o pão que
comes; maldito o ar que respiras. Tudo é maldito para ti. Não importa onde vás,
és um homem maldito. Ah!, esse é um pensamento espantoso. Oh!, alguns de vós
sois malditos hoje. Oh, que um homem tenha de dizer isto de seus irmãos! Mas
devemos dizê-lo, ou não seríamos fiéis às suas pobres almas agonizantes. Oh,
Deus queira que alguma pobre alma dissesse neste lugar: “Então eu sou maldito
neste dia; maldito por Deus, e maldito por Seus santos anjos: maldito! Maldito!
Maldito! Sou maldito pois estou sob a Lei.” Penso, na verdade, que com a bênção
de Deus, o Espírito Santo nela, só se necessita dessa única palavra: “Maldito!”
“Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas escritas no livro da
Lei, para as fazer.”
Mas agora, querido leitor, tu que te encontras neste estado,
impenitente e incrédulo, tenho trabalho por diante, antes de concluir. Recorda,
a maldição que os homens recebem nesta vida, não é nada comparada com a
maldição que cairá sobre eles no além. Nuns breves anos, tu e eu vamos morrer.
Vamos, falarei contigo sobre uma base pessoal outra vez: jovem amigo, logo
envelheceremos, ou, talvez, morreremos antes desse momento, e seremos colocados
nas nossas camas (a última cama sobre a qual jamais dormiremos), e vamos
despertar do nosso último sonho para ouvir as lúgubres novas nas quais não
temos esperança; o médico tomará o nosso pulso, e assegurará solenemente aos
nossos parentes que tudo terminou! E jazeremos imóveis nesse quarto, onde tudo
se cala excepto o tic tac do relógio, e o pranto da nossa esposa e filhos; e
vamos morrer. Oh, quão solene será essa hora quando tivermos que combater com
esse inimigo, a Morte! Os estertores da Morte estão na nossa garganta (com
muita dificuldade podemos articular algo), procuramos falar, o verniz da morte
está sobre os nossos olhos: a Morte pôs os seus dedos nessas janelas do corpo,
e apagou a luz para sempre; as mãos negam-se a elevar-se, e ali estamos,
acercando-nos aos limites da sepultura! Ah, esse momento, quando o espírito vê
o seu destino; esse momento, o mais solene de todos os momentos, quando a alma
vê o mundo vindouro através dos barrotes da sua jaula! Não, não posso
dizer-lhes o que sente o espírito, se for um espírito ímpio, quando vê o trono
ardente do juízo, e ouve os trovões da ira de Todo-Poderoso, quando não há
senão um instante entre isso e o Inferno. Não posso descrever qual será o
terror que sentirão os homens, quando experimentarem aquilo que frequentemente
escutaram! Ah!, está bem que se riam de mim esta noite. Quando se forem, será
um pouco divertido fazer uma piada relativa ao que disse o pregador; que
comentem entre si, e se divirtam com tudo isto. Mas, quando estiverem nos seus
leitos de morte, não se rirão. Agora, a cortina está fechada e não podem ver as
coisas do futuro; está bem que se divirtam. Quando Deus correr essa cortina e
se dêem conta da solene realidade, não vão poder encontrar brincadeiras nos
seus corações. Acab, sentado no seu trono, ria-se de Micas. Entretanto, não
lemos que Acab se riu de Micas quando a flecha se cravou por entre as junturas
da sua armadura. Nos tempos do Noé, as pessoas riam-se do velho; chamavam-lhe
um néscio decrépito, não o duvido, porque lhes dizia que Deus estava a ponto de
destruir a Terra com um dilúvio. Mas, ah!, vós gozadores, vós não vos haveis
rido naquele dia, quando as cataratas estavam desabando do céu, e quando Deus
abriu as portas do grande abismo, e deu a ordem a todas as águas escondidas que
saíssem com ímpeto à superfície; então, vos haveis dado conta que Noé tinha
razão. E, quando se aproximar a hora da vossa morte, talvez vós não vos rireis
de mim. Direis, quando estiverdes nesse transe: “Posso recordar que uma certa
noite caminhei até à Park Street; escutei um homem que falava muito
solenemente; naquele momento decidi que eu não gostava do que ele pregava, mas
eu sabia que ela era sincero, tinha a certeza de que queria o meu bem; Oh, que
eu tivesse escutado com atenção o seu conselho; Oh, que eu tivesse considerado
as suas palavras!
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