3. Devemos meditar frequentemente
no conhecimento da glória de Cristo que recebemos da Bíblia. As nossas mentes
deveriam ser espirituais e santas, livres das preocupações e dos afetos
terrestres. A pessoa que não medita agora com deleite sobre a glória de Cristo
nas Escrituras, não terá nenhum desejo real de ver essa glória no Céu. Que
espécie de fé e de amor têm as pessoas que têm tempo para meditar em muitas
coisas, mas não têm tempo para meditar sobre este assunto glorioso?
4. Os nossos pensamentos deveriam
voltar-se para Cristo cada vez que tenhamos oportunidade em qualquer momento do
dia. Se formos crentes verdadeiros e se a Palavra de Deus mora em nossos
pensamentos, então Cristo sempre estará perto de nós (Veja-se Rm 10:8).
Descobriremos que Ele está disposto a falar connosco e a ter comunhão connosco.
Cristo diz: “Eis que estou à porta e bato.” (Ap 3:20) É certo, que algumas
ocasiões parece que Cristo Se afasta de nós e não podemos escutar a Sua voz.
Mas quando isto ocorre, não devemos contentar-nos, antes devemos atuar como a
noiva nos Cantares de Salomão e buscá-lO com diligência: “De noite busquei em
minha cama aquele a quem ama a minha alma; busquei-o e não o achei.
Levantar-me-ei, pois, e rodearei a cidade; pelas ruas e pelas praças buscarei
aquele a quem ama a minha alma; busquei-o e não o achei. Acharam-me os guardas,
que rondavam pela cidade; eu perguntei-lhes: Vistes aquele a quem ama a minha
alma? Apartando-me eu um pouco deles, logo achei aquele a quem ama a minha
alma; detive-o...” (Ct 3:1-4). A experiência da vida espiritual num Cristão
será forte em proporção com os seus pensamentos e o seu deleite em Cristo o
Qual vive nele. (Veja-se Gl 2:20) Às vezes diz-se acerca de duas pessoas que
uma vive na outra. Mas isto só pode acontecer quando os seus corações estão tão
unidos que ambos de dia e de noite vivem nos pensamentos um do outro. Assim
deveria ser entre Cristo e os crentes. Cristo mora neles pela fé, mas os
crentes experimentam o poder da Sua presença somente quando os seus pensamentos
estão cheios dEle. Portanto, se queremos ver a glória de Cristo devemos
encher-nos de pensamentos acerca dEle e da Sua glória em todo tempo. E quando
Cristo estiver ausente dos nossos pensamentos por um tempo, então devemos
repreender-nos e pôr-nos a buscá-lO na oração, na meditação, na leitura da
Palavra, etc.
5. Todos os nossos pensamentos
acerca de Cristo e da glória deveriam ser acompanhados por admiração, adoração
e ação de graças. É nos mandado amar o Senhor com toda a nossa alma, mente e
forças (Veja-se Mc 12:30). Se somos crentes verdadeiros, a graça de Deus obrará
em nossas mentes e almas para nos ajudar a fazer isso. Na vinda de Cristo como
o Juiz no dia final, os crentes serão cheios de um sentido angustiado de
admiração perante a Sua aparência gloriosa, “Quando vier para ser glorificado
nos Seus santos e para Se fazer admirável, naquele Dia, em todos os que crêem”
(2Ts 1:10). Esta admiração se converterá em adoração e ação graças como o
exemplo que nos dá em Apocalipse 5:9-13 onde a Igreja dos redimidos canta um
novo cântico: “E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e
de abrir os seus selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para
Deus homens de toda tribo, e língua, e povo, e nação; e para o nosso Deus os
fizeste reis e sacerdotes; e eles reinarão sobre a Terra. E olhei e ouvi a voz
de muitos anjos ao redor do trono, e dos animais, e dos anciãos; e era o número
deles milhões de milhões e milhares de milhares, que com grande voz diziam:
Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria,
e força, e honra, e glória, e ações de graças. E ouvi a toda criatura que está
no Céu, e na Terra, e debaixo da Terra, e que está no mar, e a todas as coisas
que neles há, dizer: Ao que está assentado sobre o trono e ao Cordeiro sejam
dadas ações de graças, e honra, e glória, e poder para todo o sempre.”
Há algumas pessoas que esperam
ser salvos por Cristo e ver a Sua glória no mundo próximo, mas não se preocupam
com meditar acerca desta glória neste mundo. São como Marta que se preocupava
de muitos quefazeres e não como Maria quem escolheu a boa parte, sentando-se
aos pés de Cristo (Veja-se Lc 10:38-42). Tais pessoas deveriam tomar cuidado
para não descuidar o dever de meditar na glória de Cristo e também de não
menosprezar este dever.
Alguns dizem que têm o desejo de
olhar a glória de Cristo pela fé mas quando começam a fazê-lo, encontram que
lhes é demasiado elevado e difícil. Sentem-se abrumados como os discípulos no
monte da transfiguração. Reconheço que a debilidade das nossas mentes e a nossa
incapacidade para entender muito acerca da glória eterna de Cristo nos impede
de mantermos os nossos pensamentos firmes e fixos por muito tempo na meditação.
Aqueles que não estão acostumados na arte da meditação santa não estarão
habilitados para meditar neste mistério em particular. Mas ainda assim, quando
a nossa fé já não pode concentrar os olhos do nosso entendimento para pensar no
Sol da justiça brilhando na Sua formosura, pelo menos podemos, por meio da fé,
descansar na santa admiração e no amor.
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