segunda-feira, 26 de agosto de 2013

TEMOR




“... Tiveram temor ao entrar na nuvem.” (Lc 9:34)

       Pedro, Tiago e João estavam no monte com Jesus. Percebendo que este era um momento significativo na história e desejando preservar algo daquela glória, Pedro propôs erigir três tendas: uma para Jesus, outra para Moisés e outra para Elias. Isto teria posto o Senhor ao mesmo nível que os outros dois santos do Antigo Testamento. Deus frustrou o projeto envolvendo-os numa nuvem, e Lucas conta-nos que “tiveram temor ao entrar na nuvem.”
       Não deveriam ter temido. Era uma nuvem de glória e não de juízo. Tratava-se dum fenômeno temporário e não dum ato permanente da vida. Deus estava na nuvem, mesmo que não fosse visível.
            Frequentemente, as nuvens vêm às nossas vidas e, como os apóstolos, tememos ao entrar nelas. Quando Deus nos chama para uma nova esfera de serviço, por exemplo, apresenta-se o temor do desconhecido. Imaginamos o pior num caminho de perigos, desconfortos e situações desagradáveis. Na realidade estamos somente temendo uma bênção. Quando a nuvem se eleva, encontramos que a vontade de Deus é boa, agradável e perfeita.
            Tememos ao entrar na nuvem da enfermidade. As nossas mentes desbocam-se alarmadas. Interpretamos cada palavra e movimento facial do médico como um presságio de morte. Diagnosticamos cada sintoma como apontando para uma enfermidade terminal. Mas, quando a enfermidade passa, encontramo-nos dizendo com o salmista: “Bom me é ter sido humilhado” (Salmo 119:71). Deus estava na nuvem e nós não o soubemos.
            Tememos ao entrar na nuvem da dor. Perguntamo-nos que bem pode vir destas lágrimas, desta angústia e desta dor? Todo o nosso mundo parece derrubar-se em ruínas, ao nosso redor. Mas há instrução para nós na nuvem. Aprendemos a consolar os demais com o consolo com que Deus nos consola. Chegamos a entender as lágrimas do Filho de Deus de uma maneira que nunca teríamos podido conhecê-las antes.
            Não temos de temer ao entrar nas nuvens da vida. São instrutivas, temporárias e não são destrutivas. Podem esconder o rosto do Senhor mas não O seu amor e o Seu poder. De modo que podemos tomar a peito as palavras de William Cowper:
            Vós, santos temerosos, tomai novo alento. As nuvens que tanto vos atemorizam 
São abundantes em misericórdia
E irromperão em bênçãos sobre as vossas cabeças.
Tradução de Carlos Antônio da Rocha

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