terça-feira, 5 de julho de 2016

A FRAGILIDADE NATURAL DOS HOMENS (10)




“Mas todos nós somos como o imundo e todas as nossas justiças como trapo da imundície; todos nós murchamos como a folha e as nossas iniquidades como um vento nos arrebatam” (Isaías 64:6)
CONHECENDO AS BÊNÇÃOS DA MISERICÓRDIA
        Agora é o momento para que conheçamos as bênçãos da misericórdia, e felizes seremos se conhecermos essa santa atividade de Deus no meio dos homens, conforme nos ensina abundantemente as Escrituras. O livro dos Salmos está cheio dessa verdade não somente em forma de doutrina, mas também de forma prática. Vemos várias vezes santos em desespero, clamando por misericórdia; vemos incentivos a render graças ao Senhor por Ele ter estendido Sua compaixão por nós miseráveis pecadores.
        Quando reconhecemos nossa miséria, frágil e pueril existência, então entenderemos a realidade da misericórdia em nosso viver neste mundo. Poucos são aqueles que hoje entendem essa verdade no viver, porque o engano do pecado no íntimo vem continuamente declarar nossos direitos, e o evangelho moderno tem endossado essa mentira até mesmo nas igrejas. O evangelho da glória de Cristo vem arrancar esse falso fundamento; a mensagem que vem do céu aparece para silenciar a carne e emudecer o ego, a fim de que homens comecem a entender sua miséria, inutilidade e assim enaltecer a glória do grande Salvador, o qual desceu do céu e experimentou nossa miséria aqui, a fim de nos outorgar gloriosa e eterna salvação.
        Acredito que a melhor maneira de explicar isso é afirmando que o reconhecimento dessa verdade vem de Deus aos corações. Os homens cegos não percebem nada, e o pecado impede que eles tenham percepção espiritual das coisas. Não há dor, tristeza, angústia e outras situações semelhantes que possam levar os homens a entenderem que eles sofrem porque merecem, são realmente dignos de coisas piores. No cap. 3 de Lamentações vemos Jeremias representando Jerusalém e declarando que havia necessidade de por a boca no pó (Lamentações 3:29). Mas é claro que mesmo sofrendo, chorando, sentindo dores físicas, etc. mesmo assim os homens acreditam que não merecem tal situação. O coração enganoso e iludido sempre se irrompe em oposição à Palavra de Deus.
        Um exemplo vívido dessa verdade está na história dos dois ladrões, contada em Lucas 23. Não fosse a graça de Deus que entrou para mudar o coração de um deles, eis que ele continuaria em seus insultos e desprezo a Cristo até à morte. Veja o outro que fora deixado em sua obstinação. Nada da vergonha, da dor nem da presença da morte por arrancar seu arrogante coração. Estava ali um homem vil, carregado de soberba e pronto para morrer, e assim descer para o abismo cheio de inflamante ira contra Deus. A essência do pecado é o orgulho que desafia Deus; a atividade do pecado no coração é fazer com que cada ser humano busque suas honras neste mundo. Até a morte vem para embasá-lo dessa ilusão e fazê-lo sentir que estará morrendo como herói.
        Quem pode escapar disso por si mesmo? Ninguém! Se não for o poder atuante da graça salvadora os homens continuarão assim, achando que não são imundos, que Deus  está mentindo quando fala o que vemos em Isaías 64:6. Satanás ilude o pobre coração e faz com que ele sinta que está bem vestido e que suas vestes de justiça são cheirosas e atraentes a Deus. Quanto engano! Jó pergunta: “Quem da imundícia poderá tirar coisa pura? Ninguém” (Jó 14:4). A santa verdade vem para brilhar e mostrar aos pecadores quem eles são. Que perante Deus estão imundos da cabeça aos pés; que não há nada aqui que possa livrá-los da miséria onde o pecado lhes colocou.

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