“Mas todos nós somos como o imundo e todas as nossas justiças como trapo
da imundície; todos nós murchamos como a folha e as nossas iniquidades como um
vento nos arrebatam” (Isaías 64:6)
CONHECENDO AS BÊNÇÃOS
DA MISERICÓRDIA
Agora é o momento para que conheçamos as
bênçãos da misericórdia, e felizes seremos se conhecermos essa santa atividade
de Deus no meio dos homens, conforme nos ensina abundantemente as Escrituras. O
livro dos Salmos está cheio dessa verdade não somente em forma de doutrina, mas
também de forma prática. Vemos várias vezes santos em desespero, clamando por
misericórdia; vemos incentivos a render graças ao Senhor por Ele ter estendido
Sua compaixão por nós miseráveis pecadores.
Quando reconhecemos nossa miséria, frágil
e pueril existência, então entenderemos a realidade da misericórdia em nosso
viver neste mundo. Poucos são aqueles que hoje entendem essa verdade no viver,
porque o engano do pecado no íntimo vem continuamente declarar nossos direitos,
e o evangelho moderno tem endossado essa mentira até mesmo nas igrejas. O
evangelho da glória de Cristo vem arrancar esse falso fundamento; a mensagem
que vem do céu aparece para silenciar a carne e emudecer o ego, a fim de que
homens comecem a entender sua miséria, inutilidade e assim enaltecer a glória
do grande Salvador, o qual desceu do céu e experimentou nossa miséria aqui, a
fim de nos outorgar gloriosa e eterna salvação.
Acredito que a melhor maneira de
explicar isso é afirmando que o reconhecimento dessa verdade vem de Deus aos
corações. Os homens cegos não percebem nada, e o pecado impede que eles tenham
percepção espiritual das coisas. Não há dor, tristeza, angústia e outras
situações semelhantes que possam levar os homens a entenderem que eles sofrem
porque merecem, são realmente dignos de coisas piores. No cap. 3 de Lamentações
vemos Jeremias representando Jerusalém e declarando que havia necessidade de
por a boca no pó (Lamentações 3:29). Mas é claro que mesmo sofrendo, chorando,
sentindo dores físicas, etc. mesmo assim os homens acreditam que não merecem
tal situação. O coração enganoso e iludido sempre se irrompe em oposição à
Palavra de Deus.
Um exemplo vívido dessa verdade está na
história dos dois ladrões, contada em Lucas 23. Não fosse a graça de Deus que
entrou para mudar o coração de um deles, eis que ele continuaria em seus
insultos e desprezo a Cristo até à morte. Veja o outro que fora deixado em sua
obstinação. Nada da vergonha, da dor nem da presença da morte por arrancar seu
arrogante coração. Estava ali um homem vil, carregado de soberba e pronto para
morrer, e assim descer para o abismo cheio de inflamante ira contra Deus. A essência
do pecado é o orgulho que desafia Deus; a atividade do pecado no coração é
fazer com que cada ser humano busque suas honras neste mundo. Até a morte vem
para embasá-lo dessa ilusão e fazê-lo sentir que estará morrendo como herói.
Quem pode escapar disso por si mesmo?
Ninguém! Se não for o poder atuante da graça salvadora os homens continuarão
assim, achando que não são imundos, que Deus
está mentindo quando fala o que vemos em Isaías 64:6. Satanás ilude o
pobre coração e faz com que ele sinta que está bem vestido e que suas vestes de
justiça são cheirosas e atraentes a Deus. Quanto engano! Jó pergunta: “Quem da
imundícia poderá tirar coisa pura? Ninguém” (Jó 14:4). A santa verdade vem para
brilhar e mostrar aos pecadores quem eles são. Que perante Deus estão imundos
da cabeça aos pés; que não há nada aqui que possa livrá-los da miséria onde o
pecado lhes colocou.
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