“Porque pela graça sois salvos,
mediante a fé e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não de obras para que
ninguém se glorie” (Efésios 2:8. 9).
A OBRA DA GRAÇA NA SALVAÇÃO: “Porque
pela graça...”
Caro leitor, já pude introduzir esse tema e agora é o
momento de examinar o texto com temor e cheios de apreensão por conhecer a
verdade. Estamos entrando em terreno santo, por isso devemos tirar as
“sandálias” do preconceito, a fim de que conheçamos as maravilhosas obras dessa
graça. Não esqueçamos que Paulo no cap. 2 está desenvolvendo e avançando o tema
da graça. Logo no início ele procurou levar os crentes à humilhação, pois nossa
pretensão de achar algo bom em nós foi desfeita, quando ele afirmou que nós não
passávamos de mortos espirituais, sem qualquer vestígio de vida. Então, os
versos 8 e 9 aparecem como um resumo da obra da graça em cada salvo, trazendo
tudo consigo para fazer da igreja de Deus o que a igreja é em Cristo – perfeita
e preciosa.
Nosso primeiro assunto agora é ver A OBRA DA GRAÇA NA
SALVAÇÃO: “Porque pela graça...”. O termo traduzido por “graça” jamais
pode ser traduzido como algo “gratuito”, como vejo em muitos comentários. Ao
traduzir essa maravilhosa palavra como “gratuidade” e não “graciosidade”,
certamente ela há de perder toda beleza e força. “Graça” significa que Deus
opera nos pecadores segundo aquilo que Ele mesmo vê no Filho Dele; nada há nos
pecadores que possa atrair a graciosidade de Deus; nada há de formosura nos
homens; nada há de encanto nos mortos. Deus está realizando Sua obra “em
Cristo”, porque a única pessoa que agrada ao Pai é Seu próprio Filho: “Este
é meu Filho amado, em quem tenho prazer”. Pela graça Deus está operando
a Nova Criação (2 Coríntios 5:17), e assim tirando pecadores da triste condição
no pecado e colocando-os “Em Cristo”. Caro leitor, “graça”
nunca significou “dom imerecido”, “misericórdia” sim. Quando Deus se
aproxima dos perdidos, Ele o faz em Sua misericórdia e é a misericórdia que
chega com toda provisão para perdoar, purificar, e tornar o pecador plenamente
aceitável perante Deus. Agora sim, nessa condição é “graça”.
Então, creio que pude lançar o firme fundamento da nossa fé,
porque se não houver essa base sólida da Rocha da nossa salvação, não há como
edificar a vida dos santos, nem tampouco levar a verdade aos corações dos
pecadores. Então, quando a Bíblia diz que foi “pela graça”, ela simplesmente
retira tudo, anula toda ajuda tanto da parte do homem como da parte da lei.
Convido o amigo leitor, para que meditemos nisso. Não foi pela lei. Que
saibamos bem disso, porque a lei nada pode fazer para sequer mover um pecador à
salvação. A lei funciona como um diagnóstico de um médico, mostrando a triste
condição de cada homem no pecado. A lei veio declarar o estado de merecida
condenação; veio avisar que todos são culpados e amaldiçoados; veio tirar
homens e mulheres do sossego e da falsa paz; veio para mexer na ferida, a fim
de que homens e mulheres gritem de dor, por causa da malignidade de seus
corações.
Permita que eu avance um pouco mais nesse assunto. Importa
que pregadores fiéis falem da lei; que tragam a lume os terrores da lei. Sem
essas verdades os homens jamais saberão da sua condição. Não temos que fechar o
Velho Testamento, pelo contrário, precisamos de fato abrir as páginas da lei em
toda sua extensão, nos salmos e nos profetas, a fim mostrar o estado natural do
homem; para que os pecadores saibam que são responsáveis pelos seus atos
malignos e que hão de prestar contas perante a face do Todo poderoso. A lei é o
único instrumento realmente cortante para a alma enganada; é o único elemento
capaz de romper com toda confusão e que consegue apagar essas velas acesas da
falsificação religiosa. A lei quando pregada mobiliza os pecadores à
humilhação; para todo amém e todos os aleluias banais.
Mas, acima de tudo é a lei que prepara o caminho para o
poderoso exercício da graça, a fim de mostrar aos pecadores a mensagem da cruz.
Quando a lei é pregada, então os pecadores conseguem ver sua miséria e
reconhecer Cristo como o perfeito substituto.
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