segunda-feira, 21 de julho de 2014

AS MISÉRIAS DOS NÃO-CONVERTIDOS (2)




          Alleine
O que fazer então? Deverei mostrar-lhe o lago que arde com fogo e enxofre, ou abrir-lhe a caixa de nardo puro, tão precioso, que enche o mundo todo com o seu perfume, e esperar que o aroma balsâmico de Cristo e o cheiro de Suas vestimentas o atraiam? Lastimavelmente, pecadores mortos são como ídolos mudos: têm bocas, mas não falam; têm olhos, mas não veem; têm ouvidos, mas não ouvem; têm narizes, mas não cheiram; têm mãos, mas não apalpam; têm pés, mas não andam; nem som algum sai da sua garganta. São destituídos de sentimento e ação espirituais.
         Mas deixem-me tocar nos seus sentidos e desembainhar a espada da Palavra; contudo, mesmo escolhendo as minhas flechas na aljava de Deus e lançando-as sobre o coração, ele não as sentirá, pois como poderia sentir, visto que perdeu todo o sentimento? (Efésios 4:19). Portanto, apesar da "ira de Deus habitar nele", como também o enorme peso de muitos pecados, ele se acha à vontade como se coisa alguma o afligisse. Em suma, carrega um corpo morto num corpo vivo e a sua carne nada mais é do que o esquife ambulante de uma mente corrupta, duas vezes morta (Judas 12).
         Qual o caminho que deverei seguir, então, para chegar até ao miserável objeto com o qual tenho de tratar? Quem poderá fazer o coração de pedra comover-se ou fazer a carcaça sem vida sentir e mover-se? O Deus que é capaz de suscitar das pedras filhos a Abraão, que ressuscita os mortos, que liquefaz as montanhas, que faz brotar água da rocha, que gosta de operar além das esperanças e da fé do homem, que povoa a Sua Igreja a partir de ossos secos — Ele é capaz de fazer isso.
         Portanto, ajoelho-me diante do Deus altíssimo, e como nosso Salvador orou junto ao sepulcro de Lázaro, como a sunamita correu para o homem de Deus a implorar pelo filho morto, assim os seus ministros os levam nos braços da oração para aquele Deus em quem se encontra o seu auxílio.
         "Ó Todo-Poderoso Jeová, que operas e ninguém pode impedir-Te; Tu, que tens as chaves da morte e do Inferno, compadece-Te das almas mortas que aqui fazem sepultadas, e remove a pedra do sepulcro e fala como falaste ao corpo morto de Lázaro: "Sai para fora!" Ilumina essas trevas, ó Luz inacessível, e permite que a Aurora do Céu visite as regiões tenebrosas dos mortos aos quais eu falo; porque Tu podes abrir os olhos que a própria morte fechou.
         Tu, que formaste o ouvido, podes restaurar a audição; diz a estes ouvidos: "Efatá" e eles se abrirão. Dá-lhes olhos para que vejam as Tuas excelências; paladar para que saboreiem a Tua doçura; olfato para que se deleitem com o Teu aroma; habilidade para que possam discernir o privilégio da Tua graça, o peso da Tua ira, o peso intolerável do pecado não perdoado; manda o Teu servo profetizar aos ossos secos, e permite que os efeitos dessa profecia sejam iguais aos do Teu profeta quando ele profetizou no vale de ossos secos, os quais se transformaram num exército vivo, grande em extremo."
         Mas preciso continuar, da maneira melhor que posso, a desvendar aquela miséria que nenhuma língua pode desvendar e nenhum coração pode compreender suficientemente. Saibam, portanto, que enquanto vocês não forem convertidos:

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