1. Recebe um mais claro reconhecimento das reivindicações de Deus.
A
grande controvérsia entre o Criador e a criatura, tem girado em torno de se Ele
ou ela deve ser Deus, se a sabedoria Dele ou a sabedoria dela, deve ser o
princípio orientador de suas ações, se a vontade Divina ou a vontade da
criatura, deve ser suprema. O que produziu a queda de Lúcifer foi o seu
ressentimento, por estar em sujeição ao Senhor: "Tu dizias no teu coração:
Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono... subirei
acima das mais altas nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo" (Isaías
14:13,14).
A mentira da serpente, que encantou
nossos primeiros pais, e os levou à destruição, foi a seguinte: "... Como
Deus, sereis conhecedores do bem e do mal" (Gênesis 3:5). E desde essa
ocasião, o sentimento do coração do homem natural tem sido: "Retira-te de
nós! Não desejamos conhecer as teus caminhos. Que é o Todo-poderoso, para que
nós o sirvamos? E que nos aproveitará que lhe façamos orações?" (Jó
21:14,15). "... Pois, dizem: ‘Com a língua prevaleceremos, os lábios são
nossos: quem é senhor sobre nós?’". (Salmos 12:4). "Por que, pois,
diz o Meu povo: ‘Somos livres!’ Jamais tornaremos a ti?" (Jeremias 2:31).
O pecado alienou o homem para longe de
Deus (Efésios 4:18). O coração humano se tornou avesso a Deus, sua vontade
oposta à Sua Vontade, a sua mente em inimizade contra Deus. Em contraste com
isso, a salvação significa ser alguém restaurado a Deus: "Pois, também
Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus...". (1 Pedro
3:18). Legalmente falando, isso já foi feito; experimentalmente, porém, se acha
no processo de realização.
Ser salvo, significa ter sido reconciliado com Deus; e isso envolve e inclui o
fato de que o domínio do pecado sobre nós foi interrompido, que a inimizade foi descontinuada, e que o coração foi conquistado para Deus. Disso é que consiste a verdadeira conversão
– da derrubada de todo ídolo, da renúncia das vaidades ocas de um mundo
enganador, em que tomamos a Deus como a nossa porção, o nosso dirigente,
o nosso tudo em tudo. A respeito dos
coríntios lemos que: "... Deram-se a si mesmos, primeiro ao Senhor"
(II Coríntios 8:5).
O desejo, e a determinação daqueles
que verdadeiramente se converteram é que: "Não viviam mais para si mesmos,
mas para Aquele que por eles morreu e ressuscitou" (II Coríntios 5:15).
Então as reivindicações de Deus passam a ser reconhecidas, e admitimos o Seu
legítimo domínio sobre nós mesmos, porque Ele é reconhecido como Deus. Os convertidos se entregam a
Deus como "ressurretos dentre os mortos", e os seus membros são
entregues como "instrumentos de justiça" (Romanos 6:13).
Essa é a exigência que o Senhor nos
impõe: Ser o nosso Deus, ser servido por nós como tal; e que nós sejamos e
façamos, de forma absoluta e sem reservas, tudo quanto Ele nos ordenar,
rendendo-nos totalmente a Ele (Lucas 14:26,27,33). A Deus cabe, porque é Deus, legislar, prescrever e determinar
tudo o que nos concerne; e a nós compete, como dever obrigatório, ‘porque somos criaturas’, sermos dirigidos, governados e
sermos livremente usados por Ele,
segundo o Seu beneplácito. Reconhecer
que Deus é o nosso Deus, equivale a dar-Lhe o trono dos nossos corações. É a
mesma coisa dita na linguagem de Isaías 26:13:
"Ó Senhor Deus nosso, outros senhores têm tido domínio sobre nós;
mas graças a Ti somente, é que
louvamos o Teu nome".
Também é declarar, juntamente com o
salmista, sem hipocrisia, mas com sinceridade: "Ó Deus, tu és o meu Deus
forte, eu te busco ansiosamente" (Salmos 63 :1). Ora, é na proporção em
que isso se torna nossa experiência real, que nos beneficiamos com as
Escrituras. É nelas, e somente nelas, que as reivindicações de Deus são
reveladas, e postas em vigor; na medida exata em que estivermos obtendo um
ponto de vista mais claro e mais completo sobre os direitos de Deus, em que nos
estivermos submetendo a eles, é que
estaremos sendo realmente abençoados.
2. Sente maior temor pela Majestade de Deus.
"Tema ao SENHOR toda
a terra, temam-no todos as habitantes do mundo" (Salmos 33:8). Deus está
tão acima de nós, que o simples pensamento de Sua Majestade nos deveria fazer
estremecer. O Seu Poder é tão Grande que a percepção dele deveria
aterrorizar-nos. E Ele é tão inefavelmente Santo, e Seu ódio ao pecado é tão
infinito, que o próprio pensamento de atos errados nos deveria encher de
horror. "Deus é sobremodo Tremendo na assembléia dos santos, e Temível
sobre todos o que o rodeiam". (Salmos 89:7).
"O
temor do SENHOR é o princípio da sabedoria, e o conhecimento do Santo é
prudência". (Provérbios 9:10). Ora, a "Sabedoria" consiste do
correto uso do "Conhecimento". Até ao ponto onde Deus é Verdadeiramente conhecido, até esse
ponto será devidamente temido. Acerca dos ímpios, porém, está escrito:
"Não há temor de Deus diante de seus olhos". (Romanos 3 :18).
Esses homens não têm qualquer
percepção acerca da Majestade de Deus, não tem nenhuma preocupação com a Sua
Autoridade, não tem qualquer respeito pelos Seus Mandamentos, não se alarmam
ante o fato de que Ele os julgará. No entanto, no tocante ao povo que entrou em
pacto com Deus, o Senhor prometeu: "Porei o meu temor no seu coração, para
que nunca se apartem de Mim". (Jeremias 32:40). Por essa razão, é que os
remidos tremem ante a Sua Palavra, (Isaías 66:5), e andam cautelosamente diante
dos Seus olhos. "O temor do SENHOR, consiste em aborrecer o mal".
(Provérbios 8:13). E novamente: "... Pelo temor do Senhor, os homens
evitam o mal" (Provérbios 16:6) O homem que vive no temor de Deus tem
consciência que: "Os olhos do SENHOR, estão em todo lugar, contemplando os
maus e os bons". (Provérbios 15:3). Por isso mesmo, vive
conscienciosamente tanto em sua conduta particular, como em sua conduta em
público.
O homem que evita cometer determinados
pecados, porque os olhos dos homens estão fixos sobre ele, mas, que não hesita
em cometê-los quando está sozinho, é destituído do temor de Deus. Por
semelhante modo, o indivíduo que modera a sua linguagem, quando há crentes ao
seu redor, mas que não age assim noutras ocasiões, não tem temor a Deus. Não
sente a consciência inspiradora de respeito, de que Deus o vê e ouve a todos os momentos.
A alma verdadeiramente regenerada teme desobedecer a Deus, e desafiá-Lo. E
nem mesmo deseja fazer tal. Não, porquanto seu real e mais profundo anelo,
consiste em agradar ao Senhor em
todas as coisas, em todas as oportunidades e em todos os lugares. Sua oração
intensa é: "Dispõe-me o coração,
para só temer o Teu nome" (Salmos 86:11). Ora, até mesmo aos santos, é
mister ensinar o temor de Deus,
segundo se vê em Salmo 34:11. E nesse aspecto, como em tudo o mais, é através
das Escrituras, que esse ensinamento nos é conferido (Provérbios 2 :5).
É por meio das Escrituras, que
aprendemos que os olhos do Senhor estão continuamente fixos sobre nós,
assinalando as nossas ações, e pesando os nossos motivos. Na medida em que o
Espírito Santo vai aplicando as Escrituras ao nosso coração, assim também vamos
obedecendo crescentemente, aquele mandamento que diz: ''... No temor do SENHOR,
perseverarás todo dia". (Provérbios 23:17).
Por conseguinte, na medida exata em
que formos tomados pelo senso de respeito da Tremenda Majestade Divina, nessa
medida também, teremos consciência de que: "Tu és Deus que vês"
(Gênesis 16:13), Pondo em ação a nossa salvação com: "Temor e tremor"
(Filipenses 2:12),
E assim, tiramos real proveito de
nossos estudos bíblicos, e da leitura das Escrituras.
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