“Continua a tua benignidade aos que te
conhecem, e a tua justiça aos retos de coração. Não venha sobre mim o pé da soberba, e não
me mova a mão dos ímpios. Ali caídos estão os que praticavam a iniqüidade;
estão derrubados, e não se podem levantar” (Salmo 36:10-12)
A
VIDA ESTRIBADA NA MISERICÓRDIA (introdução):
Prezado
leitor, já pudemos acompanhar de perto os primeiros nove versos deste Salmo.
Vimos em que situação o pecado deixou o homem (1-4), numa condição servil,
morta e indigna de qualquer confiança. Mas, a partir do verso 5 fomos
convocados a vislumbrar o que está ocorrendo no Reino de Deus. Vimos os 3
atributos que mostram a maneira que Deus opera neste mundo: Por misericórdia,
justiça e juízo, e que tal verdade foi revelada nas Escrituras. Na terceira
sessão vimos como a Misericórdia está em plena ação desde que o pecado entrou e
que homens e mulheres arrependidos são adentrados ao Reino de Deus pela obra
salvadora dessa Deus. Eis aí o evangelho verdadeiro! Eis aí o evangelho sem
mistura, puro e cristalino, que é diametralmente oposto ao evangelho anátema,
tão apregoado em nossos dias e tão solicitado por corações mundanos. O leitor
cauteloso pode bem ver que estou dando tanta ênfase, a fim de que corações
nobres possam discernir entre o que é de Deus e o que não é.
Minha
função agora é a de conduzir o leitor nos últimos 3 versos restantes desse tão
precioso salmo. O que temos perante nossos olhos mostra o triunfo da
misericórdia sobre o pecado, vemos o testemunho de uma pessoa que foi alcançada
pela obra salvadora do Senhor; mostra nesta parte a reação do salvo em face
daquilo que recebera de Deus; sua atitude em relação à ferocidade do inimigo;
sua persistência na fé ante a hostilidade do mundo e o poderoso efeito do juízo
de Deus contra a altivez e prepotência inimiga.
Primeiramente
percebemos que a salvação pela misericórdia foi bem compreendida: “Continua a tua benignidade aos que te
conhecem...”. Notemos que o salmista está em oração, falando com Deus em
atitude de louvor e adoração; ele está falando com Deus a respeito dessa
misericórdia. Impressionante! Noutras palavras, o salmista está em plena
humildade mostrando que necessita dessa mesma misericórdia para andar e
peregrinar neste mundo até sua chegada ao céu. Que compreensão exata do que
significa salvação! Essa alma foi liberta de todo trabalho enganoso e
ludibriador do pecado; de todo reino de trevas onde vivia sem saber em que
direção andava. Descobriu pela graça que não passava de um verme rastejante,
indigno e vil, porém abraçado pela doce compaixão do Senhor, dando-lhe perdão,
reconciliação e purificação. Ora, o que uma pessoa assim almeja para seu viver
doravante? Agora percebe que não pode andar sozinho por este mundo tão
perigoso; que agora satanás, o mundo e a carne lhe cercam como ferozes inimigos.
O homem salvo agora se apega ao seu Senhor em santa e humilde dependência e em
confissão pode dizer: “Continua a tua benignidade aos que te conhecem...”.
Amigo leitor, eis aí o
verdadeiro crente! A misericórdia toma o homem humilhado, caído, a fim de
erguê-lo à posição de verdadeiro homem; para levá-lo a andar com Deus em santa
submissão. A misericórdia infunde o temor do Senhor num coração arrependido. A
misericórdia ensina oração de confissão, oração que parte de um coração sincero
(Romanos 10:9); ensina a orar sem cessar (Mateus 26:41); a fugir do mal e
aprender na prática o que significa santidade (1Pedro 1:14,15). Notemos o que
ocorreu após a conversão de Saulo. Ananias foi ordenado pelo Espírito Santo a
encontrar com ele, e o que aquele novo homem estava fazendo? Estava orando!
(Atos 9:11). O homem que conhece a misericórdia salvadora jamais vai querer
continuar no pecado! É um novo coração! Nova criatura! Agora sabe o que
significa sob os cuidados e provisão do Sumo Pastor das ovelhas. Agora quer
crescer em santidade e lutar contra aquilo que na insensatez tanto amava!
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