segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Meditações de Spurgeon



“Não sabes tu que por fim haverá amargura?” (2 Samuel 2:26)

        SE tu, querido leitor, és simplesmente alguém que professa e não alguém que possui a fé que é em Cristo Jesus, as linhas seguintes apresentar-te-ão um bosquejo do teu fim. Tu és um dos que assistem a um lugar de culto. Vais ali porque vão outros, não porque o teu coração esteja em boa relação com Deus. Este é o teu princípio.
        Quero supor que ao longo dos próximos vinte ou trinta anos te permitirá continuar como até agora, professando a religião de forma superficial, mas não pondo nela o teu coração. Anda devagar, pois tenho de te fazer ver a agonia de alguém como tu. Olhemo-lo com piedade: Um suor úmido e frio cobre sua testa e ele acorda e clama: “Oh Deus! que penoso é morrer. Não farás vir o meu pastor?” “Sim, ele vem já.”
        Chega o pastor e o moribundo diz-lhe: “Pastor, temo que eu esteja morrendo!” O pastor responde-lhe: “Tens alguma esperança?” O moribundo responde: “Eu não posso dizer que a tenha. Temo estar diante do meu Deus. Oh! Ore por mim”. Eleva-se a oração por ele com sincero ardor, e apresenta-se-lhe pela décima milésima vez o caminho da salvação, mas antes que ele se possa prender-se à corda salvação, vejo-o afundar-se. Já posso pôr os meus dedos sobre as suas pálpebras frias, pois esses olhos já não verão mais nada aqui.
        Mas, onde está agora o homem e onde estão os seus verdadeiros olhos? Escrito está: “E, no Hades, ergueu os olhos, estando em tormentos.” Ai! Por que é que ele não ergueu os seus olhos antes? Porque ele estava tão acostumado a ouvir o Evangelho, que sua alma dormiu sob a sua pregação.
        Ai! Se tu chegares a erguer os teus olhos ali, quão amargos serão os teus lamentos. Deixa que as próprias palavras do Salvador te revelem o pesar: “Abraão, meu pai, tem misericórdia de mim e manda a Lázaro que molhe na água a ponta do seu dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama.” Há um terrível significado nestas palavras. Que tu nunca tenhas de soletrá-las à luz vermelha da ira de Deus!

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