quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

“A SANTIDADE DE DEUS”,




 por Cornelius Van Til

Ao discutir a santidade de Deus, novamente começamos no ponto de Sua auto suficiência. Moisés diz em Êxodo 18:11: “Agora sei que o SENHOR é maior que todos os deuses; porque na coisa em que se ensoberbeceram, os sobrepujou”. Em 1 Samuel 2:2, Ana louva a Deus quando ela diz: “Não há santo como é o SENHOR; porque não há outro fora de ti; e rocha nenhuma há como o nosso Deus”. Assim, a santidade de Deus reside na Sua incomparável auto existência. Deus não tem santidade, mas Ele é santidade. O profeta Amós salienta isso nessas palavras: “Jurou o Senhor JEOVÁ, pela sua santidade, que dias estão para vir sobre vós, em que vos levarão com anzóis e a vossos descendentes com anzóis de pesca” (Amós 4:2). O Senhor não poderia jurar pela Sua santidade se a Sua santidade não fosse idêntica a Si mesmo.
                                   Por santidade de Deus, portanto, queremos dizer a absoluta pureza interna de Deus. Deve ser naturalmente esperado que, quando esse atributo de Deus é expresso na revelação de Deus ao homem, ele requer a sua pureza completa. Essa pureza completa no homem consiste na dedicação completa da atividade moral do homem para a glória de Deus. Negativamente, isso necessariamente se expressará como separação do pecado.
                                   No Antigo Testamento essa expressão negativa da santidade de Deus é apresentada fortemente. Há toda uma maneira de dedicação a Deus de pessoas e coisas de um uso secular para um uso sagrado. A ideia é que, por causa do pecado, o todo da vida humana se tornou profanado. Não que isso fosse originalmente assim; totalmente o contrário. O “secular”, como tal, não é mal. Ele tornou-se mal por causa do pecado do homem. A teologia barthiana não sustenta a queda do homem na história e, consequentemente, não pode fazer justiça à distinção bíblica entre o sagrado e o secular. A visão de Barth realmente resume-se em dizer que há mal na matéria per se. É, portanto, impossível, segundo Barth, que deva existir quaisquer atos feitos pelo homem temporal que sejam verdadeiramente santos, mesmo no princípio. Não pode realmente existir nada sagrado como distinto de atos não sagrados dele.
  A posição de Barth não é radicalmente diferente da do modernismo. Ela não tem lugar para o que é verdadeiramente santo neste mundo, porque ela não crê numa criação original perfeita, nem numa queda histórica. E nem ela crê num Deus santo auto suficiente por detrás do mundo. Se cresse, também teria que crer numa criação temporal e na queda do homem na história.

No Novo Testamento, a expressão positiva da santidade de Deus é mais forte do que negativa. Deus quer que Seu povo, deliberadamente, pelo dom de Sua graça, dedique-se a Ele. É o Espírito Santo que cria no homem uma verdadeira santidade a Deus. Certamente, o aspecto negativo não desapareceu. Ele se mostra na punição dos ímpios, daqueles que rejeitam o Santo. O castigo eterno para o ímpio é o resultado natural da santidade de Deus.

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