“Vim do
pai e entrei no mundo, todavia, deixo o mundo e vou para o Pai” (João 16:28).
SUA
HUMILHAÇÃO: “...e entrei no mundo...”
A humilhação
do Senhor está infinitamente acima de qualquer compreensão dos homens e não há
ninguém que consiga explicar essa declaração do Senhor: “...entrei no mundo...”.
Não esqueçamos que noutras vezes ele entrou no mundo, mas não como homem. Ele
entrou como anjo, tomou a aparência humana, a fim de conversar com determinados
homens como Abraão, Josué, Gideão e outros. Mas aqui em João ele refere-se ao
fato que ele entrou no mundo como Homem, e é assim que nós devemos buscar essa
compreensão, a fim de que possamos nos humilhar.
Ele entrou
para que pudesse compreender o que significa ser homem em sua completa miséria,
penúria e condenação. É dito que em tudo (exceto no que tange ao pecado) ele se
tornou semelhante a nós. Cristo não foi uma espécie de homem diferente. Ele
realmente tomou todo caminho normal, a fim de ter acesso à nossa humanidade.
Ele nasceu de uma mulher, e esse nascimento não o fez diferente de qualquer
homem. Seu nascimento virginal o livrou do envolvimento com a queda em Adão. Então,
sua entrada neste mundo mostra ser ele um novo Adão, carregando consigo um
corpo mortal, mas com natureza pura e santa de um homem. Num corpo mortal nosso
Senhor sentia sim todo impacto do poder do pecado e da morte, conforme todos os
homens sentiam. Nosso Senhor recebeu esse corpo assim, a fim de que nele toda
miséria física, psicológica e eterna fosse experimentada. Naquele corpo mortal
não estava um pecador, mas estavam ali todos os efeitos mortíferos do pecado,
todas as enfermidades, toda tristeza, solidão, desespero, angústia e miséria
sua alma pode enfrentar. Então, nosso Senhor, nessa miséria humana podia sentir
fome, canseira, sede, dores; ele podia chorar, clamar, orar, ver a miséria da
multidão, compadecer-se de todos e sentir desgostos ante a maldade dos homens.
Ele pode sentir perfeitamente o que significa ser o homem no pecado. Nós aqui
jamais experimentamos essa angústia, porque no engano do pecado sempre estamos
reclamando, queixando, lamentando e ignorando nossa culpa.
Além disso,
nosso Senhor, o Pai da eternidade, com toda glória de ser eterno, que nunca teve
princípios de dias nem fim, assim como nós, esse Senhor entrou na nossa
condição a fim de conhecer o que significa as limitações do tempo. Nós entramos
neste mundo para morrer; entramos aqui sem saber quantos dias durará nossa
existência terrena. Mas nosso Senhor foi diferente, porque o pecado não o
atingiu como ocorreu conosco. Ele assumiu nosso corpo mortal, a fim de tomar
sobre si nossa miséria. Mas nosso Senhor era um homem essencialmente imortal.
Ele mesmo afirmou que ninguém podia tirar sua vida; foi ele quem
voluntariamente a ofereceu. Nosso Senhor enfrentou a morte para destruí-la, a
fim de quebrar seu poder e aniquilar os objetivos do inferno em relação ao povo
eleito. Nossa morte física só prova o quanto nós somos frágeis como caco de
barro, o quanto nada podemos fazer ante a investida dessa inimiga. Mas não foi
assim no tocante ao Senhor, porque a sua humilhação tinha por meta destruir
todo poder do inimigo e conquistar o triunfo eterno para seu povo escolhido.
Que
humilhação do Senhor! Que impacto desse amor! Que invasão da luz celestial
contra as trevas! O mundo, o diabo, a morte, todos os inimigos olharam a
aparência e julgaram que pisariam para sempre o Deus-Homem, mas desconheciam os
verdadeiros atos da graça de Deus. Mesmo diante dos homens, sua fraqueza não o
tornou medíocre. Ele atacou o pecado, ele mostrou sua santidade e justiça em
tudo; ele procurou tirar do caminho todo aparato de malícia e maldade dos
homens e toda cilada do diabo, a fim de que a justiça de Deus fosse implantada;
para que a tão grande salvação dos pecadores fosse vista em sua plenitude.
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