Spurgeon
“O infiel de
coração dos seus próprios caminhos se farta, como do seu próprio proceder, o
homem de bem” (Provérbios 14:14).
Leiamos agora a história desta pessoa: “O
infiel de coração dos seus próprios caminhos se farta”. Disto fica claro que
ele está recaindo para caminhos próprios. Quando estava na condição correta ele
seguia os caminhos do Senhor, alegrava-se na lei do Senhor e lhe dava o que o
coração desejava. Agora ele tem caminhos próprios, que prefere aos do Senhor.
Qual é o resultado desta perversidade? Será ele vai prosperar? Não; não vai
demorar até que ele fique farto dos seus próprios caminhos. Vejamos o que isto
significa.
A primeira maneira de fartar-se dos
seus próprios caminhos é ficar absorvido por interesses carnais. A pessoa não
tem mais muito tempo para assuntos religiosos; tem outras coisas para fazer. Se
você lhe fala das coisas profundas de Deus, ele se cansa de você e não quer
mais ouvir nem dos cuidados diários com as coisas de Deus, no máximo ele vai ao
culto. Ele precisa cuidar dos seus negócios, ou participar de um jantar, ou
receberá visita de alguns amigos. Em qualquer caso, sua resposta a você será: “Peço
que me tenhas por escusado”. Acontece que esta preocupação com ninharias é
sempre enganosa, quando o coração está cheio de palha, não sobra espaço para o
trigo; quando toda a mente está ocupada com frivolidades, as questões de peso
para a eternidade são podem entrar. Muitos cristãos professos passam tempo
demais com entretenimentos que eles chamam de higiene mental, mas que, temo eu,
deixa sua mente mais suja do que limpa. Os prazeres, cuidados, interesses e
ambições do mundo incham no coração depois que entram, até preenchê-lo
completamente. Como o chupim no ninho do pardal, o mundanismo cresce e cresce e
se empenha por expulsar o verdadeiro dono do coração. Se sua alma está cheia de
qualquer coisa e não com Cristo, você está em má situação.
Os infiéis avançam mais um passo a
orgulhar-se com sua condição e gloriar-se em sua vergonha. Não que estejam
realmente satisfeitos no coração, pelo contrário, eles suspeitam que as coisas
não são bem como deveriam ser e, por isso, assumem uma postura ousada e tentam
iludir a si mesmos e aos outros. É bastante perigoso chamar sua atenção para
suas falhas, porque não aceitarão sua repreensão, antes se defenderão e poderão
até levar a guerra para o seu lado: “Você é puritano, mente fechada, legalista,
e sua conduta e estilo de vida fazem mais mal do que bem”. Eles dizem que
jamais educarão seus filhos como você. Eles enchem a boca porque seus corações
estão vazios, e eles se defendem em voz alta porque sua consciência está
fazendo um grande agito dentro deles. Chamam de prazer pecaminoso quando se
afrouxa um pouco as rédeas, chamam a ganância de prudência, a cobiça de
economia, a desonestidade de esperteza. É assustador pensar que pessoas que
deveriam saber como as coisas são, precisam se defender. Geralmente o defensor
mais ardoroso de uma prática pecaminosa é o que tem mais problemas de
consciência com ela. Ele sabe que não está vivendo como deveria, mas não está
disposto a reconhecê-lo, de jeito nenhum se puder evitá-lo. Ele está farto com
seus caminhos, ostentando contentamento.
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