Spurgeon
“A
piedade para tudo é proveitosa, porque tem a promessa da vida que agora é e da
que há de ser” (1 Timóteo 4:8).
Uma espécie de relação emocional impede
que alguns cristãos tratem a religião como se sua esfera abrangesse as coisas
comuns da vida diária. Para eles, é transcendental e vaga; uma criação de
ficção devocional em vez de um fato real. Acreditam em Deus superficialmente,
para as coisas espirituais e da vida porvir, mas se esquecem totalmente que a
consagração verdadeira a Deus tem a promessa da vida agora, assim como da que
há de ser. Para estes seria quase uma profanação orar por questões pequenas que
envolvem o cotidiano. Talvez tomassem um susto se eu me aventurasse a afirmar
que sua atitude deveria fazê-los questionar a realidade de sua fé. Será que uma
fé incapaz de ajudá-los nos pequenos problemas da vida, poderá lhes ser útil na
provação maior da morte? Se ela não lhes serve para a comida e o vestuário, o
que pode fazer por seu espírito imortal?
Na vida de Abraão vemos que todos os
acontecimentos de sua peregrinação na terra tinham relação com sua fé: ela
estava relacionada com suas mudanças de um país para outro, com separação de
seu sobrinho Ló, com as batalhas contra invasores e especialmente com o
nascimento de seu filho prometido. Nenhuma área da vida desse patriarca estava
fora do círculo da sua fé em Deus. No fim de sua vida, a Bíblia diz que “o
Senhor em tudo o havia abençoado” (Gênesis 24:1), que inclui coisas temporais,
tanto quanto espirituais.
No caso de Jacó, o Senhor proveu-lhe
pão para comer, roupa para que vestisse e o retorno em paz para a casa de seu
pai (Gênesis 28:20) e tudo isso era de caráter temporal e terreno. Seguramente
estes primeiros crentes não se privaram das bênçãos da aliança para o presente
ou consideraram o crer em Deus algo místico ou vago. Ficamos impressionados com
a ausência de qualquer distinção entre o secular e o sagrado em suas vidas;
eles viajaram como peregrinos, lutaram como numa Cruzada, comeram e beberam
como homens santos, viveram como sacerdotes e falaram como profetas. A vida era
a religião deles e a religião era a vida deles. Confiavam em Deus não meramente
para certas coisas de maior importância, mas para tudo e, por conseguinte, até
um servo deles que foi enviado numa viagem, orou: “Ó Senhor, Deus de meu
senhor, leva a bom termo a jornada em que sigo” (Gênesis 24:42). Era uma fé
genuína e devemos nos apoderar dela, imitando-a e não mais permitindo que a
substância da promessa e a vida de fé se evaporem em meras fantasias
sentimentais e visionárias. Se confiar em Deus é bom em toda ocasião, também o
é para tudo o que é abrangido pela promessa, o que certamente inclui a vida de
agora.
Que você, leitor, observe e faça uso
prático de palavras de Deus como: “Servireis ao Senhor, vosso Deus, e ele
abençoará o vosso pão e a vossa água; e tirará do vosso meio as enfermidades”
(Êxodo 23:25). “Confia no Senhor e faze o bem; habita na terra e alimenta-te da
verdade” (Salmo 37:3). “Pois Ele te livrará do laço do passarinheiro e da peste
perniciosa. Cobrir-te-á com as suas penas e, sob as suas asas, estarás seguro;
a sua verdade é pavês e escudo. Não te assustarás do terror noturno, nem da
seta que voa de dia, nem da peste que se propaga nas trevas, nem da mortandade
que assola ao meio-dia. Caiam mil ao teu lado, e dez mil, à tua direita; tu não
serás atingido” (Salmo 91:3-7).
(continua)
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