SPURGEON
“Se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino
de Deus” (João 3:3)
(continuação)
“Bem”,
diz outro, “tomarei cuidado de ser regenerado antes de morrer”. Moço, repito
que você é um tolo falando assim; como você sabe se vai continuar vivendo? Você
fez um contrato de aluguel por sua vida como o fez com sua casa? Você pode
garantir o sopro em suas narinas? Você pode dizer com certeza que seus olhos
verão a luz amanhã? Você pode saber se seu coração já não está tocando a marcha
fúnebre em direção ao túmulo, e você morrerá onde está parado ou sentado agora?
Ó homem! Se seus ossos fossem de ferro, seus tendões de bronze e seus pulmões
de aço, então você poderia dizer: “Viverei”. Mas você é feito de pó; você é
como a flor no campo; você pode morrer a qualquer momento. Olhe! Estou vendo a
morte parada ali, afinando a fosse com sua pedra. Ela vai brandir a foice para
alguns de vocês hoje – ela ceifa os campos, e vocês caem um a um. Vocês não
devem e não podem viver. Deus nos leva como uma enchente, como um navio num
redemoinho, como um galho na correnteza arremessando-se para a cachoeira. Não
há como parar nenhum de nós. Todos estamos morrendo! E você ainda diz que quer
ser regenerado antes de morrer! Meus senhores, vocês estão regenerados agora?
Porque se não, esperar para amanhã pode ser muito tarde. Amanhã vocês podem
estar no inferno, com o destino gravado em diamante para sempre.
“Veja”,
exclama outro, “não me importo muito com isso/ não faço caso de ser excluído do
paraíso”. Meu senhor, você fala do que não entende. Você sorri agora, mas
chegará o dia em que a sua consciência será mais sensível, sua memória estará
viva, seu julgamento será às claras e você pensará muito diferente do que
agora. Os pecadores no inferno não são tolos como os da terra; no inferno não
riem do fogo eterno; no abismo não desprezam as palavras “fogo eterno”. O verme
que nunca morre devora todas as piadas e risadas. Você pode estar desprezando a
Deus e a mim pelo que estou dizendo agora, mas a morte mudará seu tom de voz.
Queridos
ouvinte, se fosse só isso, eu o suportaria. Vocês podem desprezar a mim; mas eu
imploro, não desprezem vocês mesmos! Não sejam idiotas para irem assobiando
para o inferno, rindo para o abismo; quando chegarem lá, vocês verão que é bem diferente
do que sonham agora. Quando virem as portas do paraíso fechadas para vocês,
vocês descobrirão que isto é mais importante do que julgam agora. Vocês vieram
hoje ouvir-me pregar, como vão à ópera o u ao teatro; acharam que eu deveria
entretê-los. Longe de mim essa intenção. Deus é minha testemunha que vim sole e
seriamente para lavar minhas mãos do sangue de vocês. Se algum de vocês for
condenado, não será por falta de aviso.
Meus
amigos, eu não posso falar como gostaria. Esta manhã acho que me sinto como
Dante quando escreveu seu inferno. As pessoas diziam que ele estivera no
inferno; pelo menos ele tinha a aparência de quem esteve. Ele pensou tanto
nisso e falou com seriedade e terror tal que disseram: “Ele esteve no inferno”.
Oh, se eu pudesse, também falaria como ele. São só mais alguns dias, e eu verei
face a face. Posso olhar além do espaço de alguns anos até você e eu estarmos
perante o tribunal de Deus: “Vigia, vigia”, diz uma voz, “você os advertiu?
Você os advertiu?” Algum de vocês dirá que não? Não, mesmo os mais
despreocupados dirão naquele dia: “Nós rimos, nós zombamos, nós não nos
importamos; ó Senhor, somos obrigados a falar a verdade: o homem falava sério,
falou-nos de nossa condenação, ele está limpo”. É isto que vocês dirão? Eu sei
que sim.
(final)
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