Verso 16. Na obra das suas
mãos foi enredado o mau. A paga que o pecador procura com o seu pecado é
vida, prazer e vantagens; mas a paga que lhe resulta do mesmo é tortura, morte
e destruição. Aquele que queira entender a falsidade e o engano do pecado deve
comparar as promessas e a paga também. Robert South, D.D., 1633-1716.
Não
só lemos na Palavra de Deus, mas também toda a história e toda a experiência
dão perseverança da mesma justiça reta de Deus ao enredar o malvado na obra das
suas próprias mãos. Quiçá o exemplo mais notável que temos, ao lado do de Amam
na sua própria forca, é o que se relaciona com os horrores da Revolução
Francesa, no qual se nos diz que «ao cabo de nove meses da morte da rainha
Maria Antonieta na guilhotina, cada um dos implicados no seu trágico fim -
acusadores, juízes, o jurado, os fiscais, as testemunhas, todos aqueles cujo
destino é conhecido, sem exceção alguma -, pereceram no mesmo instrumento que a
sua vítima inocente». «Na rede que preparam para ela ficaram presos os seus
próprios pés, na cova que cavaram para ela caíram eles mesmos.» Barton
Bouchier, 1855.
Vers. 17. Os ímpios serão
lançados no inferno. Os ímpios ao morrer têm de sofrer o furor e a indignação de Deus. Tenho
lido de uma pedra ímã que se acha na Etiópia que tem dois lados, um deles atrai
o ferro a si, enquanto que o outro o afasta; do mesmo modo, Deus tem duas mãos,
a de misericórdia e a de justiça; com uma atrai os piedosos ao Céu, com a outra
vai lançar o pecador no Inferno; e, oh, que lugar tão terrível é este! É
chamado o lago ardente (Apocalipse 20:15); um lago, para denotar os abundantes
tormentos do Inferno; um lago ardente, para mostrar o ardor deles: fogo
infernal é o elemento mais atormentador. Thomas Watson.
E todas as nações que se esquecem
de Deus. Há nações inteiras que o fazem;
os que se esquecem de Deus são mais numerosos do que os profanos ou os
libertinos, e, segundo a mesma expressão gráfica do hebraico, o lugar mais
fundo do Inferno será aquele no qual serão atirados todos de cabeça. O
esquecer-se parece um pecado pequeno, mas conduz à ira eterna sobre o homem que
vive e morre nele. C. H. S.
O recordar a Deus é o manancial
da virtude; o esquecê-Lo, a fonte do vício. George Horne, D.D.
Verso 18. A esperança do pobre
não perecerá para sempre. Um pagão poderia dizer quando um pássaro,
aterrorizado por um milhano, se esconde no seu peito: «Não vou atraiçoar-te ao
teu inimigo, visto que buscaste asilo em mim.» Quanto menos poderia Deus
entregar uma alma ao Seu inimigo que se refugiou no Seu nome, dizendo: «Senhor,
não tenho confiança em mim mesmo nem em ninguém mais; nas Tuas mãos entrego a
minha causa, e confio em Ti.» Esta dependência de uma alma indubitavelmente vai
despertar o poder Todo-Poderoso de Deus para a defesa dela. Ele tem jurado com
o maior juramento que pode sair dos Seus lábios, isto é, por Si mesmo, que
aqueles que procuram refúgio Nele receberão grande consolação (Hebreus 6:17). William
Gurnall.
Verso 19. Levanta-te, SENHOR;
não prevaleça o homem; sejam julgados os gentios diante da tua face. O que significa isto? Temos de
considerar que o Salmista está orando para a destruição de seus inimigos,
pronunciando uma maldição sobre eles? Não; estas não são as palavras de alguém
que deseja que ocorra algo mau aos seus inimigos; são as palavras de um
profeta, de alguém que está predizendo, em linguagem escritural, o mal que lhes
vai acontecer por causa de seus pecados. Agostinho de Hipona.
Vers. 20. Aprendam as nações
que não são senão homens. Alguém poderia imaginar que os homens não podem
chegar a ser tão vãos que neguem que são realmente homens, mas parece que esta
é uma lição que o divino Mestre pode ensinar a alguns espíritos orgulhosos. O
que leva uma coroa não deixa de ser homem; os eminentes títulos universitários
não fazem com que aqueles que os possuam sejam outra coisa “senão homens”; a
valentia e as conquistas não elevam para cima do simples nível de “senão
homens”; e toda a riqueza de Creso, a sabedoria de Salomão, o poder de
Alexandre, a eloquência de Demóstenes, se os juntarmos todos, não vai o seu
possuidor deixar de ser, depois de tudo, senão homem.
Recordemos
sempre isto, para que não seja necessário que, como os que o versículo
menciona, se tenha de infundir-nos temor. C. H. S.
Tradução
de Carlos Antônio da Rocha
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