quarta-feira, 26 de junho de 2013

SALMO 10 (final) Spurgeon





Não há Deus em nenhum dos seus pensamentos. Entre os montões de palha não havia nem um grão de trigo. O único lugar onde não há Deus é nos pensamentos do malvado. Esta é uma acusação devastadora; porque ali onde não há o Deus do Céu, está reinando avassalador o senhor do Inferno; e se Deus não está nos nossos pensamentos, os nossos pensamentos levam-nos à perdição. C. H. S.
         Alguns leem: «Não há Deus em nenhum dos seus propósitos ardilosos e presunçosos»; outros: «Em nenhum dos seus pensamentos há Deus.Thomas Goodwin.
         Preocupamo-nos com as minúcias, porém, Deus não se acha absolutamente nos nossos pensamentos; raramente é o único objeto deles. Dedicamos os nossos pensamentos duradouros às coisas transitivas, e os pensamentos fugazes, ao bem perdurável e eterno. Stephen Charnock
Verso. 5. Os teus juízos os estão muito longe da sua vista. Este homem olha para cima, mas não o bastante. Tendo-se olvidado de Deus, também tem olvidado os Seus julgamentos. Não é capaz de compreender as coisas de Deus; antes pelo contrário, podemos esperar que um porco olhe por um telescópio para as estrelas, antes que este homem estude a Palavra de Deus para entender a justiça do Senhor. C. H. S.
Verso 6. Diz em seu coração: Não serei abalado, porque nunca me verei na adversidade. Oh impertinência sem sentido! O homem crê-se imutável e onipotente, também, porque nunca se há de ver na adversidade. C. H. S.
         A segurança carnal abre as portas para que todas as irreverências entrem na alma. Pompeu, quando tendo assaltado em vão uma cidade e não a podendo tomar pela força, engendrou um estratagema, fingindo a proposição de um pacto, disse-lhes que abandonaria o sítio e faria a paz com eles com a condição de que deixassem entrar na cidade uns poucos soldados débeis, doentes e feridos para que os curassem. Eles deixaram entrar os soldados, e quando a cidade estava segura, os soldados deixaram entrar o exército de Pompeu. Uma segurança carnal estabelecida vai permitir a entrada de todo o exército dos desejos carnais na alma. Thomas Brooks
         Vers. 7. A sua boca está cheia de imprecações, de enganos e de astúcia. Aqui não há pouco engano, senão que a sua boca está cheia dele. Uma serpente de três cabeças tinha escondido as suas presas e o seu veneno dentro do âmbito da sua boca negra. C. H. S.
         Vers. 8. Põe-se de emboscada nas aldeias; nos lugares ocultos mata o inocente. Os seus olhos estão espreitando o desvalido. Apesar das jactâncias deste homem vil e miserável, parece que é tão covarde como cruel. Os seus atos são os do salteador de caminhos que se lança sobre o caminhante que jamais suspeita de nada em qualquer lugar desolado do caminho. C. H. S.
         O bandido árabe espreita como um lobo entre os montões de areia, e às vezes salta subitamente sobre o caminhante solitário, rouba-o num instante, e logo desaparece entre as dunas, os altos e os baixos, onde é impossível persegui-lo. W. M. Thompson, D.D., in "The Land and the Book," 1859.
         A extirpação da verdadeira religião é o grande objecto dos inimigos da verdade e da justiça; e não há nada que os detenha na sua pesquisa por conseguir este objectivo. John Morison
         Verso 9 Arma ciladas no esconderijo, como o leão no seu covil; arma ciladas para roubar o pobre; rouba-o, prendendo-o na sua rede. A opressão faz dos príncipes, leões rugientes, e dos juízes, lobos rapaces. É um pecado ignóbil, contra a luz da natureza. Nenhuma criatura oprime os da sua própria espécie. Vê as aves de rapina, como as águias, os abutres, os milhanos, e verás que jamais atacam os da sua própria espécie. Vê as bestas da selva, como o leão, o tigre, o lobo e o urso, e acharás que são favoráveis aos de sua própria espécie; não obstante, o homem, contra o que é natural, faz presa de outros homens, como os peixes do mar, que tragam os que são menores em tamanho. Thomas Brooks.
         Verso 10. Encolhe-se, abaixa-se, para que os pobres caiam nas suas fortes garras. Verás a Sua Santidade, o Papa, com os peregrinos aos seus pés, se este estratagema for necessário para enganar a mente das multidões; ou vê-lo-ás sentado num trono de púrpura, se quiser assombrar e atemorizar os reis da Terra. John Morison
         Verso 11. “Diz em seu coração: Deus esqueceu-Se, cobriu o Seu rosto, e nunca isto verá.” Como no caso anterior, o mesmo acontece aqui; uma testemunha vai aparecer e testificar que esteve escutando pelo buraco da fechadura do coração. Este homem cruel consola-se a si mesmo com a ideia de que Deus é cego, ou pelo menos esquecido: uma fantasia enganosa, realmente. C. H. S.
         Os velhos pecados esquecidos pelos homens ficam recordados de modo permanente por um Entendimento Infinito. O tempo não pode apagar aquilo que Ele tem vindo conhecendo desde a eternidade. Por que teriam de ser apagados muitos anos depois de terem sido realizados, se já eram conhecidos previamente antes de serem cometidos, ou antes que o criminoso pudesse praticá-los? Seria dizer o mesmo como se Deus não conhecesse de antemão o que ocorrerá até ao fim do mundo, ou, como se Ele fosse esquecer-Se de algo que foi efetuado no começo do mesmo. Stephen Charnock
O homem abstém-se de se arrepender porque Deus Se abstém de castigar. A abelha dá mel de modo natural, mas pica quando se zanga. Thomas Watson.
         Como a justiça parece estar dormitando, o homem supõe que é cega; pelo fato de demorar o castigo, imagina que se nega a castigá-lo; porque nem sempre lhes reprova os pecados, supõem que os aprova. Porém, antes pelo contrário, saibam estes que a flecha silenciosa pode destruir até mesmo o canhão rugente. Ainda que a paciência de Deus seja duradoura, não é permanente. William Secker.
         Verso 13. Por que despreza o ímpio a Deus? Nestes versículos condensa-se a descrição dos ímpios, e a impiedade do seu caráter é desenhado segundo a sua fonte, ou seja, as suas ideias ateias a respeito do governo do mundo.
         No seu coração hão dito: Tu não o inquirirás. Se não houvesse Inferno para outros, teria que havê-lo para os que negam a justiça do mesmo. C. H. S.
         Como! Crês que Deus não recorda os pecados a que nós não damos atenção? Porque, quando pecamos, continua apontando-os na conta, e o Juiz anota tudo no índice das lembranças, e o Seu pergaminho alcança o Céu. Henry Smith
         Verso 14. Tu o viste, porque atentas para o trabalho e enfado, para o retribuir com tuas mãos. A maldade ousada vai receber o seu castigo em deplorável castigo, e os que albergam desdém, herdarão aflição. C. H. S.
         Verso 16 O SENHOR é Rei eterno; da Sua terra perecerão os gentios. Esta confiança e fé hão de aparecer ao mundo como estranhas e inexplicáveis. Se a história é verdadeira, é como o que os seus concidadãos devem ter pensado do homem do qual se disse que a potência da sua visão era tão extraordinária que podia distinguir bem a frota dos cartagineses entrando no porto de Cartago quando ele se achava em Lilyboeum, na Sicília. Um homem que visse a tal distância através do mar, podia deleitar-se na visão do que os demais não podiam ver!
         Da mesma maneira, também a fé se acha agora no seu Lilyboeum, e vê a frota desfraldada entrando com toda a segurança no porto desejado, gozando a bênção que está ainda distante, como se já tivesse chegado. Andrew A. Bonar.
         Verso 17. O desejo dos humildes escutas, oh Jeová; Tu confortas o seu coração, e tens atento o Teu ouvido. Há uma classe de onipotência na oração que é o prevalecer na onipotência de Deus. Soltou cadeias de ferro (Atos16:25, 26); abriu portas de ferro (Atos 12:5-10); abriu as janelas do céu (1Reis 18:41); esmiuçou os grilhões da morte (João11:40-43).
         Satanás tem três títulos nas Escrituras, que mostram a sua malignidade contra a igreja de Deus: dragão, para denotar a sua malícia; serpente, para denotar a sua astúcia; leão, para denotar a sua força. Mas à oração nenhum destes pode resistir e fazer frente. A máxima malícia de Hamã afunda-se ante a oração de Ester; o conselho ardiloso de Aitofel murcha ante a oração de Davi; o grande exército dos etíopes foge como um enxame de covardes ante a oração de Asa. Edward Reynolds, 1599-1676.
Tradução de Carlos Antônio da Rocha

Nenhum comentário: